Ele segura meu corpo em seus braços
Ele não queria me fazer nenhum mal
E ele me segura apertadoAh, ele fez tudo para me poupar
Das coisas horríveis que a vida traria
E ele chora e choraE eu sei que ele sabe estar
Me matando por misericórdia— Aurora, "Murder Song"
— Eu costumava dormir no meio dos meus irmãos, me acostumei a isso... — A Coisinha prosseguiu, alheia a toda nova empatia que emanava de sua companhia. Até virar lentamente o rosto bonito para seu lado de novo. — Eu não sabia que me via, que estava incomodando. Realmente sinto muito...
— Não estava. — Argos interrompeu, dessa vez sendo ele a deixar os olhos nas constelações. — Sinto muito se fiz parecer que sim. — Murmurou por fim, com uma risada curta. — Você não conseguiria incomodar nem se tentasse muito, Coisinha...
Argos nem viu quando adormeceu.
*
Depois daquilo, alguma coisa tinha mudado. Ele não sabia dizer o que, mas tinha. Talvez aquela empolgação tímida em acabar o trabalho e voltar logo para o acampamento. Talvez o fato de o pegar olhando para si quando esquecia que os olhos o estavam vendo.
Talvez...— Você realmente vai ficar aí? — ele reclamou baixinho.
— Ainda com isso? — Argos questionou, colocando a bacia de água limpa perto dele.
— Normalmente você fica lá! — insistiu, apontando exageradamente para a tenda.
— Fico, e por isso não consegui chegar rápido o bastante para te impedir de cair de bunda ontem. — lembrou, fazendo as orelhas pontudas dele abaixarem de vergonha. Era difícil fazer algumas coisas com aquele tornozelo. — Além disso, sinto acabar com as suas ilusões, mas não tem um centímetro desse corpo que eu já não tenha vis...
— NÃO PRECISA DIZER EM VOZ ALTA! — ele quase gritou, no cúmulo da vergonha, tapando o rosto quente com as mãos.
Argos conteve uma risada na garganta, divertido, mas surpreso também. Aquela era a primeira vez que o via falando alto, ele parecia ter um medo soberbo de fazer qualquer ruído a maior parte do tempo. Aquilo poderia dizer que ele estava se soltando.
Sem saber porque, isso fez Argos sorrir.
— Pare com esse drama, você é bonito demais para isso... — soltou baixo, colocando as coisas mais perto dele.
E pelos olhos da nuca viu uma das coisas mais engraçadas da vida. Coisinha o encarou com tanto espanto que seus olhos dobraram de tamanho e a sua cara virou uma coisa hilária.
— Você me acha bonito? — questionou um pigarreio agudo e incrédulo, como se soubesse estar fazendo a pergunta mais absurda do da história.— Eu acho. — Argos disse tranquilamente, dando os ombros largos e voltando-se para ele com as mãos nos quadris. — Você não?
— Eu... eu... quê? — gaguejou confuso, como se nunca houvesse pensado na questão.
— Vai levar o dia todo nisso? Eu tenho mais o que fazer. — o pastor reclamou. — Vamos, tire isso. — ordenou, lhe puxando as barras da roupa.
Coisinha deixou que o despisse na letargia do choque, ajudado pelo fato de não estar usando muita coisa. A visão do corpo pequeno e moreno nu já era conhecido dos seus olhos, mas nem por isso menos atraente. Não estivera mentindo afinal, achava aquela criatura especialmente bonita, desde a pele castanha, os olhos dourados e os cabelos brancos como algodão.
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Bacanal
Fantasía[Romance gay] [Mitologia grega] [Poliamor] Apolo e Eros se odeiam há quase tanto tempo quanto têm de idade, uma das rivalidades mais antigas do Olimpo. O deus do Sol humilhou o deus do Amor, que devolveu destruindo todos os relacionamentos e amores...