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b r i n l e y    c l a y t o n

Eu já caminhava pela minha rua trinta minutos depois de sair da casa da Charity, esse é o mal de você morar do outro lado da cidade e não haver transportes públicos passando de um lado para o outro por conta do horário noturno. Eu poderia ainda ter Nathan me acompanhando mas ele ficou tratando de uns assuntos quais queres, os quais eu não tinha curiosidade nenhuma para entender.

O assunto de mais cedo ainda me perturbava, quer dizer como não? Eu descobri que minha vida não passava de um cenário de mentira que meu irmão criou para proteger a mim e minha mãe e que por de trás ele enfrentava infernos por nós e eu sempre fui ingrata ao ponto de o criticar mal surgisse a oportunidade. Eu me arrependo de todas as minhas escolhas, principalmente das palavras e dos insultos que soltei quando a gente tava brigando que nem irmãos fazem.

Mas a gente não era o tipo de irmãos comuns, a gente era bem mais complicados que isso.

"Cadê? Droga." Minha mochila cai no chão espalhando tudo o que tinha dentro dela.

Bufo me baixando para pegar as coisas e logo encontro o objeto que eu tanto procurava. Sorrio vendo a chave encaixar na fechadura e no minuto seguinte eu já estava dentro de casa.

Tudo estava escuro o que indicava que meus pais já estariam a dormir por isso caminho em pezinhos de lã até ao candeeiro porque distraída como já me conheço iria cair assim que tentasse caminhar sem ver. Antes eu tivesse habilidades como essas que me poupassem ao que me esperava.

Mal acendo o candeeiro e a luz ilumima toda a sala, eu levo um susto ao encontrar minha mãe de braços cruzados e meu pai sentado no sofá com sua cara escrota do género "Te pegamos, mocinha!"

"Mãe?" Não fiz questão de disfarçar o meu susto.

"Onde estava?" Ela já vem perguntando me dando desde cedo a entender a sua irritação. Com certeza meu pai já tinha metido coisas na cabeça dela.

"Hm... Com o Axel." Não era de todo mentira como não era de todo verdade.

"Não se atreva a mentir para mim, Brinley." Ela grita. "Eu mesma falei com a mãe do Axel, ela me falou que ele chegou a casa à três horas. Onde você tava nesse tempo?"

"E-eu..." Vai, Brin, pensa em qualquer coisa. "Tava com uns amigos do colégio."

"Ah sim?" Ela avança para a minha frente. "Quem?"

Tal como todos os habitantes daqui, meus pais odiavam os garotos riquinhos da classe alta. Se por acaso eu lhes dissesse que estava na casa da filha de um empresário com mais dígitos no conta bancária do que aqueles que eu posso contar, seria minha carta de suicídio.

"Jacob." Encolho os ombros. Como não me lembrei dele mais cedo?

Eu vejo nos seus olhos que ela acreditou em mim, porém o estraga-prazeres tinha que interferir. "Ela tá mentindo." Ele se pronunciou me fazendo revirar os olhos.

"Não tô não." Reforcei. "E pode ligar para a família toda dele se quiser."

"E ainda fala isso no maior orgulho." Meu pai se levanta e vai caminhando para o lado da minha mãe abandonando sua cabeça conforme os passos. "Você tá dizendo que teve esse tempo todo com um rapaz? Sozinha?"

"É." Aceno.

"Você só vem me desiludindo, Brinley." Ele me repreendeu e dessa vez eu juro que não tava entendendo o porquê. "Eu realmente gostava de saber onde eu falhei com a sua criação."

"Com certeza foi com o afeto a mais." Ironizei.

"Brinley, olha o respeito." Agora minha mãe tinha ganho voz de novo. "Você sabe que a gente só quer o seu bem. Meninas comportadas como você não devem andar por aí sozinhas com garotos até essa hora da noite."

"Você não devia andar com garotos em primeiro lugar." Meu pai se meteu.

"E como querem que eu case e encha a vossa casa de netos? Até onde eu sei pessoas gays não podem procriar por método natural." Cada coisa que eu dizia acrescentava mais um centímetro à abertura da boca deles e eu tinha perfeita noção que tava esticando a corda nesse momento.

"Como pode sequer referir essa hipótese?" Minha mãe gritou, chocada. "Isso não é coisa de Deus!"

Suas mentes fechadas me faziam querer abrir as suas cabeças e lembrar-lhes que a gente já não vive no século 18 e que agora é perfeitamente normal pessoas do mesmo sexo terem relações. Imagina se ela soubesse a verdade sobre o Jacob, provavelmente abriria uma ceita para matar o garoto.

"Pode deixar mamãe, eu gosto demasiado de rola para sair do armário." Sorrio.

"Como é que é?" Sua testa franziu em confusão.

"Considere-se de castigo, mocinha. A partir de hoje você apenas vai sair de casa para ir no colégio e do colégio para casa. Não me faça colocar alguém atrás de você a ver se você cumpre. Porque se não cumprir suas consequências vão piorar."

"Vai me bater também?" Desafio.

"Ninguém aqui falou em bater." Minha mãe e sua ignorância. "Não dramatize as coisas."

"Não mãe, porque você não pergunta para o pai o que ele anda a fazer quando não tá em casa?" As palavras saiam para minha mãe, no entanto meus olhos fixava-se no meu pai que me encaravam com raiva. E na verdade nem eu sabia de onde havia pego tanta coragem. "Ou lhe pergunta do que ele fez ao Nathan durante meses a fio? Porque não pergunta?"

Enquanto meu pai se torcia de raiva por eu me estar a esticar com as informações, minha mãe nos encarava sem entender nada do meu ataque.

"Você não tem coragem e sabe porquê?" Me dirijo à minha mãe, completamente agora. "Porque você se acomodou a viver assim, dependente de um homem, sem saber arregaçar as mangas e fazer as coisas por você porque não se sente capaz e porque nunca tentou também. Mas eu te digo; o dinheiro de um homem nunca vai ser suficiente para impressionar uma mulher que seja independente."

E assim eu termino, indo para o meu quarto. De qualquer das maneiras, eu teria meu mais recente castigo para cumprir que me iria condicionar em dezenas de coisas principalmente agora que a gente se tinha juntado à causa de Elliot e de Springdale em si.

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tô exausta e escrevendo isto

hoje foi meu último dia de aulas antes das férias da Páscoa, que dure!!

xx Buhh

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