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n a t h a n     c l a y t o n

"Clayton. Clayton. Clayton."

Eu continuava correndo. Me desviando da merda de garotos que me tentavam deter, mas minha agilidade era maior e eu acabava por conseguir passar por eles. A bancada era levada à euforia e eu podia ouvir o meu nome em toda a parte.

O placar dava empate, estávamos a um ponto das finais. Eu tinha que fazer isso.

Espio o campo por entre o ferro que se metia à minha frente por conta do capacete. Todos estavam correndo que nem cavalos atrás de mim, era meio assustador para dizer o mínimo. Mas eu gostava disso, quando a adrenalina se metia nas minhas veias e eu achava que ia morrer, era quando eu me sentia mais vivo.

Meu olhar atravessa as cheerleaders, focando-se de novo na minha frente. A Lex ainda não tinha aparecido. Ela nunca faltava a jogo nenhum e-

Merda! Senti um embate, um ombro a encostar no meu abdómen com força, meu corpo voou até ser jogado no chão. Eu tinha perdido por mera distração.

"Foi mau, cara." Ele se desculpou.

Minha barriga tava doendo para caralho. Suspiro, voltando a deitar a cabeça na grama.

"Substituição! Clayton!" O treinador iria me substituir?

Faço uma expressão dolorosa quando me levanto e começo a caminhar. Meu andar era esquisito mas eu logo o tentei disfarçar para que ninguém notasse nele. A real era que eu tinha falhado e, de uma maneira ou de outra, eu tava me odiando por isso. Eu sempre fazia bons jogos, eu me destacava e marcava mais pontos para o time. Mas hoje isso não tava acontecendo e eu não sabia sequer o porquê.

"Williams, você vai entrar." O treinador fala para um garoto qualquer, nem prestando atenção nele.

"O quê? No campo?" Seus olhos se arregalam. "A jogar? Com o time?"

O treinador gira sua cabeça para trás, o encarando de testa franzida.

"Ok!" O garoto pega suas luvas e vai correndo pela grama. De certo, nós iríamos perder agora.

Tiro o capacete e sento no banco. Ao meu lado apenas haviam os jogadores que eu nunca vi sequer jogando. Um deles tava estudando e o outro tentando mexer as orelhas abrindo e fechando a boca. Reviro os olhos.

Eu nunca tinha sido posto de fora antes.

"Sam? Porque meu filho tá no campo?" Uma voz atrás de mim pergunta. "Por acaso ele viu um vídeo game do outro lado?"

"Talvez ele esteje jogando, faz parte do time." Uma mulher lhe responde.

Suspiro amaçando o cabelo com as mãos. Então era esse o meu nível? O pai do cara nem lembra mais que ele joga no time e ele foi me substituir? Podia até ser falta de humildade falar isso, mas que porra treinador.

"Oi gato."

Eu conhecia essa voz. Rodo minha cabeça para trás e vejo uma garota de cabelos pretos e tatuagens inclinada no ferro da bancada. Seu peito tava quase saltando da blusa mas eu nem senti a mínima tentação. Talvez minha frustração fosse maior que a tesão.

"Perdeu seu caminho para o bairro, Hazel?" Soou seco. Tava sem vontade de lidar com ela numa hora dessas.

"Engraçadinho." Sua postura não se abala com o meu comentário. "Vim ver você, na verdade. Tava com saudade."

"Poderia ter ligado."

"Você não atenderia." Era verdade também. "Quer passar lá em casa mais tarde? Coloquei vela no quarto."

O que eu tinha a perder? Já tinha filho da puta escrito na testa mesmo.

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bem curtinho só para att

xx Buhh

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