|117| nat

16 1 0
                                    

n a t h a n    c l a y t o n

Encostei na beira da estrada, desligando o motor em seguida. Eu já estava exausto de guiar por ruas intermináveis, estávamos apenas viajando sem rumo por lugares que nenhum de nós sabia sequer identificar. Eu não sabia ao certo o motivo para isso tudo e Lexi ainda não tinha dito uma palavra desde o começo da viagem.

"E agora o quê?" Solto a pergunta, batendo com a cabeça ao de leve na cabeceira do banco.

Giro o rosto para encarar Alexis que se encontrava do meu lado com o olhar em algum ponto em sua frente sem transparecer emoção alguma no seu semblante.

Eu tava dando o meu máximo para não ser inoportuno, mas esse silêncio tava me matando.

"O que você quer que eu faça agora, Lexi?" Tento de novo, mas a garota manteve-se igual. Suspiro. "Olha só. Se você não vai falar comigo, porque me chamou?"

Dessa vez, algo acontece. Lexi morde o lábio com força antes de me encarar, seus olhos verdes estavam húmidos e eu podia ver a fragilidade dentro deles.

"Você está bem?" Minha testa enruga-se e eu logo me indireito para a observar melhor.

"12 meses, Nathan..." Eu a ouço falar com a voz embargada. "Passou-se um ano e eu pareço ser a única importada com isso."

"Do que você tá falando?" Eu não tava entendendo mais nada.

"Você quer saber porque eu me juntei a essa investigação ridícula?" Lexi baixa seus olhos como se me encarar lhe fosse tirar a coragem. "Eu e o Elliot não somos tão diferentes assim."

"A conta bancária de vocês vai discordar."

Você não queria ser inoportuno, Nathan?

"Eu o percebo porque o mesmo aconteceu comigo." Seus olhos fecham e uma lágrima escorre pelo seu rosto.

Eu já não sabia o que mais fazer por essa altura. Eu odiava clichés e sentimentalismos, eu me afastava dessas situações sempre que podia. Eu sofria para mim mesmo e lidava bem com isso. Mas agora eu não tenho como fugir e, na verdade, eu nem quero. Eu sinto que a devo escutar porque ela tá precisando de mim e isso deve ser mais forte que o que quer que me diga que devo ir embora.

"Lexi..."

"Minha mãe, Nat, ela foi assassinada."

Meus olhos arregalam-se e o meu coração quase que salta um batimento com aquela notícia. Alexis estuda a minha reação com certo receio mas tudo o que tira de mim não é mais que choque.

Desde o primeiro dia que pisei Springdale High que as pessoas me têm dito que a morte da Mr. Hastings era um completo mistério. Ninguém sabia o que tinha acontecido nem quando, apenas que aconteceu e o seu funeral veio para comprovar isso. Tinha ouvido também que nem Alexis nem o seu pai, o diretor, se pronunciaram sobre isso. Ambos eram umas caixas fechadas de onde a policia nunca conseguiu tirar informações. E sem pistas a seguir, o pai do Elliot deu o caso por arquivado.

Anos de namoro não foram o suficiente para que Lexi se abri-se e contasse algo para o filho da puta do Liam, e agora ela ia tomar essa atitude com algum garoto cretino que conheceu à poucos meses? Quem era eu nessa história?

"Porque você não falou nada para a polícia?" Essa era a peça que mais não batia certo no puzzle. "Eu vi os noticiários, você os evitou. Porquê?"

A morena volta a morder seu lábio pensando se avançava ou não com a nossa conversa, mas agora nem eu ia deixar ela recuar. Queria respostas, por mais que não fosse da merda da minha conta.

"Eles não iriam descobrir nada que eu já não soubesse." Diz suavemente.

Minha testa enruga-se de novo. "Então você sabe quem a matou? Alexis, você tem que fazer algo." Ela começa abanando a sua cabeça em nervoso e algumas lágrimas escorrem pelas suas bochechas como fios escorregando na pele. "Ei."

Me inclino para agarrar seu pulso, mas ela continua a se mexer. "Alexis, olha para mim. Ei."

"Eu o odeio, Nat!" Ela chora cada vez mais. "Mais que qualquer coisa no mundo. Mas o denunciar seria meu próprio fim."

"Não. Você está segura. A polícia vai te proteger." Subo minha mão para o seu rosto afastando alguma mexa que lhe tinha caído para a frente. "Eu vou te proteger."

Meu coração apertava ao a ver naquele estado e nem eu ao menos sabia o motivo. Era a primeira vez que me sentia assim.

"Não vai acontecer nada com você, ok? Esse filho da puta nunca vai te tocar."

"Não, Nathan, você não entende." Seus olhos me fitam de novo. "Não há ninguém que me possa ajudar, nem você. Eu estou por minha conta nessa."

Eu notava um certo medo no seu tom. Quem quer que tenha feito isso a estava a medrontar continuamente, de outra maneira não havia razão para tal. Tinha de ser alguém que tivesse contacto fácil com a Alexis.

"Quem é, Lex?" Falo firmemente. Eu estava morto para saber.

"E-eu não posso..."

"Ei, você está comigo." Eu a lembro, olhando em volta para as portas do carro e depois para a estrada deserta fora dos vidros. "Não há mais ninguém para nos ouvir, você pode confiar em mim."

Ainda com certa relutância, a garota acentiu.

"Promete que não vai fazer nada." Ela pede e eu apenas aceno, o suficiente para a fazer ceder. "Meu pai. Ele é o assassino."

Não que eu tivesse um argumento tão forte contra ele, mas eu já não gostava daquele diretor mesmo.

"Um dia, eu tinha ido para uma festa de um dos garotos do time. Eu forcei minha mãe a me deixar ir porque achava que meu legado de popularidade acabaria se eu não fosse. Estúpido, eu sei. Hoje eu me arrependo tanto disso, se eu não tivesse ido talvez ela estivesse viva ainda." Lexi respira fundo, baixando seu olhar. "Minha mãe estava sozinha nessa noite, ela sempre ficava esperando o meu pai voltar do bar. Ele sempre vinha cambaleando e ela queria se assegurar que ele chegava bem à cama. Mas dessa vez, não foi ele quem entrou pela porta."

"Eu não sei quantos eles eram, mas eu sabia que eles eram membros dos Kold Blood. Eles estavam furiosos com os pagamentos em atraso do meu pai, o que você pode achar ridículo julgando a quantidade de dinheiro que a gente tem. Mas o meu pai apenas não pagava porque ele achava que não iria acontecer nada se não o fizesse. Então, as histórias más que usam para nos afastar das gangues quando crianças aconteceram. Eles invadiram a minha casa, saquearam tudo o que podiam e quando viram a minha mãe não pestanejaram antes de a matar." Lexi suspira passando as mãos na cara para a enxugar. "Ainda que quem disparou a arma foram os Kold Blood, o meu pai é a razão pela qual a minha mãe está morta."

--------------
e essa é a história da nossa mean girl

xx Buhh

Springdale Onde histórias criam vida. Descubra agora