Capítulo 14

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*Gustavo on*

Não vou negar que dei importância a mais para o que aquela demente me falou. Mas ela até tinha razão em uma coisa.

Foi divertido o tempo que passamos juntos. A troca dos MP3, as risadas na montanha russa e principalmente a cara de medo dela. Isso sim foi o melhor de tudo.

Mas admito que fui pego de surpresa quando eu descobri que a minha música preferida dela é a mesma que a minha.

Parece que acabei por estragar tudo quando fiz aquele escandalo todo por causa da preocupação dela com o Angelo.

Quer saber, não foi escandalo nenhum. Ela se importa demais com o Angelo e nem sabe quem ele é de verdade. Sendo tapada e idiota do jeito que ela é, é obvio, que ela é um alvo mais do que facíl para ele. Tudo bem que eu também não sou nenhum princípe encantado mas porque que todas olham sempre pro Angelo?

Não vamos viver no passado né?

Graças aquela maluca, estou doente. O caminho todo que eu fiz na chuva para levá-la para o hospital e para voltar depois me deixou com uma gripe daquelas.

O lado bom de estar doente, sim tem lado bom em estar doente, é poder faltar ás aulas, com permissão de um médico. Gosto de faltar mas só quando é necessário. Preciso de boas notas para poder entrar numa faculdade que preste de verdade.

Não vai falar sobre a sua visitinha?

Sim por acaso isso foi a coisa mais estranha do mundo. Estava de boa, deitado vendo séries quando escuto alguém bater na porta. O Angelo tinha acabado de sair da hora do almoço e saiu para voltar ás aulas da tarde. Só pode ser ele. Levanto bravo e quando abro a porta pronto para dizer um palavrão vejo uma mulher de meia idade.

- Eu estou procurando o Gustavo.

Estou em sarilhos e não estou sabendo?

- Porque esta procurando ele? - cuidado nunca é de mais.

Se for alguma coisa de ruim, digo que o "Gustavo" está na escola.

Eu já vi essa mulher em algum lugar. Ela é parecida com alguém.

- Sou a mãe da Alicia.

Claro. Olha por acaso ainda existe esperança para aquela idiota, para uma mulher de trinta e poucos anos, ela é bem bonita.

- E porque que está me procurando?

- Menino, cadê sua educação? - diz com uma cara nada boa.

- Ah....Désolé. Entre, não precisa puxar minhas orelhas.

Ela ri e entra.

- Agora é suposto eu oferecer alguma coisa para você beber certo? - digo tirando o cabelo dos olhos.

- Não. O que eu tenho que fazer é bem rápido. Eu quero que anote o seu número aqui. - ela diz me entregando um papel.

- Quer marcar um encontro é isso? Pensei que o homem que convidava a mulher. - digo pegando o papel.

- Bom quando você for um homem de verdade você pode até tentar me convidar para sair. E já te dou a minha resposta. "Não"

Podia ter ficado sem essa.

- Não precisa agredir. - digo e ela ri - Tome.

- Não quer saber porque eu quero seu número?

- A Alicia quem pediu. - digo já sabendo mesmo sem ela ter dito nada.

- Como você sabe? - pergunta sem entender.

- Porque se você não quer o número da "criança" aqui, só pode ser aquela doi...aquela menina quem pediu. - não estou lá muito a fim de apanhar por isso é melhor me controlar.

- Sim foi ela quem pediu. Só ainda não entendi o porque.

- Pergunte para ela não pra mim.

- Vocês dois estão namorando? - diz bem diretamente.

- O QUE?

Nossa temos alguém aqui vermelho.

- Ela disse isso? - digo olhando abismado para ela.

- Não. Ela também negou do mesmo jeito que você está fazendo. Mas fique sabendo senhor Gustavo. - ela se aproxima de mim - Se você está tentando ter alguma coisa com a minha filha, saiba que tem que conversar comigo primeiro.

- Essa conversa não deveria ser com o pai dela? - digo me afastando.

- Vai falar com os mortos? - pergunta olhando para mim séria mas com uma pontinha de humor.

- Oh.....

Dado adicionado: o pai da Alicia morreu e ela é filha única de uma mãe "bastante" jovem.

Depois da conversa mais estranha da minha vida, volto para o meu quarto. A Alicia pediu para a mãe dela vir até minha casa pedir meu número porque?

Muito provavelmente para se desculpar com você de novo, já que você não falou que tinha desculpado ela.

Sim, com certeza deve ser isso. Mas agora estou bastante curioso. Será que ela vai ligar mesmo?

Duvido muito.

Eu também. Finalmente estamos de acordo em alguma coisa.

Não vou negar mas passei a tarde toda esperando a ligação daquela maluca. Mesmo sabendo o que ela vai falar. Estou bastante frustado com isso. Porque que ela não liga?

E para me irritar ainda mais o Angelo chegou das aulas mais cedo e está a fim de encher o meu saco.

- Você está ansioso com alguma coisa?

- Não. E mesmo que estivesse não seria da sua conta.

- Uau alguém está bravo. O que aconteceu que te deixou com uma pulga atrás da orelha? - diz sentando do meu lado.

- Terminou todas as suas séries e por isso está enchendo meu saco?

- Sim terminei as minhas séries e agora estou interessado em você. Vai fala logo.

- Já falei que não tenho nada para falar.

- Tem alguma coisa haver com a visita que você recebeu de tarde?- diz com uma voz estranha.

- Como você sabe que eu recebi uma visita de tarde? - pergunto surpreso.

- Um passarinho me disse. Porque ela veio te ver?

- Porque você quer saber?

- Porque estou perguntado. Me diz o que ela veio fazer aqui? O que ela queria com você?

- Não te interessa.

Eu saio de perto dele e subo pro meu quarto. O Angelo é um esquisito. Desde pequeno que ele sabe tudo o que eu faço quando estou sozinho. E se ele devia estar na escola naquela hora, como é que ele ficou sabendo que a mãe da maluca veio aqui?



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