María
Eu estava no quarto do Jhonny. Olhando para o quarto vazio dele... a casa estava tão sem nada sem ele... a cada vez que eu entrava naquele quarto, eu saia com o sentimento de culpa dilacerando.
Ele se foi...
Não voltaria mais...
Tudo naquele quarto me parecia vazio sem ele. Tudo naquela casa me parecia vazio sem ele. Desde as paredes até o tapete.
-María, cheguei.
Eu desci as escadas enxugando meu rosto.
-O..oi.
-Já preparou o jantar?
-Já.
-Então vamos comer.
Eu pus a mesa e comi em silêncio. Eu não aguentava mais aquilo. Depois de dois meses que o Jhonathan foi embora... minha vida virou um inferno! Isso não era vida. Não era mesmo.
-Eu não quero mais viver assim.
-Como?
-Eu não quero mais viver assim. Não vou mais viver me lamentando pelos cantos. Eu quero poder trabalhar e viver por mim. Eu quero meu filho de volta! Eu quero nosso filho de volta...
Nesse momento, ele me deu um soco no rosto. Imediatamente, eu senti o sangue escorrer. Mais uma cicatriz. Vou juntar para minha coleção.
-Não toque no nome daquele viadinho dentro dessa casa. E você só vai trabalhar quando EU quiser! Entendeu? Eu!
Eu não estava me reconhecendo. Eu estava me submetendo a isso? Meu Deus...
-Eu estou sem fome.
Eu subi as escadas para o "nosso" quarto. Ele subiu atrás de mim. Ele me encostou na parede e me beijou. Aquele beijo me causou náuseas, me causou ânsia de vômito.
Eu empurrei ele, e ele me olhou com raiva.
-O que você fez?! Eu sou seu marido! Eu posso fazer o que eu quiser com você.
Ele me deu um murro no estômago. E começou a me bater. Era sempre assim. Eu me recusava a transar com ele e ele me espancava. Voltou tudo ao que era antes.
Antes do Jhonny. Antes de tudo.
-Agora, vê se da próxima vez, pensa duas vezes antes de me empurrar, sua vagabunda! Vadia!
Ele me segurou pelas mãos e disse:
-Agora, você vai ter que aguentar.
Sim. Ele transou a força comigo. Meu próprio marido. Que deveria me amar.
Naquel hora, eu me senti menos que um nada. Eu me perguntava como aquela situação tinha chegado àquele ponto. Como eu deixei tudo isso acontecer.
Eu entrei no quarto do Jhonny. Vazio. Igualzinho a algumas horas antes daquela mesma noite. As paredes com os posters rasgados... os cd's. Tudo me fazia lembrá-lo. Eu me deitei na sua cama pela primeira vez em dois meses, desde que descobri que ele era homossexual. Eu liguei o mini system e pus um cd que ele gravou e que amava. Não sei o nome da música que começou a tocar, era americana, mas o refrão me chamou muito a atenção:
"Onde tiver desejo, haverá uma chama
Onde tiver uma chama, alguém pode se queimar
Mas só porque queima, não quer dizer que está morto.
Você tem que levantar, e tentar, tentar,tentar..."
Essa parte não saiu de minha cabeça. E as lágrimas não demoraram a sair. Eu não estava tentando. O meu Jhonny não tinha morrido. Ele só era... diferente.
Eu não estava tentando. O meu... "marido" não era neu dono. Ele não podia fazer o que bem entendesse comigo. E eu teria que começar a tentar. Eu teria que começar a levantar e tentar, tentar, tentar. Até eu acertar. E eu não poderia errar. Não mesmo.
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No outro dia, após a saída dele para o trabalho, eu fui na casa de uma amiga minha. Eu contei a ela sobre tudo o que aconteceu. E aquilo de um alívio imenso para o meu peito. Aquilo foi como tirar pedras gigantes e efervescentes de meus braços. Ela disse que me ajudaria com tudo. Sim, eu tinha um plano.
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É Certo ? É Errado ? É Amor? (Em Revisão)
RomantizmVocê já teve alguém na sua porta, esperando por você, durante uma semana inteirinha ? Ainda por cima ele é o homem de sua vida ? Pois é, esse maluco se chama John, e ele está bem aqui embaixo da minha janela, há uma semana, e cantando com o violão...