•Capítulo 19•

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"Sorriso"

London

Quando volto para casa não consigo tirar o sorriso do meu rosto. Eu não sabia que Lexie era tão fácil de brincar, mas quanto mais tempo eu ficava entorno dela, mais eu sentia vontade de provocá-la.
Ela é demais.
Confesso que precisei aguentar muito quando fiquei perto dela. Principalmente quando soprei seu pescoço, eu sei, pareceu idiota, mas eu tive que fazê-lo.
É sexy quando seu corpo se arrepia.
Continuo pensando e me lembrando sobre tudo que aconteceu essa noite, até mesmo quando visto meu pijama, e deito na cama. Eu nunca estive tão ansioso pelo amanhã, como eu estava agora.
Então eu apenas fechei meus olhos, e deixei que a escuridão me tomasse.

                           §

Engraçado.
Parece que quando você está em casa, o tempo passa mais rápido. Mas quando você está em seu trabalho, o relógio da um jeito de ir mais devagar.
A tempestade passou, hoje não há ameaças de mudanças. Então eu me levanto no mesmo horário de sempre. E me visto para o trabalho, um pouco inconformado de que não havia maneira alguma de conseguir me escapar da demolição do prédio.
Mas por outro lado, hoje já era quinta-feira. E fim-de-semanas eu não trabalho.
Claro.
Só se houvesse alguma emergência de última hora e meu pagamento fosse bem generoso.
Agito a cabeça.
Eu deveria me policiar de tanto reclamar. Afinal eu estive torcendo muito para conseguir um trabalho nas últimas semanas, e agora que tenho um, eu fico assim? Contando os dias para o final de semana?
Eu não entendo como minha mente funciona.
Talvez seja o meu corpo cansado do trabalho braçal de todos os dias, ou meu cérebro precisando que eu mude minha rotina. Vai entender.
Chego na cozinha, e pego uma xícara de porcelana que era a favorita da minha mãe Jules. Era uma xícara simples, de cor única mas que tinha um desenho nela que minha mãe sempre dizia que  era seu amor por mim.
Pouso meu indicador em cima do símbolo do infinito, o mesmo símbolo que está tatuado em minha nuca, e sinto meu peito se encher de saudade.
Era gostoso ouvir sua risada sempre que dizia que seu amor por mim era infinito. E eu sempre zombava dizendo que era impossível.
Minha mãe tinha essas manias de querer me mimar, e ser toda melosa comigo. Até mesmo quando me levava para escola. Houve algumas vezes que eu tive que mentir que minha aula terminaria mais tarde, só para ela me buscar quando os outros pais já  tivessem ido buscar meus colegas. Tudo para que eles não ficassem zoando de mim por minha mãe ser muito pegajosa.
Levo a xícara até a boca, e deixo o café esquentar meu corpo. Não estava frio como a manhã de ontem, mas havia um leve frescor entrando pelas frestas da janela.
Segui para sala, e abri a porta. Deixando a luz do sol invadir minha casa.
Quando saio para varanda, é como se o mundo tivesse congelado. Ou apenas eu simplesmente. Pisco algumas vezes e ainda assim continuo vendo. Melhor. Assistindo uma Lexie muito sexy, vestindo um robe azul celeste, indo até a caixa de correio.
Não deixo meus olhos irem quando ela puxa um envelope branco, e fecha a alavanca. Quando ela se vira para voltar pra casa, seus olhos também entram em choque.

Ergo minha xícara, em um gesto de cumprimento.
— Bom dia, vizinha. - digo, uma inquietação começa a brincar em minha barriga.

Ela abraça o envelope contra barriga, e me dá um sorriso. Mais um sorriso. E esse parecia tão sincero quanto o outro.
— Bom dia, vizinho.

Parecia como se a gente tivesse começando tudo de novo. Deveria ser assim não?

— Tudo ok com sua casa? - pergunto, lançando meus olhos rapidamente para trás.

Ela acompanha meu olhar, e agita a cabeça assentido.
— Sim. - diz, sua voz soa um pouco aliviada. — Mais uma vez, obrigada.

Balanço a cabeça, e bebo mais um gole de café.
Ela não espera eu dizer mais alguma coisa, ou então percebe que eu estou realmente sem saber o que dizer a ela. Então, ela começa a se dirigir para casa.
Meus olhos continuam seguindo-a, ambos desejando que ela demorasse para sumir do seu campo de visão. Mas assim que escuto a porta da sua sala bater, meu peito murcha com a perda do contato.

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