Coisas as escondidas

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*Laura*

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*Laura*

   Ali sentada com meus sentimentos não sei ao certo como fazer e escrever uma canção. Ainda sentia tristeza por minha mãe, talvez seja por isso que a chuva caia. Não deveria ter escondido nada, mas ela jamais acreditaria em mim.
Sentada olhando para a folha de papel a frente suspirei fundo e limpei as lágrimas, estava preparada para escrever e precisava de algo para me libertar, desabafar toda aquela angustia em meu ser. Estava sentindo meu coração pesado, posicionei as folhas e o lápis, olhei mais uma vez a janela e nem sinal de Ares.

    Talvez tenha esquecido de mim ou estivesse com raiva devido a falta de meu compromisso. Voltei meus olhos para o papel e comecei a escrever. As primeiras palavras escrevi ainda trêmula, o medo de não estar bom o suficiente me consumia e ainda mais o medo de minha mãe me pegar e começar a me bater de novo.
Consegui escrever uma parte e a li em voz alta, procurei imaginar uma melodia suave e delicada que somente uma harpa tocaria.

   "Ao som dos pássaros que vem me alcançar, não deixeis que o medo do gavião me detenhas.
Sonhe alto jovem pássaro, o seu voar te levará pelas estradas vazias e oceanos imensos. Não terás mais medo não, o seu voar será abençoado pelos deuses.

  Ao som dos pássaros que vem me alcançar, não deixeis que o medo do gavião me detenhas.
Sonhe alto jovem pássaro, o seu voar te levará aos grandes salões do Olimpo e com os deuses vai se sentar e de seu vinho vai se saciar.

  Não tenhas medo do gavião, a coragem está em pequenos corações. "

     Era isso, era sim a melodia que eu desejava e seria essa que Ares ouviria de meus lábios. Pelo menos uma coisa boa naquele dia ruim estava acontecendo.
Escutei o barulho de passos apressados no corredor, escondi o pequeno caderno debaixo do lençol e deitei na cama. A porta se abriu e minha mãe trazia uma bandeja de prata com pão e um copo de algum liquido, já até imagino o que ela tentaria. Após tudo, queria fazer as pazes comigo.

   — Desculpe ter sido tão dura, mas você sabe que só quero teu bem. — disse como se nada tivesse acontecido, meu bem? Depois de quase me matar digamos.

   — Você destruiu tudo que eu amava. — comentei olhando a harpa jogada no chão e segurando as lágrimas.

   — Não diga isso Laura, você não precisa dessa vida se casar com o filho do governador. — Pegou um pedaço do pão e me entregou para comer. Novamente essa conversa.

   Segurei em minha mão, mas não coloquei em minha boca.

    — Então é isso? Quer me casar com uma pessoa só por mero interesse? Isso não é querer o melhor da vida é querer obrigar os outros a serem o que não são! — respondi com raiva, nada mais estava fazendo sentido em minha mente e ela iria me ouvir por bem ou por mal.

    Ela suspirou e pegou a bandeja a colocando no criado, sentou na cama e puxou meu braço. Sabia que viria um sermão por aí, mas nem dei tanta ousadia a ela. 

Uma noiva para AresOnde histórias criam vida. Descubra agora