Cap . 4 - Silvia, a Masoquista

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Edgar cortou o cabelo. Foi a primeira coisa que fez na manhã de quarta-feira. Tirou aquele cabelo cheio, em excesso e um pouco longo, lavou com um xampu descente, recebeu algumas dicas do barbeiro para tirar aquela oleosidade exagerada e, porque não, já deixou marcado para voltar e fazer a barba na sexta de manhã.

Na noite passada não precisou do analgésico, mas não deixou passar a punheta. Rolava para cá e para lá fantasiando ingenuamente com Silvia, as vezes ela aparecia até mesmo com chifres em sua imaginação, e algumas vezes ele achava legal a ideia, uma diaba. E isso aconteceu na noite seguinte, e na de quinta feira também. A muito tempo não sentia tanta vontade de praticar o velho cinco contra um com tamanha necessidade. Aquilo não só o ajudava a dormir, mas na sua cabeça, também espantava aquela sombra e o medo, chegou até mesmo a dormir com as luzes apagadas na quinta-feira. Vai ver era isso, falta de mulher na vida. A última foi a quanto tempo mesmo, seis meses? E tinha sido com sua prima...

E lá foi a nova punheta da quinta de madrugada. Silvia e Monique, as duas com belos chifres circulares, lustrosos e possantes, um lindo símbolo de pura força bruta.

...

Hermes era solteiro, tinha uma casa grande, muito dinheiro para gastar sozinho. Era policial federal, tinha um salário alto e um péssimo habito de balançar o distintivo para quem ficasse em seu caminho, por qualquer motivo que fosse. Contudo, era uma boa pessoa, carismática e a maior parte do tempo, amável. Usava os cabelos sempre penteados para trás com muito gel, e para coroar o estereótipo, sempre estava com um óculos aviador, seja escuros ou espelhados durante o dia, ou amarelos e até rosas a noite.

O portão estava aberto, Edgar entrou com sua moto, uma singela CG 150, e estacionou sobre a grama, perto do muro. Dali já via a área, a churrasqueira e Hermes, sem camisa, de shorts pretos, chinelo e um ridículo avental branco e sujo, mas que se tornava o ápice da moda e do estilo com seu sorriso cheio de dentes e um bigodinho deixado ali só de safadeza. Ao seu redor algumas pessoas que ele conhecia, outras que jamais havia visto, e era sempre assim na casa de Hermes, e a muito tempo, era sua melhor fonte de sexo casual. Você conhece a fulana? E a fulana agora era seu alvo na noite, não deu certo? Fim de festa guardanapo é bolo, tem a gordinha que ninguém chega perto, ou até mesmo a dos dentes grandes e separados. Sempre sobra alguma coisa. Mire nas estrelas, acerte a lua, já está de bom tamanho.

Na piscina alguns caras, algumas garotas, e o cachorro de Hermes, o Safadão. Safadão era um boxer grande e orelhudo, bobão e que fazia amizade fácil. Edgar assobiou para o cachorro enquanto ia até a churrasqueira, e aquele cachorro animado foi a primeira "pessoa" da festa que ele cumprimentou, molhando as mãos e sujando sua calça, aquela cara que foi na festa em que tirou a sorte com Monique, mas ele não se importou, e só não abraçou o cachorro porque ainda não estava bêbado o suficiente. Safadão era amigo de todo mundo e raramente estranhava alguém, e essa pessoa era Silvia.

- Cortou o cabelo. – Silvia se aproximou, apontando para seu corte novo e a barba feita. – Ficou bem melhor.

Safadão não curtiu a aproximação dela, parou de rebolar e arfar animado e apenas a encarou, indiferente da mulher de 1,80, sem contar o salto alto. Ela estava com um jeans preto justo nas longas pernas, uma camisa branca e uma jaqueta preta, um tecido leve, mas que quebrava a brisa fria da noite. Nas orelhas brincos de argola dourada, finos e grande, maquiagem pesada ao redor dos olhos, lembrava de alguma forma os últimos minutos de sol. E o batom.

Muito vermelho.

Mas para Safadão aquela mulher não era nada além de um incomodo. Ele deu uma rosnadinha, mais para ele mesmo do que para eles ouvirem, e saiu correndo de volta para a piscina, pulando e espantando umas garotas que tinham medo de agua.

A Flor NefastaOnde histórias criam vida. Descubra agora