Sucker | [Jikook]

15. nouvelle phase

Eu podia assumir que de uns tempos para cá eu aceitei uma mudança. Uma mudança interna, dentro de mim, aceitei me amar, ser um pouco mais extrovertido, deixei de lado a timidez para poder assumir um relacionamento frente a todos, até mesmo em uma boate, à frente de desconhecidos.

Mas a mudança não tem sido apenas interna, eu consegui aceitar coisas em mim, na minha pele, na minha aparência, que tem me ajudado a dar novos passos a cada dia.

Uma tatuagem e agora um piercing. Podem parecer coisas pequenas, até mesmo comuns de se fazer, mas para mim foi um passo e tanto, eu arrisquei, aceitei fazer os dois sem nem ao menos pensar e devo dizer que estou orgulhoso de mim mesmo.

E eu também não poderia deixar de lado a parte mais importante nesse processo. Park Jimin. O atraente tatuador que eu conheci tempos atrás, que jamais pensei em chegar, conversar, conhece-lo melhor e até mesmo me apaixonar.

Jimin era tudo o que eu esperava em um novo amor e se hoje eu sou esse Jeon Jungkook, um homem confidente de si mesmo, é por causa dele, mas acima de tudo por causa mim.

Eu estava em seu estúdio de tatuagem naquela tarde de domingo, conversamos tanto que nem vimos a hora passar. Foi um momento só meu e dele.

- Eu me lembro de ter passado na frente do seu estúdio de tatuagem tempo atrás e ter ouvido um som de piano, aquele som nunca mais saiu da minha cabeça, então você tocou naquela noite em que eu descobri que você era um pianista. - Jimin não parava de sorrir quando eu comentei isso a ele.

- Ah! Então eu preciso te mostrar uma coisa, amor. - Sorri para ele.

- Como assim? - Questionei, confuso. Ele pegou na minha mão e eu não pude me sentir mais especial. Eu percebi novamente, com bastante detalhe, como sua mão era pequena perto da minha. Era extremamente fofo, e sentir seu toque macio e suave, fez meu coração acelerar. Assim que ele agarrou minha mão, me puxou para uma porta fechada de seu estúdio. Em instantes, ele girou a maçaneta e revelou um cômodo completamente novo.

Era uma sala branca, também cheia de quadros, com um sofá no canto da parede, uma televisão presente em cima de uma espécie de home theater e um lindo piano de centro, junto de um banquinho próprio para o instrumento ser tocado. E nossa! Era lindo. O piano era marrom, bastante chamativo por estar tão bem cuidado e brilhando.

- Meu Deus, Jimin! Que coisa linda! - Falei. Ele me levou até o piano e eu pude me sentar ao seu lado, já que o espaço dava para dois.

À frente das teclas, fiquei com vontade de toca-las, de senti-las, apesar de não saber tocar absolutamente nada.

- Posso? - Perguntei a ele.

- Claro, amor. - Jimin sorriu. Então eu o fiz, comecei a tocar devagar, tecla por tecla, sentindo a suavidade e o som ecoar pela sala.

- É muito bom. - Ele assentiu.

- É maravilhoso, não é? - Eu tive que concordar. Mas eu precisava pedir algo.

- Jimin? Posso te fazer um pedido?

- Você pode me pedir tudo, Jungkook. - Ele riu, desajeitado.

- Pode tocar para mim aquela música? - Ele sorriu, unindo meus lábios nos seus com um selinho.

- Posso, mas você tem que me prometer que vai cantá-la enquanto eu o acompanho. - Neguei com a cabeça.

- De jeito algum, não sou bom nisso. Nunca cantei na vida. - Jimin negou com a cabeça.

- Nunca diga nunca, amor. Só agora, só nesse momento, enquanto eu toco. - Suspirei e afirmei.

- Ok, eu vou fazer isso. - Ele vibrou e sem pestanejar, começou a tocar a música.

A partitura já estava colocada no suporte do piano, parecia que ele tinha tocado a música recentemente, pois percebi que assim que chegamos no cômodo, o instrumento estava todo aberto, com as teclas à mostra.

A música que aparentemente só tinha instrumental, na verdade tinha uma letra também. E eu cantei toda a composição. A minha voz saiu de forma bastante agradável, ia de acordo com a melodia.

Eu estava um pouco tímido por nunca ter feito isso na frente de alguém, mas até que me saí bem.

A letra era sobre os sentimentos de uma pessoa, todo o seu interior estava dentro daquela música. Em suma, contava sobre a felicidade de estar ao lado de quem você gosta, o que todo aquele turbilhão de sentimentos era capaz de fazer, sendo provocados por apenas uma única pessoa. Era basicamente tudo o que Jimin sentia por mim em forma de música. Era meu livro. Era o resumo daquele título. Euphoria.

- Ficou incrível, você canta igual a um anjo, Kookie! Estou apaixonado por sua voz. - Ele encostou sua testa na minha, fazendo com que nossas bocas ficassem a centímetros uma da outra. Era possível sentir sua respiração ofegante e o seu desejo inexplicável de entrar em combustão em um beijo apaixonante. Não demorou muito para que Jimin me agarrasse pelo pescoço e invadisse sua língua dentro da minha boca. O choque foi instantâneo, eu me derreti por completo pelo ato. Para não me desequilibrar do banco do piano, me segurei em seus ombros e me permiti sentir tudo aquilo, todo aquele amor.

Assim que o beijo chegou ao fim, Jimin ficou mais um tempo com sua testa encostada na minha.

- Sabe? Depois que te conheci, essa letra que eu escrevi é sobre o que sinto por você desde antes mesmo de nos aproximarmos dessa forma. Eu só queria encontrar a voz perfeita para ela, pois a minha não combina muito e puta merda, garoto! Ela foi feita pra você completamente. - Sorri tímido, assentindo.

- Se é o que você diz. - Dei de ombros. - Não posso negar.

- Coloque em seu livro. - Confuso, revirei os olhos para ele.

- Como assim, Jimin?

- Faça essa música ser o tema do seu casal, imortalize ela no seu livro. - Continuei confuso.

- Mas Jimin? A música é sua! Você não gostaria de trabalhar em cima dela? Lançá-la? Eu não sei. - Neguei confuso e ele acrescentou:

- Kookie - ele procurou meus dedos e os pegou para fazer carinho enquanto falava comigo - a música é nossa, é sobre nós dois, não é? - assinto - e o seu livro é sobre nós dois também, não é? - assinto novamente.

- Sim e sim também, Jimin... Mas... - antes que eu pudesse continuar, ele interrompeu.

- Sem essa de 'mas', esquece! Coloque a música no livro, amor. Escreva a história como ela é. É nossa. - Eu não podia negar que sua ideia era maravilhosa, seria incrível ter uma música dedicada aos personagens que criei, baseado na minha própria vida. Com Jimin, era muito difícil dizer a palavra 'não'.