1. départ

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Desde criança eu sempre fui muito ligado à literatura. Meus pais, professores de gramática e literatura clássica se conheceram na faculdade, e assim que decidiram ter um filho, sabiam que pelo menos essa paixão ele teria que herdar.

E eu herdei. Desde muito novo eu sempre fui muito bom em literatura, lia cerca de quarenta livros por ano e enfim descobri o que eu queria ser quando crescer. Um escritor.

Ser um escritor não é fácil, passar todos os seus sentimentos para o papel exige muita dedicação e criar personagens também não é uma das tarefas mais simples dessa profissão. Talvez seja a mais complexa, sem contar a responsabilidade e disciplina.

Criar meus personagens sempre significou estudar muito as pessoas reais, as pessoas que estão ao meu redor, que vivem comigo. Sejam elas amigos próximos ou familiares.

As minhas histórias sempre foram inspiradas em coisas que eu já vivi, em desejos não realizados quando mais novo ou realidades impossíveis de acontecer. Com isso, eu decidi mostrar o meu trabalho ao mundo aos dezoito anos, publicando meu primeiro livro de forma independente.

Um romance clichê escolar foi a primeira obra que eu decidi lançar. Essa história marcou um momento muito importante da minha vida, pois foi quando eu descobri quem eu realmente era. Na escola, enquanto eu estava namorando uma garota, eu percebi que meu olhar se dedicava muito ao comportamento dos garotos, seus detalhes e suas personalidades. Foi quando, assim que estava no último ano do Ensino Médio, tive meu primeiro beijo com um garoto.

Eu não vou dizer que aquela sensação não foi estranha, já que eu tinha os lábios de um garoto colado aos meus. De qualquer forma, eu gostei daquilo, porque me trouxe um sentimento único e pela primeira vez eu sentia que estava sendo amado de verdade. Eu digo isso porque na mesma noite do baile de formatura, em que eu dei meu primeiro beijo em um garoto, eu tive minha primeira noite de amor com um homem também.

Meu namoro com esse rapaz durou pouco tempo já que nós dois precisávamos entrar na faculdade. Ele entrou. Eu não. Ao me dedicar a vida de escritor, eu não soube muito bem qual carreira seguir, mas pretendo iniciar meus estudos em literatura, apenas quero mais um tempo para me encontrar.

Depois que eu revelei aos meus pais que eu era bissexual, eles não aceitaram de primeira, ficaram receosos, ainda mais por acharem que eu não seria capaz de passar todas as coisas boas da nossa família aos meus futuros filhos. Eu disse a eles que independentemente de quem eu escolhesse para minha vida, uma família seria construída e todas as coisas boas com certeza seriam compartilhadas. 

Agora com vinte e dois anos e vivendo completamente dos meus livros, - com dois publicados -, eu estava solteiro, porém eu sabia que poderia contar com meus amigos, Kim Seokjin, Kim Namjoon e Min Yoongi, já que desde a escola, fomos sempre muito apegados. Na infância, nossos pais criaram um laço de amizade que se originou de nós quatro, frequentávamos a casa de cada um, inclusive dormíamos juntos, viajávamos juntos. Hoje nós estamos vivendo nossas vidas independentemente.

Ter sua própria casa e morar sozinho não foi um sacríficio, já que desde muito cedo eu ajudei a minha família. Seja na hora do almoço, faxina, o que era necessário, eu sempre soube me virar. Me deixar sozinho em casa nunca foi um problema, só era um caos quando eu e meus três melhores amigos se juntavam.

Hoje, cada um em sua própria casa, vivendo de aluguel, sobrevive com seu próprio trabalho e suor. Namjoon e Yoongi são produtores e compositores em uma pequena companhia de entretenimento, enquanto Seokjin cursa artes cênicas na Universidade Nacional de Educação de Busan, lutando pelo seu sonho para se tornar ator.

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Faziam alguns meses desde que eu escrevi uma linha em um livro. A minha segunda obra publicada já fazia seis meses, então eu estava sem mover um dedo desde lá. Eu sabia que eu precisava me inspirar em alguma coisa, precisava sair, me divertir, precisava buscar em Namjoon, Yoongi e Seokjin, algo que pudesse me fazer bem. 

