× obrigada, próximo ×

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Camila

Seattle, janeiro de 2017.

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"Eu juro, eu faço tudo para eu não me apaixonar"

(Garoto errado - Manu Gavassi)

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— Ele é um gato. Se você não quiser, eu quero. - Lara diz, olhando as fotos que saíram nos tablóides do dia em que sai com Shawn.

Pego algumas roupas nos cabides e jogo dentro da mala, enquanto minha melhor amiga paquera meu funcionário gato. Se ela ao menos soubesse o sonho erótico que tive com ele alguns dias antes. E eu nem estava dormindo de verdade!

— Sossegue o rabo. Você já tem o Joseph. - respondo, mantendo a atenção nas roupas que iria doar para o orfanato.

Quando finalmente termino minha tarefa, Lara me ajuda a colocar as malas na sala, onde Will pegará para por no carro.

— Brenda Walsh vai dar uma baita festa no final de semana. Acho que seria uma bela oportunidade de você encontrar um bode de verdade. - ironiza.

Volto para o quarto, e escolho um vestido florido soltinho para a visita ao ofarnato.

— Não quero nenhum homem no meu pé, Lara. Se quisesse, eu já teria. - digo.

Não entendo por que as pessoas acham que as mulheres são incapazes de serem felizes sem estar num relacionamento. Isso é tão antiquado para era que vivemos.

— Isso soou meio machista não é?

Balanço a cabeça sem lhe dar muita atenção. Ao contrário de mim, que tenho inúmeros compromissos, Lara é apenas a filha desocupada de um magnata, sócio da minha editora. Apesar de sua futilidade constante, é uma boa companheira.

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Num modo geral, a sociedade é dividida em várias classes. E quem vive em cada uma delas tenta sempre deduzir como seriam suas vidas se pertencessem a outra classe. Como exemplo os pobres: muitos idealizam a riqueza como algo surreal e fantástico. Acreditam que os ricos vivem os contos de fadas que a Disney produz e que não temos direito algum de reclamar ou te ter algum problema. Em alguns casos, os invididuos acham mesmo que pessoas como eu não podem ficar tristes, pois temos dinheiro e glamour, e que isso nos isenta dos momentos turbulentos.

Do outro lado, temos os ricos, que são aqueles que não fazem ideia da dificuldade que um pobre passa. Alguns até sabem, pois antes de tornarem-se quem são, comiam o pão que o diabo amassou. Outros, os conhecidos como nascidos em berços de ouro são aqueles que não se importam com o próximo, que colocam suas necessidades acima de qualquer outro ser.

E no meio disso tudo existem apenas pessoas. Aquelas que se abraçam e de amam sem se importar com esteriótipos ou contas bancárias.

Existem pobres que pisaram no outro pra enriquecer assim como existem ricos que matam, estupram e continuam intactos na alta sociedade. Mas também existem ricos bons, aqueles que ajudam o próximo.

Não me considero uma mulher integra. Tenho dinheiro de sobra, sei que soh inteligente, mas também tenho meus defeitos. Aos olhos da mídia, sou apenas uma patricinha que deu sorte na vida. O que ninguém sabe é o que faço fora dos holofotes.

O trabalho voluntário somados as doações de brinquedos e roupas que faço todo ano são um segredo que poucos sabem. É algo pessoal que não acho que precisa ser noticiado.

Se você quer muito ajudar alguém, vá e ajude. Não espere que tenha uma platéia para te parabenizar. Faça com amor.

Deixei Lara em casa e passei o dia inteiro com Shawn do meu lado no orfanato. Por ele ter uma filha pequena, se emocionou com a história da pequena Liz, que teve os pais mortos em um acidente de carro e que foi rejeitada pela familia de ambos por ter tido um braço amputado.

A garotinha era tão meiga, que fazia com que eu sentisse ódio de pessoas tão hipócritas por largá-la ali, num lugar que estava longe de ser um lar agradável.

Ela se apegou bastante a Shawn enquanto eu dava atenção a todas as crianças.

No fim do dia, sai de lá com o coração apertado, e liguei para uma empreiteira, pedindo o orçamento para a construção de um prédio melhor do que aquele e mais adequado para crianças. Essa semana convocaria profissionais competentes incapazes de maltratar aqueles seres inocentes como vi ao longo do dia.

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— Nos vemos amanhã? - Shawn indaga. Sinto que ele ainda está meio perdido sobre seu trabalho incomum.

— Claro. - sorrio ao vê-lo saindo do carro.

Faz duas semanas que trabalhamos juntos hoje. Esse homem é totalmente diferente dos outros, isso já notei pela frieza em seus atos e na tristeza excessiva em sua expressão, por outro lado, gostaria muito de poder conhecê-lo mais a fundo.

Disperso esse pensamento quando saio do carro para entrar num fast-food e dou de cara com meu ex namorado, Liam.

— Camila? - seu olhar encontra o meu. Tento desviar a atenção dele, mas sem sucesso.

— Oi. - digo, surpresa de vê-lo com o uniforme do estabelecimento, logo ele que sempre foi metido a burguês e adorava humilhar os outros.

— Quanto tempo.

— Quero um big mac com fritas e refrigerante. - ignoro completamente sua tentativa ridícula de puxar assunto.

Será que ele nunca ouviu falar de que a fila anda?

— Certo... - aperta a tela touchscreen do computador e volta a me olhar - Está linda.

— Obrigada. Você está bem feio. - rebato, feliz por não sentir absolutamente nada por aquele cara que um dia me enganou e iludiu.

Saio da fila e deixo que Will faça seu pedido e leve o meu até a mesa que me acomodo.

Sinto o olhar de Liam sobre mim durante um bom tempo. Mas não me importo.
Ninguém nunca mais partiria meu coração.

After You [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora