× namorados? ×

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Shawn

Me envolver com alguém estava fora de questão.

O que aconteceu entre Camila e eu naquele dia não poderia voltar a rolar.

Gosto dela e sei que precisa de ajuda pra abrir mão um pouco do tempo excessivo no trabalho pra cuidar de si mesma e está com quem a ama, mas eu não quero me envolver.

Odeio imaginar que em algum momento posso sentir na íntegra tudo o que vivi com Sofia, e imaginar como seu final foi triste faz com que eu queira evitar repetir o erro. Aliás, quais são as chances disso acontecer de novo?

Por outro lado, meu corpo me contraria quando estou perto de Camila. Quando saímos juntos, quando conversamos... Pode parecer bobo, porém, aquela mulher está mexendo comigo de uma maneira que sou incapaz de contestar meus desejos.

Quando meus lábios beijaram os dela foi como se alguém tivesse riscado um palito de fósforo e jogado sobre a gasolina. Porra... Nem lembrava qual foi a última vez em que fiquei tão excitado. Sorte a minha ela não ter percebido.

Eu estava parecendo um cachorro desesperado, não consegui me controlar, e se não tivéssemos parado, só Deus sabe como nossa noite teria acabado.

Outra coisa que não permite que eu me negue a ir além com esse estranho e familiar sentimento é a minha necessidade peculiar de querer defendê-la. Oras, mas esse não é meu trabalho?

A resposta é: Sim.

A questão é que não quero defender Camila apenas de possíveis assaltos ou tentativas de assassinato. Quero também protegê-la de pessoas rudes como Elizabeth Banks.

Já presenciei inúmeras conversas onde algumas mulheres diziam coisas machistas. Não as julgo, pois foram criadas dentro dessa doutrina de que o correto é se casar cedo, ter filhos e cuidar da casa enquanto o homem faz o que bem entender. Minha mãe era assim até dizer basta a própria família e mudar-se para outro país.

Sorte a dela ter conseguido um emprego, e logo conhecido meu pai, o homem que me ensinou tudo sobre ser alguém realmente descente na sociedade.

Durante a minha adolescência, achava que ele estava equivocado com seu ensinos, pois TODOS os garotos do meu colégio tratavam as garotas como objetos. Ainda sim, continuei seguindo os princípios de Manuel, até chegar a certa idade onde consegui compreender o que ele queria dizer.

A sociedade é gerada por pessoas que aplicam regras sem sentido. 

Pessoas que se cuidassem devidamente da própria vida, não se preocupariam com o que os outros fazem ou deixam de fazer.

Quando olho para Abigail, lamento demais sobre seu futuro, pois sei que as mulheres ainda sofrem bastante por causa do machismo. Por causa de homens com masculinidade frágil que negam-se a aceitar que elas podem ser tão boas e fortes quanto eles.

Confesso que sinto muita falta de ter alguma mulher presente na vida de Abby. Sei que farei o possível para que ela seja uma mulher admirável, no entanto, sei que com uma figura feminina seria mais fácil pra ela se espelhar.

— Vai ficar aí olhando para o nada?  - Luciana diz, batendo levemente no vidro do carro.

Estou fazendo hora até Abby sair da creche.

— Entra aí. - peço a minha amiga, que dar a volta no veículo e senta ao meu lado.

— E ai, meu amigo? Como anda as coisas com a sua patroa? - dispara depois de dar tapas em meu ombro.

— Tudo na boa.

— Pensei que iria dizer que finalmente assumiu seu amor por ela. - rebateu, fingindo está chateada com o que falei.

Se tem alguém que vai me encher o saco sobre Camila será Luciana. E sei que não é por mal, faz bastante tempo que eu fico com alguém, então quando lhe contei do beijo ela surtou como se tivéssemos no ensino médio.

— Amor? Acho que você anda lendo romance demais pro meu gosto. E espero que não ensine isso a Abby. - respondo tentando segurar o riso ao ver sua indignação.

— A Abigail precisa sonhar, Shawn. - acrescentou.

— Não precisa. Os homens são babacas demais e não quero que a minha filha cresça com o coração partido. - retrucou.

— Tá bem. Mas vai pelo menos continuar com a Camila? Por que eu shippo. - seu sorriso cínico me fez rir.

— Ela é minha chefe. Só isso.

— Bem, não é o que os programas de fofoca estão dizendo.


Na manhã seguinte sou bombardeado por vários repórteres ao chegar na entrada da Focus. Depois que Luciana insinuou que estivessem falando sobre mim na Tv, esperei que Abby dormisse para pesquisar sobre.

Literalmente Camila e eu nos tornamos o assunto do momento por todo o país desde o evento que acompanhei ela.

Fora os flagras na rua, incluindo a vez em que ela segurou minha mão.

Aquilo foi tão natural que eu tinha esquecido o propósito da nossa atuação. E agora estou cercado de pessoas querendo ganhar dinheiro em cima de um relacionamento que não existe.

— É verdade que você e Camila estão namorando? - uma mulher de cabelos salpicados ruivo pergunta, quando passo ao seu lado.

A pergunta é repetida por outra pessoa, mas me mantenho concentrado em desviar de todas as câmeras e empurrar o mínimo de indivíduos até está seguro dentro do prédio.

Pelo visto meu plano de ser discreto por aqui falhou.

After You [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora