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Quando um adolescente desaparece, é normal que a polícia não intervenha desde início. Há uma série de coisas que podem ter acontecido. Uma festa que se desencaminhou. Uma fuga impulsiva com os amigos ou com algum parceiro amoroso, que acaba por cair em sua consciência e o leva a regressar. Mas quando são passadas as quarenta e oito horas sem haver qualquer sinal de vida, cada segundo conta e quanto mais tarde fica menores são as chances de o encontrar.

Madeleine McCann. Barbara Follett. Harold Holt. Etan Patz. São apenas exemplos que nunca tiveram sua devida explicação.

"Meu filho. Ele não ligou, ele não voltou para casa como todos os outros. Eu acho que ele desapareceu." A tv exposta no cimo de um armário exibia uma imaginem de uma mulher chorando, a câmara focava em seu rosto e dava pra notar seus movimentos trémulos enquanto falava. "Ele não iria fugir. Ele deixou tudo o que demais lhe é importante em casa. Ele não nos deixaria."

Paolla Parker pega no comando e com um simples toque de botão o ecrã desliga-se não restando mais que um fundo preto nele. A mulher de 36 anos volta-se para a mesa onde um garoto assustado e comovido sentava-se por de trás dela.

"Elliot." Ela o chama. O moreno levanta sua cabeça, mostrando seus olhos castanhos cobertos por uma fina camada líquida das lágrimas. "Já nos conhecemos antes, lembra de mim?"

"Cadê o meu pai?" Ele ignora suas perguntas, respondendo com uma outra. Suas mãos estavam impedidas pelo frio metal das algemas que lhe roçava na pele.

Paolla suspira, se sentando na superfície da mesa com suas pernas pendentes no ar. "Ele foi afastado da investigação. Por motivos óbvios." Ela olha de relance o garoto, filho de seu colega de trabalho. "Já deveriam ter feito isso mais cedo na minha opinião."

"Você é de Arkansas, não é?" Elliot torce o nariz, a encarando.

"E você é bem inteligente, não é?" Ela rebate. "Mas vamos ao que interessa. Eu tenho algumas perguntas pra te fazer." Elliot acente, se mostrando estar preparado. No fundo, nada dessa situação era novo para ele. "Onde você estava à meia noite e três de ontem?"

Elliot dá de ombros, se encostando para trás enquanto era observado atentamente por Paolla. Ele molha seus lábios antes de responder. "No baile."

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~ elliot thompson

"Senhorita." Estendo minha mão depois de abrir a porta. Charity sorri em agrecimento, passando suas pernas para o exterior e se apoia em mim para levantar do carro. "Tudo bem aí em cima?" Aceno pra seus saltos altos.

"Por Deus, Elliot, cala a boca. Suas piadas são terríveis." A morena reclama se afastando para que eu possa fechar a porta devagar.

Não venham encher meu saco, o carro nem é meu e, sim, do meu pai e ele só me emprestou depois que eu assinei um contrato qualquer em como o entregava sem risco nenhum e atempadamente. Na real, quem mandou eu ser filho do xerife?

"Então," Arrasto a palavra, pensando em um assunto para tornar tudo menos constrangedor. "Como foi em Cambridge?"

"Legal." Char respondeu em uma voz estranha. "Eu vi coisas lá."

"Como prédios e ruas?" Eu pergunto.

"É, como prédios e ruas."

Já fazíamos nosso caminho para o interior do colégio. O baile seria no pavilhão central onde se costumam organizar os jogos do time feminino de voleibol, lá é espaçoso e tem todo aquele ambiente de high school que se espera dos filmes.

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