Cap. 9 - Em Loche nós confiamos

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Depois daquele brinde Loche parecia cada vez mais encantadora, na medida que se embriagava, seu lado feminino parecia aflorar mais, suas bochechas ficaram rosadas, seu sorriso mais leve e seu olhar mais doce. Ele ficou imaginando porque aquela garota agia daquela forma, com uma simplicidade ingênua, como se o mundo não fosse um lugar cheio de demônios que não se manifestavam em sonhos, e sim no próprio homem. Ele se sentia até meio paterno a assistindo falar sobre sua terra natal, e sobre como gostava de falar para os outros que ela era um menino, confundindo os garotos e garotas da escola na adolescência.

Não que ela já fosse adulta, afinal, 19 anos é maior idade, mas a cabeça ainda continua ali, feliz na brandura da vida.

Ele se sentia como um coiote observando calmamente uma coelhinha, que pulava animada pelo gramado alto. Então esse coiote lhe quebra o pescoço em apenas uma mordida, e a come em questão de minutos.

Esse pensamento tirou Edgar daquele momento abrumado em um susto, a memória de Loche ensanguentada voltou a seus pensamentos com força total, o olhar de sofrimento, os lábios vermelhos, Junia a afogando em seu pênis. E ela estava ali, tranquila, falando sobre a neve e como era odiosa quando começava a derreter e ficar suja de lama.

- Loche... - A voz saiu travada. - Acho melhor eu ir para casa.

- Mas já? - Ela pegou o celular, olhando as horas. - Está cedo ainda!

- É, mas... - e lá estava ela, agora ele via sangue escorrendo gostoso por uma ferida no pescoço, o mesmo lugar que Junia havia mordido em seu sonho. - Os remédios me deixam muito sonolento e meio grogue.

- Ah... Tá bom. - Loche pegou a blusa de tricô, dobrou ela sobre a mesa e ficou a encarando, um tanto atônita, perdida em seus pensamentos. - Tá bom... Aí... Você me espera chamar um Uber?

- Claro que sim, fico com você lá fora.

A caricia noturna o despertou um pouco, sempre ajudava de alguma forma, mas no canto do seu olho, Loche ainda sangrava o pescoço, e sempre que via isso, Edgar tinha vontade de chupar aquela ferida como um vampiro, e beber seu sangue, por mais absurdo que isso seja. A carona de Loche não demorou a chegar, e Edgar sorriu ao finalmente ter a chance de se afastar.

- Então é isso... A gente pode se ver mais vezes? Desculpa se pareci uma doida com aqueles assuntos de súcubos e tal.

- Imagina, sou eu que fico vendo elas, não é? Claro que podemos nos ver. - Respondeu sorrindo.

Loche o abraçou para lhe beijar o rosto em despedida, o corpo arqueado, Edgar teve que se abaixar um pouco, meio sem jeito, e o beijo que era para tocar na bochecha acabou ficando próximo demais de seus lábios, chegando a tocar no canto de suas bocas. Ele se afastou surpreso, mas Loche o segurou o pescoço e o puxou, beijando seus lábios. Um beijinho simples, brincalhão até. Ela sorriu e foi ao carro, e se despediram mais uma vez com um aceno mais simples.

Quando o carro virou a esquina foi que Edgar sentiu que aquele pequeno gesto tinha aquecido seu ventre, e seu pênis.

...

Ela estava lá, em meio as arvores, sobre a neve, com chifres circulares cujo cume apontavam para frente, como os de um carneiro. Seus cabelos curtos e loiros estavam bagunçados, o óculos levemente caído sobre o nariz, seu olhar estava por cima da armação vermelha. Usava um corselet de couro preto, onde os pequenos seios nus eram cobertos por uma renda com detalhes florais. Usava uma mini saia de couro que apenas cobria seu sexo, e uma cinta liga com meias até metade da coxa, pretas, rendadas como a tela que cobria seus seios. Na mão trazia uma vara do tamanho de seu antebraço, torcida, de madeira preta carbonizada.

A Flor NefastaOnde histórias criam vida. Descubra agora