•Capítulo 29•

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"Viciante"

London

Escuto o barulho de uma porta batendo. Em seguida, o som de rodas derrapando. Levanto num pulo do sofá, e corro em direção à minha porta. Puxo a maçaneta para trás, e uma Lexie incrivelmente charmosa ocupa toda minha visão.

— Na espreita novamente, senhor London? - provoca ela, já sentindo minha presença.

Esfrego meus cabelos, e desço para varanda. Apoio meus cotovelos contra o cercado, e descanso meu corpo contra a madeira. O clima está morno aqui fora, mas há uma brisa macia que goteja através das árvores.
Lexie fecha seu portão, e começa a seguir em direção da sua casa, mas antes, ela para na região onde fica o limite entre sua propriedade e a minha.

Eu pisco para ela, e depois abano minha cabeça.
— Você sabe... É meio inevitável.
Parece bobo, mas é verdade.
Eu já não sei como passar meus dias sem ao menos vê-la em algum momento dele.

— Eu sei, - seu rosto se ilumina. — Já me disseram que eu posso ser muito viciante.

Jogo minha cabeça pra trás, e solto uma risada. Gosto quando ela age assim comigo. Toda convencida.
— O que você vai fazer agora? - não era bem isso que eu queria perguntar pra ela. Mas já que escapou, vamos ver o que acontece.

— Eu... Bem, - ela desvia os olhos para os lados. E meus olhos aproveitam para observar o movimento vai e vem das ondas dos seu cabelo ensolarado fluindo em torno dos seus ombros. — Não sei. - diz ela, e seus ombros murcham.
Não estávamos perto um do outro, mas mesmo daqui de longe eu conseguia ver que seu rosto estava apertado de frustração.

— Ok, isso não é uma resposta satisfatória. Mas desde que você não sabe o que vai fazer. – esfrego meu queixo, e lanço uma proposta. — Que tal incluir alguém que também não sabe o que fazer, e a gente vê no que dá?

Ela umedece os lábios, e eu fico momentaneamente vidrado. Já falei que adoro quando ela faz isso?
— Oh, me lembrei... – diz ela, pousando a mão na cabeça. — Na verdade eu tinha mandado uma mensagem pra minha irmã vir jantar.

Meu coração perde algumas batidas.
— Ah sério? - não consigo esconder o tom decepcionado em minha voz. Mas expiro fundo, e me obrigo a fingir descaso. — Beleza. Podemos deixar pra outra hora.

Lexie passa o peso do corpo de uma perna pra outra.
— Tenho uma ideia.

Pigarreio antes de falar.
— Mal posso esperar para ouvi-la.

Seus lábios me deram um sorriso largo, e então suas palavras vieram:
— Janta com a gente.

Imediatamente um sorriso bobo escapa. Eu sou patético. Eu sei, e posso assumir isso.
Olho para ela, meus olhos estudando sua beleza jovial, e respondo sem qualquer dúvida.
— Fechado.

Eu não perderia isso por nada.

§

Meia hora depois eu estou na frente da casa de Lexie, expirando fundo pela décima vez antes de bater em sua porta. Era só um jantar. Não um grande negócio. Mas desde o momento em que ela me convidou até agora, eu não consegui deixar de sentir meu estômago se revirando. Muito menos fazer com que minhas mãos parassem de soar tanto.
Inferno.
Lexie é só uma amiga.
Porque eu tenho que me sentir assim toda vez que eu a vejo?
Expiro fundo mais uma vez, e ergo minha mão fechada em um punho para bater na porta. Dou dois toques. E escuto alguns passos. Aperto meus lábios, e começo a pensar em coisas que possam me deixar distraído, e menos tenso. Mas então a porta se abre em um floreio, e meu pulso enfraquece imediatamente.

— Você veio... - Seu tom de voz é animado. Mas ela me olha com um certo receio.
É difícil de entender.

— Oh, desculpa. - ela agita os braços na frente da porta, e amplia espaço. — Entre, e fique a vontade.

Passo por ela, e o aroma doce da sua pele me invade com força. Expiro fundo com dificuldade.
— Sua irmã ainda não chegou? - pergunto, enquanto meus olhos correm pela sua sala. A mesma que eu estive um tempo atrás para concertar toda aquela bagunça de falta de luz.
Logo à frente, está seu par de sofás de couro marrom, um ao lado do outro, no centro da sala há uma mesa de carvalho sobre um tapete de veludo castanho.

— Está a caminho. - avisa ela, sua voz melódica e macia sempre derrete meus ouvidos.

Viro para ela, e nesse momento meus olhos cintilam por todo seu corpo antes de se concentram em seus olhos.
Ela está perfeita.
Um longo vestido preto esconde toda sua pele. Mas deixa todas suas curvas visíveis.
E maiores.

Ela ergue os ombros.
— Você quer algo para beber? Quer assistir alguma coisa na TV?

— Sim para primeira pergunta, e não para segunda. - enfio minhas mãos no bolso da minha calça.
Eu não quis me arrumar tanto para hoje. Até porque era só um jantar na casa ao lado. Mas também eu não iria fazer feio na frente de duas garotas.
Três se contarmos com Star.
Coloquei uma calça que tem um tom de jeans desgastado, coloquei uma camiseta branca sem detalhes e de manga curta, e para finalizar calcei meu único par de sapatênis em bom estado. Pelo menos têm alguma coisa estreando em mim nessa noite.

— Ok. Então eu vou lá pegar uma cerveja pra você, e - ela aperta os lábios quando não sabe mais o que dizer. Só que a campainha toca bem na hora, e Lexie me lança um olhar seguido de um sorriso presunçoso.

— Atende para mim? Deve ser minha irmã.

Com isso ela sai da sala, e vai pra cozinha.
Porra.

Vou até a porta, e a abro com um rápido movimento. May surge na minha frente, e ela fica genuinamente surpresa quando me vê.
— London? Você por aqui. Será que não bati na casa errada?

Dou um passo pra trás, e abro espaço para que ela possa entrar. May está sozinha, quer dizer, há um alguém dentro da sua barriga, mas eu estava me referindo ao pai da sua filha.

— Sua irmã está na cozinha. - aviso, quando ela começa a andar pela sala, movendo a cabeça para todos os lados.

— Não sabia que ela tinha te contratado para ser porteiro da casa dela.

Olho pra ela a tempo de pegar uma expressão brincalhona vibrando em seu rosto.
Fecho a porta, e pressiono meus olhos.
Porque mesmo eu aceitei vir para esse jantar?

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