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b r i n l e y     c l a y t o n

Já haviam se passado algumas aulas desde o começo do dia no colégio, eu sempre tava rodeada de meus amigos que ajudavam a amenizar o quão chatas eram as aulas. Eu só queria que isso acabasse logo e que eu pudesse ir encontrar Axel como a gente tinha combinado.

Quanto ao meu lance com ele, eu não considero nada demais. Apenas dois adolescentes querendo passar um bom tempo e se divertindo juntos. Ele era um cara legal mas eu não pensava que ele fosse o tal.

Ouço um suspiro do meu lado e meus olhos correm até Charity, na carteira do meu lado. Ela tava estranha, apenas encarando algum ponto em sua frente e não dizendo nada para ninguém.

"Não vai falar comigo?" Digo em direção a ela, que acaba me ignorando. "Charity, eu tô falando com você."

"Meus ouvidos ainda estão funcionando, Brinley, obrigada pela preocupação." Sua voz é um tanto irónica o que me faz enrugar a testa. Ela sempre era tão doce e amável.

"O que aconteceu com você?" Eu realmente tava me preocupando.

"Só estou cansada." A morena encolhe seus ombros.

Nisso a professora pára de escrever nos lançando o seu olhar mais maléfico possível que realmente me teria assustado se eu sequer me importasse. Mas eu sou Brinley Clayton, vim do lado pobre e nada me assusta.

Ignoro o aviso e continuo. "Eu te conheço, não vou cair nessa sua conversazinha."

Char revira seus olhos, pousando a caneta no tampo da mesa. "Eu me ferrei, tá legal? Acabei me envolvendo tanto com esse negócio da investigação que me esqueci completamente da prova."

"E então?"

"Então que eu não sou você, Brin. Meus pais me matam se eu baixar minha média. Você não entenderia." Ela solta um longo suspiro.

O que ela tava insinuando? Que eu tava pouco me fodendo para as provas? É, ela tinha razão, eu realmente tava.

"Você é a garota mais esperta que conheço, nem a querer você tiraria má nota. Sabe-"

"Brinley Clayton e Charity Jackson, para o diretor! Agora! Eu avisei vocês!" A velha mal humorada bate seu livro na mesa e ela mesma vai abrir a porta.

"Nossa, gentil a senhora." Riu, me levantando. Char me segue de cabeça baixa claramente envergonhada com toda a situação que a gente tinha arrumado. "Obrigada, tia." Digo ao passar por ela que, para final de conversa, me lança mais um de seus olhares e bate a porta na nossa cara.

"A gente foi realmente expulsas?" Char tremia por todos os lados, o que eu já imaginava que fosse acontecer.

"Não amor, só viemos apanhar um ar. Vem." Pego na sua mão e a guio.

Começo andando pelo corredor até à sala da secretaria. Eu já sabia o caminho direitinho pois minhas experiências nesse colégio não eram tão boas quanto deveriam. Mas você não me pode culpar, eu vim de uma escola onde era normal acontecerem brigas em todo o lugar e muitas das vezes professores se juntavam a elas.

"Oi." Cumprimento a mulher atrás do balcão assim que entro. Ela me olha aborrecida por de trás de seus óculos finos como se já não me pudesse ver mais ali. "Diretor Hastings?"

"Ele não está hoje." Diz voltando a organizar um monte de papéis.

"E onde ele está?"

Os olhos do moça ficam muito mais rudes e ela dá um suspiro, tentando não perder a paciência comigo. Jesus, eu havia só chegado agora. "Você quer que eu saiba mais da vida pessoal dele do que da minha? Você e sua amiga deveriam ficar felizes por não pegarem um processo hoje. Agora desapareçam daqui!"

Era sério? Ela não tinha tido educação não? Quem ela pensa que é para falar desse jeito comigo?

"Tem razão. Vamos, Brinley." A morena se apercebe e puxa minha mão, do mesmo jeito que eu fiz com ela, e me leva de volta para o corredor. "Tá louca? Quer abusar da sorte?"

"Essa mesa me estressa!"

"Mesa? Qual mesa?"

"Você não pegou?" Levanto minha sobrancelha. "A garota é secretária, logo mesa... Deixa para lá."

O corredor tava vazio já que todo mundo tava em aulas e nem eu nem Charity queríamos voltar para dentro daquele inferno, por isso acabamos ficando cá fora mesmo. Sentamos no chão e falamos dos mais aleatórios assuntos. Eu lhe contei do Axel e ela me falou da pressão que os pais tavam constantemente colocando nela à conta da irmã, o que eu profundamente achava ridículo porque pessoas são diferentes mesmo sendo sangue do mesmo sangue.

Pelo menos de mim, meus pais não esperavam nada. Nathan era o garoto prodígio da minha mãe e sinceramente isso não me aborrecia em nada.

"Juro para você, ele se acreditou! Eu tava interpretando o papel como uma verdadeira Angelina Jolie."

"Isso ou o cara realmente tava muito chapado." Riu, sentindo sua mão bater no meu ombro.

"Tá duvidando dos meus dotes?"

"Ah... Desculpem." Uma terceira voz chama minha atenção e meu olhar acaba indo de encontro a duas cheerleaders. Scarlett e Taylor.

"Esqueceram do caminho para o ginásio?" Brinco.

Mas nenhuma delas tava no clima. Suas caras eram de preocupação.

"O que houve?" Char perguntou a elas.

"Por acaso vocês não viram a Lexi?" Scarlett começou. "Vocês agora tão mais próximas dela, não a viram por aí?"

Riu. "Eu não consideraria próximas a palavra cert-"

"Não. Ela não tá na aula?" Charity tava mesmo dando atenção para elas? Droga.

"Era suposto ela ir dar treino para a gente agora, mas ela não apareceu. Ela nunca falta." Scarlett esbracejou, explicando.

"Talvez ela tenha pego vírus?" Sugiro.

"Ela teria avisado a gente." Scarlett fala.

"É algo que nosso trio sempre faz." A outra se pronunciou também.

"Trio? Não foi você que tava quase engolindo o Liam no outro dia?" Pergunto, mais irónica que outra coisa. Eu sei o que vi.

Taylor engole em seco. "Estamos tentando nos resolver."

"Vocês já tentaram ligar para ela?" Char volta à conversa.

"Continua dando caixa postal." Scarlett responde.

"Meu irmão? Eu vi que os dois tinham ido para algum lugar ontem." Já que não nos íamos livrar das pragas tão cedo, mais valia adiantar o diálogo logo.

"A gente falou com ele também. Ele a deixou em casa e não sabe do que aconteceu a seguir." Scarlett dá de ombros, pensativa. "Talvez possamos ir perguntar para o diretor?"

"É um caminho sem saída." Char as informa, tirando a única esperança que ambas tinham. "Ele não veio hoje."

"É, a tia grossa de lá falou isso para a gente." Aponto para a secretaria de onde a mulher continuava me lançando olhares rudes. Credo, para a caipira do diabo.

"Ela vai aparecer. Estamos em Springdale, ninguém some do nada." Charity as tenta relaxar.

"A menos que morra." Falo e as três olham assustadas para mim. O que é? Não posso usar humor mórbido agora?

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eu amo a brin e vocês?

xx Buhh

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