Lost

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Enquanto as ondas quebravam quase perto de mim, eu podia sentir o vento bater contra os meus cabelos fazendo cada fio voar.

Senti uma mão entrelaçar pela minha cintura e o nariz de Jug roçar o meu pescoço enquanto ele me abraçava por trás. Sorri de lado e ouvi a pequena risada dele perto do meu ouvido, em seguida, pequenos beijos estalados em meu pescoço que causaram arrepios pelo meu corpo todo.

- O que você está pensando, hein? – Ele sussurrou e eu ri fraco.

- Acho que nada. – Menti. – É que a paisagem é bonita demais. – Isso era verdade.

Jughead me virou rapidamente, fazendo com que eu o fitasse. O vento não balançava apenas o meu cabelo como balançava também os fios castanhos de Jug, deixando ele um pouco descabelado. Ri fraco e passei meus dedos por eles, sentindo a maciez. Ele me fitava a todo instante e pude sentir a minha bochecha corar, em seguida, uma risada curta e fraca saiu dos lábios de Jughead e eu o fitei.

- Não tente me enganar. – Ele disse em um ar ameaçador, me fazendo franzir a testa. – Talvez um dos seus pensamentos possa até ser o quanto essa paisagem é bonita, mas, sinceramente... O que você estava pensando?

Torci a boca e ele soltou um resmungo em seguida, talvez, entendendo do que eu estava falando.

- Está com medo de alguém nos achar?

- Não, talvez não... – Falei, soltando um suspiro pesado. – Estou com medo de alguém estragar isso tudo.

Jughead riu e balançou a cabeça negativamente.

- Se por exemplo, olha, não estou dizendo que vão nos achar porque acredito que essa chance é bem pequena... – Ele deu uma pausa. – Mas, se por exemplo eles nos encontrassem, se o seu pai descesse com um jatinho do mesmo modo que fizemos e te tirasse daqui, você iria embora pra sempre? Deixaria pra trás o pouco que tivemos?

Ri fraco e abaixei a cabeça, mordendo os meus próprios lábios. Em seguida, fitei Jughead.

- Claro que não! Ele nem vai conseguir me tirar daqui, Jug. Eu não vou embora, eu não vou pra nenhum lugar onde você não esteja.

Jughead abriu um sorriso. Mas não é aquele sorriso comum, sabe? Era um sorriso que tinha mil e um significados, que demonstrava tantas coisas além de surpresa e felicidade. Era definitivamente o meu sorriso. O melhor sorriso!

- Então, é isso que importa... – Ele passou seu dedo indicador na minha bochecha. – Seremos sempre nós, e não importa o que os outros façam. Estamos dispostos a lutar, não estamos?

Concordei com a cabeça e ele sorriu ainda mais, acabando com o pequeno espaço que tinha entre os nossos lábios e me beijando.

Eu não sei muito bem explicar qual é o gosto do beijo dele, mas é doce misturado com menta. Ou era algo parecido, mas eu nunca encontrei nenhum outro sabor que seja igual ou parecido com aqueles malditos lábios.

Ele separou os mesmo em seguida e me fitou, sussurrando:

- Sabe, eu estive pensando em duas coisas que pudéssemos fazer esses dias aqui.

- Hum. – Resmunguei, esperando ele continuar. A sua mão estava em minha nuca, por baixo do meu cabelo e ele me fitava.

- Podemos fazer uma trilha. – Ele disse. – Ali... – Ele apontou pra um local que havia só mato e arvores, atrás da pequena pista onde o jatinho pousou. – É uma trilha, é uma grande floresta que eu soube ter bastante frutas e até uma cachoeira.

- E a outra coisa? – Perguntei.

- Você toparia a primeira hipótese?

- Como é essa cachoeira? – Perguntei.

- É linda! – Ele disse. – E eu queria poder... a usufruir com você. - Ele mordeu seus próprios lábios de um jeito muito sexy.

Balancei a minha cabeça negativamente e ri fraco.

- Mas eu quero saber a segunda coisa.

- Eu queria fazer surpresa. – Ele fez biquinho.

- Tudo bem então... – Torci a boca. – Podemos ir pra trilha, ainda é cedo, vamos pra cachoeira e voltamos antes do anoitecer.

- Isso! – Ele comemorou e eu gargalhei, então, ele me deu um selinho demorado e afastou os nossos lábios.

- Não tem nenhum bicho lá, né?

- Só eu mesmo.

Revirei meus olhos.

- Jug, digo bicho de cobra...

Ele me metralhou com os olhos e eu gargalhei, batendo no seu ombro.

- Para de ser tarado! – Disse. – Quero dizer bicho como um animal mesmo.

- Não, Betts. – Ele disse. – Vamos, vai!

- Ok. – Falei por fim, e Jughead pegou na minha mão e começou a andar em direção a atrás da casa. – Não vamos trancar a casa? – Perguntei.

- Pra que? Ninguém vai vir pra cá.

Apenas assenti, mesmo sabendo que aquilo poderia não acabar muito bem. Jughead me levou até o começo da onde iniciava as arvores e finalizava a areia da praia. Segurei firme em sua mão e ele riu, andando na minha frente.

A trilha começava tendo terra, não areia como a praia, era terra firme e alguns galhos no chão que eu não sabia se olhava pra eles com medo de cair ou se dava atenção ao lugar que mesmo sendo cheio de árvores , continuava lindo. Não que árvores não sejam bonitas, é claro, mas muitos podem dizer ''eu vejo arvores todos os dias'', mas não... Aquilo era muito mais que árvores. Era a natureza. Os pássaros cantando. Os raios de sol clareando os galhos. Tudo aquilo conseguia ser diferente.

- Você sabe pra onde estamos indo? – Perguntei a Jughead que andava sem parar.

- Claro que sei! – Ele disse e eu soltei um suspiro aliviado.

Subíamos e descíamos algumas rampas um tanto quanto perigosas, mas Jughead sempre me ajudava caso eu caísse. Eu estava até vendo o meu tombo de cabeça naquela terra e ter que aguentar Jug me zoar eternamente.

Devemos ter andado em média de 40 minutos e eu torcia mentalmente que a bendita cachoeira chegasse logo porque eu já sentia a minha perna cansada. Qualquer barulho diferente eu procurava olhar, e não, em momento algum eu escutei um barulho de cachoeira.

- Jug. – Lhe chamei e ele parou. Estávamos um pouco ofegante por não parar um segundo de andar. – Você sabe onde estamos?

Jughead olhou pra trás, analisando o tanto que andamos mesmo sendo impossível ver todo o caminho que percorremos. Franzi a testa e engoli seco assim que ele me fitou, torcendo os lábios.

- Não acredito! – Murmurei.

- Pode me odiar. – Ele disse um pouco desanimado.

- Não acredito! – Repeti e ele riu fraco. – É isso mesmo que eu estou pensando?

- Sim. – Ele passou a mão na sua testa e fez cara de sofrimento. – Acho que estamos perdidos.

Daylight | BugheadOnde histórias criam vida. Descubra agora