Capítulo 12

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Alicia na boa, estou me sentindo uma idiota sentada aqui esperando eternamente.

Cala a boca! Eu preciso resolver isso. Preciso pedir desculpas ao Gustavo e vou fazer isso hoje assim que ele sair dali de dentro.

Cansei de brigar com ele. Quero ser amiga dele, quero ver ele bem nem que seja só do meu lado. Eu quero.....eu quero ver ele sorrindo de novo para mim.

Achei que era pra gente se apaixonar pelo anjo não pelo princípe negro.....

Eu estou apaixonada? Nem conheço ele direito, não sei quem ele realmente é, não sei a história dele os gostos..... será que eu estou me apaixonando por ele?

Bem isto está igualzinho aos filmes. Você conhece o menino de um jeito inusitado, ele é grosso com você mas depois vocês têm um momento juntos que acaba mal. Mas logo depois têm um momento juntos que corre tão bem e você descobre um pouco da essência dele e quando vê já está apaixonada.

Apaixonada? Eu? Pelo Gustavo.....Não isso é impossível. Eu posso ser muita coisa mas se tem uma coisa que eu não sou é fã daquelas comédias românticas, onde um casal se apaixona sem nenhuma razão aparente para isso. Eu sei muito bem o que eu quero, os meus planos, os meus sonhos, o que tenho que fazer para conseguir aquilo que quero e definitivamente não sou do tipo que se apaixona facilmente.

Tenho 17 anos e até agora nunca me apaixonei de verdade por ninguém. Não seria um garoto sabe Deus de onde veio que conseguiria me fazer ficar com borboletas no estômago cada vez que o vejo. Definitivamente, eu não estou apaixonada pelo Gustavo.

Tudo bem, daqui a um tempo, mais precisamente quando ele te machucar você cai na real e entende o que realmente está acontecendo.

Continuo sentada esperando e o dia lindo de sol começa a dar lugar a nuvens escuras e a um vento forte e frio. Começo a pensar em entrar na casa assombrada só para encontrar o Gustavo e trazê-lo cá para fora. Não é possível uma pessoa estar tanto tempo lá dentro. Mesmo se fosse eu a pessoa mais medrosa do mundo quando o assunto são coisas de terror, não ficaria tanto tempo assim ai dentro sem descobrir a saída. A menos que.....

Claro. Ele sabe que eu não iria embora e claramente não quer falar comigo. Por isso essa demora. Ele não sai da casa assombrada porque não quer. Porque sabe que estou aqui esperando.

Virou o Sherlock Holmes foi?

Mas e agora o que eu faço? Tenho e sempre tive medo de casas assombradas. Devo entrar? E se eu não conseguir sair?

Tá calma. Respira. O Gustavo não deve estar muito lá para dentro né? Ele deve estar perto da entrada então vai ser fácil encontrar ele. Me aproximo da cabine e compro um bilhete enquanto reuno todas as minhas forças para entrar ali dentro.

Parada na entrada sinto os olhares do homem que me vendeu o bilhete em mim. Claramente ele está se perguntando o que uma doida está fazendo agarrada ao bilhete de uma casa assombrada e parada na porta. Respiro fundo e entro.

O lugar é escuro. Parece que vai pular alguma coisa em cima de mim a qualquer momento mas mesmo assim continuo andando. Eu estou andando muito muito devagar, "olhando" tudo ao meu redor para garantir que não vou levar susto. Mas isso não serviu de nada, um corpo sai gritando de dentro de um caixão me fazendo gritar de medo mas o pior de tudo foram as aranhas enormes que começaram a se mexer. Não suporto aranhas, desde pequena, tenho pavor. Uma vez na creche fizeram uma brincadeira de dia das bruxas com as crianças. Um homem na brincadeira jogou uma aranha grande preta e peluda de pelúcia para o meu colo e a partir dai só me lembro de acordar numa cama de hospital. Ao que parece tipo o início de um ataque cardíaco. Depois disso nunca mais brincaram com aranhas perto de mim, até a minha mãe morre de medo de eu encontrar alguma dentro de casa.

Bom voltando, as aranhas começaram a se mexer, tipo naquele filme do Harry Potter, me fazendo gritar ainda mais. Eu saio correndo para mais fundo da casa a toda a velocidade. E quem me conhece já sabe, eu e corrida nunca acaba bem.

Continuo correndo sem olhar pra trás e vendo muito pouco á minha frente por causa da pouquissíma iluminação que tem nesse lugar. No percurso acabei me assustando de novo com um zombie e cai torcendo o pé junto.

Tento me levantar mas não consigo, o meu pé está doendo de mais. Volto a sentar olhando em volta e me encolho deitada no chão mesmo. Estou morrendo de medo, esse lugar está muito escuro. Tento chamar por ajuda mas acho que ninguém vai me ouvir aqui dentro. Estou contendo ao máximo a vontade de chorar não só por causa da dor no pé mas também pela vontade absurda de sair daqui.

A culpa é toda sua Gustavo! Tinha que entrar logo em uma casa assombrada?

Respiro fundo me concentrando e tentando achar um jeito de sair dali. Voltar para trás não posso porque entrei em algumas portas enquanto corria, então poderia errar o caminho ou até mesmo me assustar com alguma coisa pior. Pensa Alicia pensa.

Espero um pouco até a dor no meu pé amenizar um pouco e me levanto pulando só com um pé e agarrada a parede. Vou pulando mais para fundo até encontrar uma porta.

Não abre! Não abre! Não abre!

Não estamos num filme. Abro a porta e não tem uma única luz.

Não entra! Não entra! Não entra!

Entro e de repente não tem mais chão. Caio mais uma vez mas desta vez em algo macio mas agora não consigo sair. Não tenho claustrofobia nem nada, mas estava desesperada por sair dali. Tento sair de todos os jeitos mas não consigo.

Desisto me abraçando e começo a chorar. Mas então o som de passos me põe em alerta. Os passos são fortes e estão cada vez mais perto. Fecho os olhos com força até que uma luz muito forte é apontada para o meu rosto.

- Quem mandou você entrar aqui hein?

Abro os olhos, tento abrir pelo menos, a luz é muito forte. E um alivio tão grande tomou conta de mim. Eu estava certa, ele não tinha saído daqui porque não queria.

- Gustavo?

- Não. É o vampiro do caixão da esquerda. Sai dai menina. - diz claramente chateado mas se não me engano tinha uma pontinha de humor nele.

- Não consigo. Cai e machuquei o pé, não consigo andar.

- Ai Deus eu mereço. - diz colocando o celular de lado e finalmente tirando aquele holofote do meu rosto - Me dá sua mão.

Ele estende a mão para mim e eu já até sei o que vai acontecer agora. Seguro a mão dele com força sentindo um choque por todo o meu corpo e me sinto sendo puxada. Ele me puxa com facilidade para cima e me senta do lado dele logo depois colocando as minhas pernas  para cima também.

Eu congelo quando ele olha para as minhas pernas mas depois percebo que ele só estava olhando meu tornozelo.

- Está inchado, pode ter torcido o tornozelo.

Ele levanta colocando o celular no bolso e me pega no colo saindo facilmente da casa assombrada.

- Como você sabia sair?

- Conheço muito bem essa casa assombrada. Está igualzinha mesmo depois de tanto tempo.

- Gustavo....

- Não!

- Não digo eu! Você vai me ouvir sim! - digo determinada - Me desculpa. Eu não queria te magoar e nem estragar toda a diversão que a gente estava tendo. Me desculpa de verdade, eu não te conheço para estar chamando você de egoísta. - olho para ele esperando que ele aceite as minhas desculpas mas tudo o que recebo é um olhar dele e silêncio enquanto ele me leva para fora do parque de diversão.

Os olhos dele, cinzentos frios amargos. É assim que eu me lembro dele. Foi essa a lembrança mais marcante que ficou desde aquele dia.

Qual deles é o tal?Onde histórias criam vida. Descubra agora