Cap. 15 - Em Loche nós confiamos. Parte 2

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Adrastia era seu nome, e ele sabia. Os dois estavam sentados sobre uma duna de areia fria, nus, sob o céu sem estrelas. Era o Limbo, agora sabia o nome daquele triste lugar, e Adrastia era a Lilim, agora uma súcubo madura, que havia sido mastigada e incorporada de certa maneira a sua essência. A súcubo estava sentada com o rosto entre os joelhos e as mãos segurando os dedos dos pés. Suas asas batiam lentamente na brisa, negras, finas e longas. Edgar estava sentado de pernas abertas, arqueado para trás, apoiado nas mãos. Não diziam nada, apenas contemplavam o vazio do deserto.

Ela abraçou suas pernas e suspirou, os olhos amarelos brilhando na soturna luminosidade do limbo. Ela parecia triste, transtornada até e Edgar apenas balançava seus pés para a direita e para a esquerda, os calcanhares na areia.

Ela virou o rosto para ele e sorriu, sem graça, sem alegria. Vazio. Ele retribuiu o sorriso da mesma maneira e voltaram a contemplar o deserto sob o céu sem estrelas.

- Edgar, você é muito burro.

...

Loche acordou assustada ao ouvir uma porta batendo com força. Abriu os olhos e viu Edgar dormindo, a boca aberta roncando baixinho, e ela, abraçada a ele com a mão sobre seu peito. Levantou o lençol e se sentou, estava nua e ele também. Havia um volume embaixo da coberta que ela não resistiu e levantou revelando o pênis ereto de Edgar enquanto ele dormia. Ela riu com a mão na boca e ainda deu um tapinha nele, o balançando como um mastro. Procurou sua roupa e deu falta da calcinha, lembrou logo que ela havia sido rasgada, o que a divertiu ainda mais ao lembrar daquela loucura. Procurou na cômoda de Edgar por uma cueca e a vestiu, uma coisa branca de algodão seco que mais parecia que uma fralda e uma meia velha tiveram um aborto, mas iria servir, não suportava o contato de suas partes íntimas na calça jeans. Depois de se vestir achou o óculos e foi ao banheiro, arrumou o cabelo, lavou o rosto... Estava pronta, achava.

Voltou para o quarto e sentou ao lado dele, agora com óculos via a marca de seus dedos em seu pescoço, finos hematomas avermelhados. Teve dó, se sentiu um pouco mal, mas quando lembrou do momento, ah, o momento! O que foi aquilo? Loche mordeu o lábio sentindo seu corpo se preparando para mais um round, se preparando para aquele pênis ereto ali, a sela que deveria cavalgar. Mas não podia, tinha seus compromissos com a faculdade. Se levantou com um suspiro penoso e pegou o celular, enfiando no bolso da calça após ver as horas. Era cedo, não iria se atrasar. Abriu a porta e deu mais uma olhada em Edgar e seu pênis. Riu ao fechá-la, imaginando como seria se ele acordasse com ela montada sobre ele. Quem sabe um dia faria isso?

Na sala, pegou a calcinha no chão, a dobrou e colocou no outro bolso. E enquanto a enfiava no bolso, viu uma folha dobrada sobre a televisão, ela olhou para o lado e para o outro como se procurasse alguém e o pegou, havia o nome de Edgar, mas mesmo assim a abriu se sentindo travessa. E após lê-la disse apenas uma palavra:

- Merda.

...

Ariel sentou no banco da praça, o cimento ainda escuro pelo orvalho da manhã. Então era isso, as pessoas iam para seus trabalhos, outras passeavam com seus cachorros, mas todas elas tinham algo em comum. Eram mentirosas. Mentirosas desgraçadas que usavam as outras pessoas ao redor em um jogo idiota. Eu te uso, você me usa, e ganha quem usar mais o outro. Seu pai era rei naquele jogo, gay desde sempre, casou, teve uma filha, traiu sua mulher com outros homens, tantos outros homens, e exilou sua própria filha apenas para continuar com sua vida pervertida. Sua mãe? Uma burra que prefere acreditar nas mentiras do marido do que perder as mordomias de uma vida financeiramente agradável. E agora, a única pessoa em que aprendeu a cuidar e confiar, a seduz com chocolates e chamegos apenas para, no mesmo dia, levar uma mulher para sua casa. Sua casa! Deveria ser a esquisita daquela garota loira que mais parecia um menino. É isso, Edgar deve ser tão gay quanto seu pai, afinal, ficou com tantas mulheres e nunca ficou com ela. Uma imagem repugnante brotou em sua mente, Edgar de quatro e seu pai, gordo e de bigode exagerado, o fodia por trás. A outra imagem foi ainda pior, era Edgar que fodia seu pai e ria da sua cara por ser tão sozinha.

A Flor NefastaOnde histórias criam vida. Descubra agora