|49| brin

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b r i n l e y    c l a y t o n

"Merda." Meu celular escorregou da minha mão e foi parar no chão abaixo da cama.

Estiquei meu braço para o ir buscar e quando finalmente o tenho a tela ainda está aberta naquela ridícula postagem do Axel. Por muito que eu soubesse que o garoto não tinha culpa nenhuma, eu sentia raiva dele. Afinal, meu irmão confiava nele e, ao contrário de ser um bom amigo e o colocar nos bons caminhos, Axel apenas o enterra mais na estrada que não deve.

Nathan tem problemas em se controlar. Houve até uma época que ele vivia obsecado pelas drogas, mas ele parou por um tempo. A gente fez um trato numa noite, se ele não voltasse a consumir eu não contaria para os pais o que tava havendo. Mas agora que ele quebrou sua parte, eu não sei se serei capaz de quebrar a minha porque no final ele não deixa de ser sangue do meu sangue e eu me importo com ele para caramba.

Ouço a porta da entrada bater e logo sei que talvez fosse Nathan chegando. Levantei da cama e sai do quarto, afim de dar um sermão nele, mesmo que provavelmente ele tivesse demasiado alucinado para sequer me acompanhar a falar.

"Não é para você frequentar aqueles lugares." O quê? "Eles não são para gente da sua idade."

Espreito pela frincha da porta e gelo ao ver a cena. Meu pai tava brigando com Nathan que, como eu esperava, vinha com seus olhos raiados em sangue.

Nat ri, alto demais. "Mas e você pode?"

"Eu não quero mais ver você lá." Meu pai engrossou sua voz. "Entendeu?"

"Não venha com seu discurso de merda para cima de mim quando você nem tem moral para discutir." Ele se atropela com as palavras.

"Eu não sei do que tá falando."

"Ah não sabe?" Os cabelos loiros de Nat tapavam-lhe a testa de tão desarrumados. "Quer que eu vá chamar a puta com que você tava antes para me dar razão?"

Minha boca abre e o ar à minha volta parece ir desaparecendo conforme vou processando aquelas palavras. Tudo bem que Nathan não tem noção nenhuma do que tá dizendo, mas não há aquele ditado que bêbado só diz verdades? E que razão teria ele para mentir?

Há um tempo que meus pais têm-se vindo a afastar um do outro e eu até tinha posto a hipótese de meu pai tar traindo mas ainda assim dói acreditar.

"Você não passa de um bêbado maluco que não sabe o que tá dizendo." Meu pai zomba e a maneira como ele provoca Nathan sem nem tentar se defender apenas confirma o quão babaca ele é. "Ninguém vai acreditar em você."

"Mamãe vai." Meu irmão o desafia, o encarando com ódio.

"Nathan, querido, você nem vai lembrar desta noite quando acordar amanhã." O outro ri e o loiro trinca o lábio se contendo. "Você quer me bater?" Nat desvia o olhar. Era óbvia a resposta. "Anda, força. Mas tem apenas uma única chance, faça ela valer a pena."

Meu pai começou batendo no seu maxilar como a insentivar que ele realmente lhe acertasse. Sua atitude era repugnante, eu não o conhecia por aquelas maneiras e, sinceramente, preferia a ignorância a ver isto.

"Não é isso que você quer?" Ele continuou. "Vamos Nat, eu posso ver nos seus olhos o quanto você deseja fazer isso. Eu tô te dando permissão."

"Eu não vou bater em você." Reparo no punho dele fechar cravando as unhas na carne.

Meu pai ri da sua resposta e quando eu penso que ele apenas se iria retirar, ele puxa seu braço a trás e golpea o próprio filho. Logo a pele da maçã do rosto do Nathan abre e o sangue começa a escorrer pela sua bochecha.

Aquilo era demais. Eu não ia permitir que o meu irmão sofresse mais com os erros que o meu pai era incapaz de se responsabilizar.

"O que tá acontecendo?" Entro na sala e os olhares são trazidos para mim. "Nathan, você tá bem?" Caminho para o pé dele tentando ver a dimensão da ferida mas ele apenas me afasta.

"Seu irmão acabou de chegar." Viro meu corpo para o meu pai que divagava com seu tom extremamente falso. "Tava agora mesmo fazendo a mesma pergunta para ele, mas parece que esse corte foi resultado de uma briga de bar. Não é mesmo filho?"

Olho para Nathan que encarava meu pai com seus olhos num azul mais escuro que eu conhecia dele quando algo o estava perturbando. "Sim, não é nada demais." Ele se força a admitir.

"Perguntas esclarecidas, eu vou me deitar então. Amanhã a gente tem que abrir a loja cedo, é um bom dia para o comércio." Ele sorri para nós. "Tenham uma boa noite."

E eu posso garantir que ninguém me deu tanto nojo até agora como ele nesse momento.

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esse foi o primeiro capítulo em que o pai dos clayton apareceu :/ e ai o que acham dele???

xx Buhh

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