|86| elliot

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e l l i o t   t h o m p s o n

Uma brisa suave passa por mim me fazendo encolher no lugar. Abro meus olhos e logo uma claridade feroz invade a minha visão me obrigando a os fechar de novo. O que quer que tenha sido passou quando os tornei a abrir mais uma vez, porém fiquei ainda mais confuso com o que via.

Eu tava sentado sobre relva, havia um pequeno riacho na minha frente e o único som que se ouvia era a água a correr. O sol estava posto num céu azulado sem nuvens e eu podia jurar que se o paraíso existisse, eu tinha chegado lá.

Porém, eu nunca pensei no paraíso como um lugar solitário. Eu achava, sim, que ia ter paz mas que não estaria sozinho para o resto dos meus dias.

"Você não está sozinho, idiota." Eu conhecia aquela voz.

Foi uma questão de segundos para eu ganhar coragem suficiente e me voltar dando de caras com uns olhos negros que eu à já tanto tempo procurava. Ela estava exatamente igual. O mesmo cabelo chacheado chegava-lhe aos ombros, com o mesmo penteado que ela sempre fazia deixando leves cachos mais curtos cobrirem a sua testa.

"Wendy?" Ela sorriu docemente assim que o seu nome saiu pelos meus lábios. "Como é- Você não sabe o quanto eu tenho sonhado com você!"

"E pelo jeito continua." Ela ri e minha testa franze em confusão. "Isso daqui é um sonho, Elliot."

Eu meio que já suponha aquilo, mas saber que não era real doía. Porque eu sentia a falta dela, estivesse consciente ou inconsciente. Porque eu a amava com todo o meu coração e não a ter na minha vida deixava um vazio descomunal nela. Porque eu queria voltar atrás, a quando tudo estava bem e eu era feliz. Quando ela estava comigo e mesmo contra todas as opiniões nós estávamos juntos.

"É culpa minha." Eu abano minha cabeça com o olhar preso nos fios de relva. "Eu deixei você. Você precisava de mim e eu não tava lá." Meus olhos começaram a lacremejar. "E depois eu agi como uma completa criança. Eu fiquei com medo. Eu fugi. Porque eu não entendia o que estava acontecendo, eu não queria aceitar. Eu agi como um completo idiota."

"Ei, ei, Elliot. Me escuta, ok?" Suas mãos encaixaram no meu rosto quando Wendy me obrigou a encara-la. E eu juro por Deus, o seu toque parecia tão real. "Você precisa entender o que aconteceu naquela noite e antes disso. Eu acredito que você o fará, porque você não é qualquer outro garoto. Você não me magoou ou me destruiu. Você é diferente, Elliot. Você é humilde e decente e talvez eu não tenha merecido estar ao lado de alguém tão bom quanto você."

"Não, não. Não fala besteiras, e-eu-"

"Não foi você quem teve a culpa, Elliot. Fui eu e tudo o que aconteceu comigo." Ela interrompeu meus lamentos. "Eu descobri coisas sobre mim que não me faziam mais quem eu achava ser. E às vezes coisas dessas acontecem com você simplesmente porque têm de acontecer. É melhor que você viver uma vida na ignorância e depois desvendar a mentira. Mas não foi isso que me matou. Isso foi algo que ajudou a que eu fosse morrendo aos poucos. Porque eu não era a mesma depois de saber aquelas coisas sobre mim. "

Sua figura vai desgastando e eu tenho a impressão de perder os contornos e o seu corpo tornar-se pouco nítido.

"O que você descobriu, Wendy?"

Ela sorri docemente, como se nada se estivesse passando. "Você vai descobrir também. Eu acredito que vai."

A sua imagem se assemelha a poeira agora, indo-se com o vento.

"Não! Wendy, não!" Minha cabeça nega em desespero. Eu não queria que ela se fosse, ainda não. "NÃO!"

Quando me dou conta, minha mão soca uma superfície macia e eu salto acordando. Meu corpo está suado e deitado no colchão no meio do meu quarto escuro. Era realmente um sonho. Mas isso não apaga o facto de tudo ter sabido como a realidade como se minha namorada morta tivesse mesmo conversado comigo por mais insano que isso possa soar.

Mas pelo menos agora, eu tinha certezas do que devia fazer a seguir. Eu ia lutar por encontrar o que Wendy havia encontrado a seu respeito que a fizesse mudar tanto a perspetiva como ela mesma se via. E principalmente, eu ia achar o assassino dela e fazê-lo pagar pelo que fez.

Me levanto e saiu do quarto. O grande corredor que liga os cómodos se encontra vasto no silêncio da noite. Caminho por ele, pisando com meus pés descalços no chão frio, que me levam até ao escritório do meu pai.

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foi mais um de hoje

tenho tentado atualizar super super para aproveitar as minhas férias porque depois vou ter muito tempo preenchido com os estudos ://

xx Buhh

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