Capítulo 20

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O soro foi chegar apenas sete horas depois da solicitação do Taylor. Durante todo esse tempo Isaac Williams teve que ficar isolado em um quarto especial. Durante seis horas não podíamos fazer nada. Isaac estava recebendo oxigênio extra para os seus pulmões. Chegamos até a fazer uma transfusão de sangue para ajudá-lo a combater o vírus. Mas tudo isso não foi o suficiente.

Às dezesseis horas e quarenta e sete minutos, Isaac veio a falecer.

Eu me sinto uma inútil por não ter feito nada para salvá-lo.

Apoio meus cotovelos em minha coxa. Eu estou sentada no chão. Minhas mãos cobrem os meus olhos que estão inchados.

Eu prometi que daria o meu melhor e, agora, eu o deixei morrer!

Com toda a força que me resta, vou até o quarto onde a irmã dele está. Minha mão cobre a maçaneta redonda. Eu hesito por um tempo. Tento me preparar. Abro a porta.

Ashley Williams está andando pelo quarto. Quando ela me vê, percebo que seu semblante de preocupação dá lugar à um sorriso. Com certeza, ela está esperando uma boa notícia. Mas infelizmente, não tenho uma boa notícia.

— Senhora Williams.

— Como está o meu irmão? Eu posso ir vê-lo? – Ela me dá um abraço totalmente inesperado.

Meu coração só se aperta mais e mais. Como eu conto isso para ela?

— Ashley...

Ela me solta e me encara.

— Ele... O Isaac não... – Procuro O jeito certo de falar isso, mas logo percebo que não existe nenhum jeito certo. — Seu irmão... Ele não sobreviveu...

Tudo o que aconteceu depois parecia se passar em câmera lenta. Lágrimas começaram a sair dos olhos dela. Ashley se apoia em mim e eu a seguro. Enquanto chora em meus braços, inconformada com a morte do irmão eu tento falar algumas palavras reconfortantes.

— Ele não pode estar morto! Por favor, me diga que você está brincando comigo...

— Me desculpe...

Ela me abraça com força.

Após alguns minutos, ela se acalma um pouco. Estamos na cama, eu estou sentada e ela deitada sobre um travesseiro que está na minha perna. Eu acaricio os seus cabelos.

Não sei o porquê de eu me sentir assim. Talvez seja porque Isaac foi o meu primeiro paciente que morreu. Ou por que eu sei um pouco do que ela está sentindo. Há anos, quando Andrew havia levado aquele tiro, eu me sentia igual à ela. Em meu pensamento, eu achava que ele morreria de tão grave que foi o ferimento. Mas, felizmente, hoje ele está bem.

Taylor, ao perceber que fiquei bastante abalada, me liberou mais cedo. Eu o agradeci por isso. Eu não estava com cabeça para nada. Saio do hospital sem rumo. Deixei o carro no estacionamento do hospital. Por um tempo, eu perambulo pelas ruas. Tenho a ideia de ir para o meu lugar favorito.

O Hyde Park, virou o meu refúgio quando eu voltei para Londres. Sempre que me sentia triste, para baixo, eu vinha para cá. Este lugar me traz uma paz inexplicável.

Me sento na grama úmida por conta do sereno. Fecho os olhos por um tempo. Eu amo ficar na parte da Fonte Memorial da Princesa Diana. O barulho que a águafaz durante o seu percurso me relaxa. E é exatamente isso que eu preciso no momento, relaxar.

Me lembro dos últimos minutos de vida do Isaac. Ele sabia que estava morrendo. Eu estava desesperada e, então ele segurou o meu pulso, sorriu para mim e disse:

— Obrigado... Você... deu o seu... melhor.

O que mais me doe, é estar de mão atadas, sem poder fazer nada
para ajudar, me sinto tão inútil. Ele morreu. E eu não consegui fazer nada para salvá-lo.  Eu sou tão incompetente.

Tampo meu rosto com as mãos.

Eu simplesmente não consigo fazer nada direito! Quando ainda era uma agente, por minha culpa o Andrew quase morreu. E agora com o Isaac...

Ao chegar em casa, minha mãe e Nicholas já estão dormindo. Vou até o banheiro e ligo o chuveiro. Quando o meu corpo frio entra em contato com a água quente me permito desabar.

A Força do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora