Cap .13 - Inferno

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E ele caiu.

No chão, a primeira coisa que fez foi chorar. Segurou o rosto com as duas mãos e chorou, não pelo dedo ou pela dor da queda, chorou por Loche, por Ariel, e por todas as mulheres a quem ele fez sofrer na vida. Aquela dor o fazia aceitar o inferno mais fácil. Ele merecia estar ali, ele deveria estar ali. Ariel teve seu corpo corrompido por ele e Loche tirou a própria vida, o peso desses pecados agora em seus ombros, o empurrando e enterrando mais fundo naquele buraco. Quando abriu os olhos, estava até a barriga afundado em um buraco macio feito de pele e carne, uma pressão intensa o empurrou por completo e ele foi expelido dali, caindo em um prato gigantesco de porcelana. A queda quebrou a sua perna esquerda, e ele gritou de dor ao ver o osso saltando da canela. O sangue escorreu do ferimento e deslizou sobre o prato, ele parecia ali uma comida pequena e cara, com apenas um detalhe molhado para embelezar o prato. Então deitou, esticou os braços e as pernas, deixando-se morrer, mas é claro, a morte não iria vir. Ali ele finalmente cedeu e concordou que estava no inferno e a única lembrança que vinha a sua mente era de Monique nua e com aquele maldito perfume.

- Mas não é por causa da Monique que você está aqui, não é?

Ele reconhecia aquela voz, era uma voz de sua infância. Era uma voz que ele amava.

- Eu te dei tudo, você se lembra? Uma vida que nenhuma criança sonharia em ter naquela idade. Uma sorte... É por isso que você é assim hoje, não é? Tem facilidade com as mulheres, e como você me retribuiu?

- Eu era só uma criança! – Gritou, as lágrimas quentes rolaram em seu rosto com a força do grito. – Eu fui enganado!

- Você sempre foi a vítima, Edgar? Eu te ensinei tudo, não foi? Te dei tudo e você me retribui me negando, me chamando de nomes e me ignorando, deixando de lado tudo que passamos juntos.

Uma mulher sentou ao seu lado, nua, morena, de corpo bonito e de curvas bem desenhadas, o cabelo em ondas escuras quase cacheadas e íris castanho claro em olhos levemente amarelados. Ela aparentava ter 26 anos, mas havia rugas em sua testa e em volta aos seus olhos.

- Lembra quando te chamei para brincar em casa? Lembra quando cuidei de seu joelho ralado, que os meninos te chamavam de viadinho porque tinha o cabelo maior que o deles? E o que eu te provei, Edgar? Provei que você não era nenhum viadinho, e você transou tanto comigo, o garoto insaciável que era...

- Voce abusou de mim!

- Abusei. – Deu de ombros. – A primeira vez apenas. Depois você vinha me procurar. E depois, e depois, e depois... E então você contou para seus amiguinhos, quis contar vantagem, e eles começaram a te chamar de puta, não foi? Te chamavam de escravo sexual, te chamavam de tantos nomes idiotas, falavam que ao invés de me foder, eu que fodia você, que enfiava o dedo no seu cu. Você descontou tudo em mim. O murmurinho foi tanto que os pais ficaram sabendo, e mesmo que você nunca tivesse admitido a verdade, nem eu mesma, tive de sair da cidade para evitar qualquer coisa. E você gostava de mim seu filho da puta. – Ela levantou e pisou em sua perna quebrada, ele gritou e tentou segurar a perna dela, mas não tinha forças nem para isso, os músculos do abdômen cederam a fraqueza. – Você gostava de mim e o que fez? Me negou por ser um covarde! Foi isso que fez e hoje você se defende dizendo que era uma criança, que eu era uma pedófila, até disso me chamou não foi seu bosta? – E ela pisou novamente, girando o pé sobre o osso, e tudo que Edgar podia fazer era gritar. – Eu te ensinei tudo que um moleque precisava saber sobre sexo, tudo! E você me procurou depois? Me procurou adulto? Não! Você pensou "ela está velha, quase quarenta..."

A mulher sentou de perna aberta sobre o peito dele, roçando a vagina sem pelos em sua pele. Estava úmida e quente, mas a dor que sentia não deixava ele sentir nada além de desespero.

A Flor NefastaOnde histórias criam vida. Descubra agora