Capítulo 15

18 3 4
                                    

Angelo On

Não vou negar que morar de novo com o meu irmão é um desafio de paciência e amor. Esperei bastante tempo para que ele entendesse o quanto o nosso pai magoou a nossa mãe e como ele esta se tornando exatamente como ele.

Talvez esta amizade com a Alicia mude algo dentro dele. A cada dia que passa, ele se torna em uma pedra humana. Com respostas prontas na ponta da língua, sentimentos mais escondidos do que nunca. A cada dia que passa ele se transforma mais no nosso pai.

A nossa mãe sempre se culpou por ter deixado ele ir embora com o nosso pai. Ela sabia que ele arruinária o Gustavo. E como ela não pode cuidar dele agora que ele está de volta, é minha responsabilidade fazer o Gustavo voltar a ser aquele pequeno Gustavo que saiu daqui.

Desde o dia que ele chegou aqui eu tenho ele embaixo de olho. Sei o que estão pensando. Mas isto é o cuidado que ele não recebeu quando era pequeno. Eu vou mostrar para ele o quanto ele estava errado quando escolheu viver com o nosso pai. Vou fazer ele entender isso a bem....ou a mal.

Alicia On

Resumindo e concluíndo até agora a Alicia não ligou para o Gustavo.

Para de me torturar! Eu vou ligar.

Quando?

Agora!

Estou tremendo e não sei como mas apertei o botão de ligar.

Nunca fiquei tão nervosa ouvindo aquele "tum" "tum" esperando ele atender.

Gustavo: alô?

Ele esta com voz de sono, será que estava dormindo a essa hora?

Alicia: oie....

Gustavo: o que você quer?

Alicia: eu queria....queria conversar com você.

Gustavo: já está conversando.

Alicia: é sério Gustavo.

Gustavo: tá bom fala logo.

Alicia: eu queria saber se você me desculpou por ter falado com você daquele jeito na feira. Eu não queria ter dito aquelas coisas sobre você. Eu não tinha esse direito já que nem te conheço.

Gustavo: verdade, você não me conhece.

Alicia: a gente podia mudar isso?

Gustavo: como assim?

Como assim Alicia?

Alicia: a gente podia conversar mais, ao que parece temos coisas em comum.

Gustavo: tipo?

Alicia: a música...

Gustavo: ata...

Alicia: tudo bem você não tem que aceitar logo agora. Você podia pensar no assunto e depois quem sabe a gente podia conversar mais para se conhecer um pouco mais. Sabe conversar é sempre bom a gente escuta um ao outro aprende coisas...

Gustavo: Alicia já entendi.

Alicia: então vai aceitar?

Gustavo: quem sabe.

Alicia: sério isso?

Gustavo: sim, ou achou que eu aceitaria logo de cara passar mais tempo com uma chata como você?

Alicia: isso não quer dizer que não vai aceitar.

Gustavo: também não quer dizer que aceitei.

Alicia: sério Gustavo. Você quer ou não?

Gustavo: talvez....

Alicia: amanhã durante o almoço

Gustavo: beleza agora me deixa dormir.

(fim da ligação)

Oh meu Deus, ele aceitou?

Até eu fiquei surpresa.

Tudo bem, calma, vamos pensar com calma. Amanhã eu vou almoçar, talvez sozinha com o Gustavo. Vamos almoçar juntos para conversarmos e nos conhecer-mos melhor.

Soa como um encontro.

Encontro?

Oh meu Deus que fui eu fazer.

(....)

Não sei o que fazer, eu não sei o que fazer. Era suposto ser um dia como qualquer outro. Eu ia acordar tarde, sair às pressas para não perder aula, mesmo correndo chegar atrasada e levar bronca e por fim ficar de castigo durante a tarde na escola.

MAS O QUE SE PASSA COMIGO?

Estou acordada desde as 5 da manhã tentando encontrar uma roupa para vestir e ir pra escola. Eu nunca tinha feito isso antes. Nem nos dias que a nossa turma ia tirar fotos anuais eu me preocupava em ir bonita, arrumada ou chegar a horas.

Eu não entendo. Porquê eu me sinto tão estranha perto do Gustavo? Porque eu quero estar perto dele? Porque eu gosto de ver ele sorrindo para mim? Porque sinto um choque em todo o meu corpo quando ele toca em mim?

Nunca senti isso antes. E é bastante assustador esse novo sentimento. Acho que estou caminhando numa corda bamba e é como se me fosse machucar a qualquer momento.

Fui pra escola de uma forma que nunca fui antes. Com uma saia preta e um cropped preto e um all star preto também. Sai muito cedo, a minha mãe nem tinha acordado ainda. Peguei o caminho mais longe para ir pra escola, caminhando bastante devagar ouvindo música.

Ainda estou com o MP3 do Gustavo. Sinceramente ele tem um ótimo gosto musical. A playlist dele varia entre músicas tranquilas, até músicas agitadas e dançantes. Ele tem músicas bem pesadas de rock pesado mesmo até música sertaneja.

A playlist dele é uma autêntica confusão. Acho que a playlist dele é uma amostra do que ele é. Uma grande grande confusão.

Cheguei na escola na hora normal que os outros alunos chegam. Parei no meio do caminho para deixar o tempo passar um pouco porque se não ia chegar antes dos professores. Quando cheguei senti todos os olhares em mim. Parecia que eles estavam vendo uma completa estranha. Mas acho que até é normal.

Eu saí como uma garota de rua. De calças rasgadas, blusa preta toma manchada, tênis completamente imundos. Para uma autêntica mocinha. Ninguém falou comigo na escola, como de costume, então fui direto pra minha sala.

Hoje seria a primeira vez que a Dona Ana entraria na sala e eu sou eu quem está esperando ela. Ma para minha grande surpresa, todos chegaram, a professora os alunos mas nada do Gustavo. Quando o Angelo chegou eu achei que logo atrás dele estaria o Gustavo. Mas não.

Ele não veio. Marcou comigo e na última hora não veio. Porquê que ele não veio? Eu sei que ele gosta de faltar ás aulas e que odeia acordar cedo mas ele sabia que nós íamos conversar hoje. Aí que droga essa curiosidade está me matando.

- Angelo?

- Oi - diz falando baixinho porque mesmo estando aqui há pouco tempo ele já conhece a dona Ana.

- Cadê seu irmão? - pergunta a curiosidade em pessoa.

- Dona Alicia, será que a minha aula está atrapalhando a sua conversa?

Olha que lindo.




Qual deles é o tal?Onde histórias criam vida. Descubra agora