Marcos, Escola e "Eu não vou desistir de você!"

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-Marcos?!

Exclamei, não conseguindo conter a pontada de raiva em minha voz.

-Oi, Caramelo!

Ele disse, sorrindo. Não conseguia  acreditar na tamanha capacidade dele de ser descarado. Depois de tudo o que aconteceu, ele chegava em minha porta e ria?

-Caramelo?! Era seu apelido?

Carlos, que estava bem atrás de mim, perguntou-me abafando risinhos. Mas vingança é um prato que se come frio.

-O.. o que você está fazendo aqui?!

Perguntei, fechando a porta e deixando-o do lado de forra. Porém, meu suposto pai interrompeu meu movimento evasivo e a escancarou, dando passagem para que Marcos entrasse e se acomodasse em nosso sofá.

-Ah, ele vai morar conosco agora. Sua mãe me disse que tinha um quarto sobrando e já que a  casa é bastante grande...

-O QUÊ?! Calma, rebobina um pouco... o que você disse no começo da frase?

Eu tenho certeza que isso era uma tentativa conjunta dos meus pais para deixar meu genitor com uma carga de culpa menor diante de seus mais recentes atos. 

Eu nem iria começar a listar o quão falha era essa tentativa, tendo em vista que um dos principais motivos era o fato de que o garoto loiro a minha frente era meu ex namorado, não meu melhor amigo, como todos pensavam.

E tenho certeza que, se eles soubessem desse fato, minhas roupas já estariam separadas e amontoadas numa trouxa e eu estaria zanzando pelos trilhos do trem, que nem tinha na cidade.

-Marcos vai morar conosco esse ano. Essa cidade oferece um sistema de estudos melhor que a outra, então.. 

E também, sua mãe conversou comigo e chegamos a conclusão de que você poderia precisar de um empurrãozinho para fazer algumas amizades. Com alguém que você já conhece por perto ficaria bem mais fácil.

Nesse momento, ele percebeu que Carlos também estava na sala.

-Mas pelo visto, isso nem era necessário.- e estendeu a mão para Carlos, tentando parecer educado - Muito prazer!

Eu poderia perfeitamente acabar com toda a pose dele de bom pai, mas optei por não fazer uma cena.

Pelo menos não ainda.

-Finalmente fez alguma coisa que preste por alguém que não seja você, né "papai"?

Disse, imprimindo o máximo de sarcasmo que consegui reunir em minha voz. A expressão de esperança do meu se desvaneceu. Então, ele deu um longo suspiro, encarou-me por alguns segundos e saiu da sala, indo falar com a minha mãe.

Eu ainda estava atônito. As lembranças da noite da minha festa improvisada de despedida pululavam em minha mente como se estivesse numa baladinha, ao som de Selfie, dos The Chainsmokers. Mas você pode estar se perguntando: mas você não deveria estar feliz de reencontrá-lo?

Eu estaria. Se antes de ir embora da minha antiga cidade não tivesse visto uma cena de um pornô de quinta cujo protagonista era Marcos.

Estava tão imerso em meus devaneios que nem percebi quando minha mãe se aproximou de grupo.

-Marcos, oi! Como foi a viagem?

Ela perguntou, tentando ser sociável.

-Foi ótima, Senhora Benitez. Obrigado. De verdade.

-Que é isso, menino! Olha, suas coisas já estão no seu quarto, tá? Assim que eu terminar de arrumar tudo você pode subir. Aliás, eu vou já fazer isso.

É Certo ? É Errado ? É Amor? (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora