O ritual seria feito as onze da noite, nos arredores da cidade. Monique alugou um carro e passou na casa de Loche junto com Edgar. Ela saiu de casa aos berros com a irmã, gritando para não se meter na sua vida. Mesmo com os protestos de Leana, Edgar e Monique receberam Loche e foram embora, deixando a irmã da garota sozinha e preocupada acompanhando o carro até ele virar a esquina.
- Então – Edgar se virou para Loche, ela usava uma camisa social de manga longa branca e uma calça jeans preta, brincos pequenos e rosas nas orelhas e o singular óculos de armação vermelha. Uma maquiagem leve parecia esconder as olheiras. – Você está disposta a fazer isso mesmo?
- Estou. – Loche deu de ombros. – Eu sei que preciso fazer isso. Não só por você, você sabe que não é só por você.
- Eu sei. – Edgar esticou a mão e pegou a dela. – Obrigado.
- Mas eu tenho uma condição. Não quero saber de Monique, nunca mais. – Loche respirou fundo e franziu o cenho. – Mesmo que foi graças a você que eu conheci Edgar, o que fez a ele foi uma atitude sacana. O que você ganhou em troca?
- Eu não vim me redimir ou procurar perdão. Vim apenas corrigir um erro. – Monique a encarava pelo retrovisor. – Eu não me importo em sumir da vida de vocês assim que possível. E pense por um lado, eu poderia simplesmente largar vocês a própria sorte.
- Está tudo bem. – Edgar interrompeu Loche antes dela continuar. – Hoje resolvemos isso e voltamos para nossas vidas. Daqui uns dias eu estou de volta ao Flango Flito e tudo vai voltar ao normal.
Mas ele sabia que não. Em seu âmago, sabia que ele trouxe Monique ali, seu ritual havia dado certo, Orobas havia feito sua parte. Agora deveria enaltecer o demônio para quem notasse o selo. Fazer o que? Pelo menos se livraria de toda aquela loucura. Olhando pela janela a noite de poucas estrelas, foi a conclusão que chegou, aquilo era uma loucura, saber que aquelas coisas existiam e tantas outras, a capacidade que temos de entrar em contato com o outro lado. E se todos nós fizéssemos isso, aonde chegaríamos?
- Aqui está bom. – Monique reduziu e saiu da rodovia, passando por cima do mato e finalmente estacionando atrás de algumas árvores. – Vamos procurar um lugar que tenha pelo menos uns cinco metros quadrados. Eu trouxe os símbolos em um tapete, é só estender.
Ela foi a primeira a sair do carro, Loche e Edgar a acompanharam. Monique pegou a mochila e um facão no porta malas, os dois trocaram olhares ao ver o facão cromado, mas ela os tranquilizou, era para cortar o caminho, se precisasse. Ela pegou duas lanternas pequenas da mochila, ligou uma e deu outra a Edgar e seguiram caminho. Não demoraram para encontrar um bom lugar. Monique pegou o tapete com um círculo e o estendeu, colocando a mochila em cima e tirando velas, mantos pretos, um chapéu de bruxa, uma varinha e outros apetrechos. Loche acendeu um cigarro e deu um trago longo, baforando para baixo. Edgar se aproximou dela passando por uma moita e apontou para o pulso.
- É aí, como você está?
- Estou bem. – Ela sorriu e ajeitou os óculos. – Obrigado por perguntar. Desculpe pela mão.
- Eu não entendi o porquê, mas tudo bem. – Soltou o ar dos pulmões e sorriu. - Fiquei com medo que você morresse.
- Tem certeza? – Loche deu um trago e o interrompeu antes que ele começasse – você entende que está me pedindo algo que vai além do que um simples favor. Você sabe o que pode acontecer comigo, não é? E mesmo assim me pediu para fazer isso. Mas tudo bem – deu mais um trago e baforou sorrindo – eu ia aceitar mesmo, não ia deixar a chance de participar disso passar assim tão fácil.
Edgar colocou as mãos na cintura, mas não respondeu. Ficou encarando seu rosto iluminado pela luz do cigarro sendo tragado. Monique os chamou e estendeu outro tapete em frente ao do círculo, com um triângulo. Ela já havia trocado as roupas caras pelo o manto e o chapéu, acendido velas nos quatro cantos do círculo e acendeu velas no triângulo, uma em cada ponta.
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A Flor Nefasta
HorrorApós uma noite de sexo casual com sua prima, Edgar é atormentado por uma presença maligna que se alimenta de seus desejos mais eróticos e perversos, uma succubus, o levando a uma queda vertiginosa em direção a loucura. Se agarrando ao pouco que rest...