Era a primeira vez desde muito tempo que eu lidava com o bloqueio criativo. Minha mente parecia vazia, nada era suficientemente bom para se tornar o enredo de uma grande história. Ver filmes, ouvir músicas, nada parecia real até que eu vivesse algo que fizesse sentido para ser realmente o terceiro livro da minha carreira.

Enquanto eu tomava uma xícara de café para buscar inspiração e força em alguma coisa, todos os meus pensamentos foram interrompidos pela campainha. Pela janela, eu descobri que Yoongi e Namjoon vieram me visitar, já que Seokjin estava em horário de aula. 

Quando eu abri a porta, os sorrisos deles me deram um pouco mais de animação. Era muito bom tê-los ali, eu os admirava e era muito orgulhoso por ver os homens incríveis que eles se tornaram. É bom fazer parte disso.

- Boa noite, Jungkook! - Namjoon sorriu, revelando suas covinhas, e me abraçou bem apertado. Yoongi, por sua vez, me agarrou pelo pescoço e me deu um breve abraço. Seu sorriso gengival revelava o quão doce ele era.

- Boa noite, meninos! Como vocês estão? Por que vieram me visitar? É bom ver vocês aqui. - Sorri, sentando no sofá, me espreguiçando.

- Estamos bem, a gente veio ver você, estávamos caminhando a pé e paramos um pouquinho. - Yoongi começou a verificar se havia alguma comida nos meus armários ou na geladeira. - Meu Deus, Jungkook, você precisa urgentemente ir ao supermercado, não tem nada para eu comer aqui. 

- Oi? Você veio aqui só para comer? - Começamos a rir. - Já, já faço algo para nós três. Eu estou exausto com meus pensamentos se é isso o que querem saber. 

- Conte-nos todos os seus problemas, somos todos os seus ouvidos e ombros para chorar. - Namjoon se juntou a mim no sofá e aguardou eu começar a falar.

- Preciso me inspirar em algo, eu não tenho vivido absolutamente nada nos últimos meses, eu preciso encontrar alguma resposta, viver um romance, uma aventura, alguma coisa útil para ser meu terceiro livro. 

- Você está precisando de um macho. - Yoongi falou e riu em seguida. - Estou brincando, homens não são tão legais, viva algo sozinho, não sei, procure se aventurar sozinho por aí.

- Não sei se teria o mesmo efeito. - comento.

- Eu acho que você deve seguir Yoongi, há muita coisa para viver sozinho, Busan é tão bonita, duvido não encontrar inspiração nessa cidade. - Namjoon sugere.

- Eu realmente não sei, vou procurar alguma coisa.

- Realmente, com essa cara você está praticamente toda a derrota. - Yoongi me motiva ainda mais com sua frase.

- Obrigado por me motivar muito mais com esse comentário, estou incrivelmente melhor. - Nós três começamos a rir.

- Mas enfim, você viu aqui no bairro? Eu vi esses dias, mas nem me interessei porque morro de medo. Um estúdio de tatuagem foi inaugurado. - Yoongi menciona.

- E por que eu me interessaria nisso? Não gosto de tatuagens, tenho pavor, só de imaginar aquele barulho, a dor... Sinceramente, não consigo. - respondo e em seguida os dois começam a rir da minha cara. - Hoje eu estou tão engraçado assim para vocês rirem da minha cara toda hora? - Eles negaram.

- Na realidade não, é porque você não viu a figura que é o tatuador daquele lugar. - Namjoon começa a detalhar.

- E? O que eu tenho a ver com isso de novo? 

- Você conta ou eu conto, Yoongi? - Namjoon atiça. 

- Enquanto a gente estava caminhando a pé até chegar aqui na sua casa, passamos pelo estúdio de tatuagem hoje e o provável tatuador e dono do lugar estava na porta e eu vou te dizer uma coisa Jeon Jungkook, o cara parece aqueles tipos bad boys, mal humorados e mal encarados. - Yoongi detalha. - Mas apesar de tudo ele era tão atraente... - Yoongi senta na outra ponta do sofá e respira fundo. - Ele era bonito, sério.

- Eu acredito em você, mas esses caras não fazem meu tipo, vocês sabem. - Os dois assentiram e Namjoon voltou sua atenção para mim.

- Você não acha que ele seria um bom personagem para seu novo livro? - Olho para Namjoon e Yoongi e percebo que aquela pergunta teve mais sentido do que qualquer outra palavra dita naquela noite.

Sucker | [Jikook] Onde histórias criam vida. Descubra agora