Prólogo - Início de Erótica

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Me prova, me enxerga,
me sinta, me cheira
E se deixa em mim.
Me escuta no pé do ouvido
Todos teus sentidos que afetam os meus
Que querem te ter, que tu me escreveu
E mais uma vez...

— Anavitória, "Cor de Marte"


Dionísio tinha plena consciência de que não adiantava espernear, gritar, arranhar, exigir, nem nada parecido. Então fez a única coisa que poderia funcionar naquela situação.

Ele implorou.

— Apolo, por favor...

Ouviu a si mesmo soando necessitado e ofegante. Parte da culpa era da posição em que se encontrava. Apolo o tinha debruçado sobre uma escrivaninha de mogno branco, completamente despido, e seu peito delicado e infantil estava pressionado contra a madeira, a baixa estatura contribuindo para que mal conseguisse manter os pés no chão, deixando suas nádegas empinadas, expostas e sob controle... do outro. Como se não fosse o bastante, o deus do sol ainda segurava ambos os seus pulsos com apenas uma das mãos sobre as costas brancas. E, com a outra, tinha se ocupado em abri-lo lentamente, brincando com a sua entrada por no mínimo quinze – infinitos – minutos. No que o pequeno não conseguia fazer absolutamente nada além de se contorcer contra o móvel e gemer como um gatinho abandonado. Estava no limite. Precisada ser possuído agora!

— Meu amor, por favor, — ele insistiu suplicante, virando a cabeça morena, o suficiente para ver parte do tronco forte e nu do irmão atrás dele — você está me matando...

A resposta de Apolo foi erguer uma sobrancelha, um sorriso largo e demasiadamente satisfeito entre os lábios morenos.

Deuses, ele sabia ser cruel quando queria.

Havia demorado consideravelmente até chegar aquele nível de controle – seis meses inteiros para ser exato – Até se habituar a selvageria insana que o tomava quando estava com Dionísio, aprender a usá-la ao seu favor. Ainda não conseguiam ficar mais do que alguns minutos a sós sem arrancarem as roupas um do outro e Apolo já não tinha mais esperanças de que isso fosse mudar. Por certo, não desejava isso. Dionísio sempre seria seu pequeno e irresistível delírio, não importava quanto tempo passasse.

Mas, agora sabia como seu corpo reagiria ao dele e como o dele reagiria ao seu. Não poderia por em palavras o quando amava vê-lo daquele modo: exposto, submisso e desesperadamente carente de si. Adorava ver aquele ser tão arisco, selvagem e caótico completamente entregue, devotado e obediente. Apolo achava que poderia chegar ao ápice apenas o ouvindo implorar por mais, para que o tomasse daquela maneira violenta e possessiva da qual não conseguia fugir e depois ainda pedisse para guardar as marcas que ele fizesse no seu corpo.

Era delirante.

Respondendo a sua imobilidade maldosa, Dionísio começou a se debater quase sem querer contra a madeira e o aperto dos seus dedos, tentando ao menos aliviar a excitação explosiva e dolorosa, friccionando o sexo no móvel duro. Apolo o quietou com um tapa sonoro na sua bunda, deixando a pele macia e alva da sua nádega direita imediatamente e lindamente vermelha.

Baco gemeu longa e chorosamente. Não pela dor da bofetada, era uma dor boa; mas sim porque sabia que ele o faria sofrer muito mais agora.

— Tsc tsc... — o Sol estalou a língua contra os dentes, repreensivamente. — Que menino desobediente...

— Amor, por favor, eu... ai. — ele tentou se desculpar, só ganhando outro tapa forte e repreendedor na bunda, fazendo seu corpo dar um pulinho de susto.

— Meninos desobedientes não falam. — Apolo sentenciou, dobrando o corpo sobre o dele, marcando sua nuca com uma mordida seguida por um beijo. — Meninos desobedientes só gemem... — ele disse, colocando dois dedos na boca, tornando-os molhados outra vez. — Sabe que a sua regeneração é fora do comum. E não importa o quanto eu o prepare, você sempre volta a ser tão apertado... — ele sussurrou devagar, com um suspiro deliberadamente cansado — Hm... — murmurou, deslizando os dígitos para dentro dele de novo, sentindo a resistência das suas paredes estreitas, fazendo-o miar. — Agora vamos ter que começar tudo outra vez...

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