After You [CONCLUÍDA]

× encontrando a cocozenta ×

Camila

O grande salão estava cheio, com cerca de sessenta mesas redondas decoradas com elegância, repletas de mulheres e homens bem vestidos, conversando por cima de copos de água sem gás ou ponche.

O ar estava pesado com a mistura inebriante de perfumes. Embora esteja acostumada a frequentar esse tipo de evento o tempo todo, está acompanhada pela primeira vez me deixava nervosa.

— Lembre-se do que lhe disse. Estamos juntos. - disse a Shawn, enquanto caminhavamos até a mesa onde meu nome estava escrito.

Eu sei muito bem que estaria ali nos acompanhando, por isso precisava tanto de um homem comigo esta noite e de toda aquela encenação na semana passada.

Gentilmente, Shawn puxou a cadeira para mim, em seguida sentou ao meu lado, parecendo levemente nervoso.

Por um instante me peguei pensando no momento que tivemos antes de sair de casa e o que teria acontecido se eu tivesse seguido meu extinto de beijá-lo. Será que ele teria retribuído? Ou teria dado um jeito sutil de dizer que era profissional demais?

Bem, seja o que for, acho que foi bom não ter rolado nada, por que ele é meu funcionário. Da última vez que me envolvi com um deu uma grande merda.

O garçom apareceu em nossa mesa servindo água, o que aceitei de bom gosto. Shawn se manteve neutro ao meu lado o tempo inteiro, e mesmo não sendo uma mulher boa com interações românticas, sabia muito bem que precisávamos demonstrar algo ali.

Por isso segurei a mão dele que estava sobre a mesa, deslizando meu polegar sobre sua pele. Ele sorriu quando o olhei e não demorou mais que alguns segundos para que alguns flashes nos flagrassem.

— Uma pessoa que odeio muito vai sentar nessa mesa. Quero que fique de olho nela, mas sem demonstrar, tudo bem? - pergunto e ele assente - Digamos que estou preocupada com o fato dela ser perigosa. Sinto que está tramando algo sobre mim e não posso deixar que isso aconteça.

Mesmo sabendo que Jake e Harry não estão muito longe, a sensação de segurança com Shawn bem ao meu lado era mais eficaz. As chances de algo me acontecer seriam bem menores.

Assim eu esperava.

Não demorou muito para que Elizabeth Banks, minha grande rival do mundo editorial surgisse, em seu vestido amarelo gema de ovo e com literalmente todas as curvas do seu belo corpo a mostra.

Seu cabelo loiro estava solto como uma cascata até o meio de suas costas nuas e um sorriso ligeiramente maligno estampou seus lábios carnudos no momento em que colocou os olhos em Shawn.

Cocozenta.

Notando a rigidez em meu corpo, ele entrelaçou nossos dedos e aproximou o rosto do meu ouvido, sussurrando algo que não entendi por está concentrada demais encarando aquela mulher.

— Ora, pensei que você não daria as caras por aqui hoje, senhorita Cabello. - Elizabeth diz, com seu semblante pleno como de uma serpente louca para dar o bote.

— Por que não viria? - questiono, tentando manter tranquilidade enquanto falo.

— Sei lá, você está sempre tão focada e obcecada em ser o centro das atenções no quesito números que...

— Acho que está me confundindo com você, querida. - rebato, apertando a mão de Shawn sobre a mesa.

Não entendo meu gesto, mas está com ele me dar um pouco mais de coragem pra rebater as insinuações sem cabimento da minha grande rival.

— Será? Não é o que dizem. - zomba ao sentar conosco na mesa.

Inferno.

— Como executiva de uma grande empresa, me surpreende que ainda acredite em fake news. - reflito e a encaro, satisfeita por vê-la desconfortável.

Odeio ter que odiar alguém, entretanto Elisabeth Banks não facilita as coisas. Adora a competitividade, e é uma mulher extremamente machista e conservadora. Já espalhou boatos ridículos sobre mim só por que aos vinte e poucos anos sou solteira e faço o que quero da minha vida. Ao contrário dela, refém de seu marido Anthony Banks, dono de algumas empresas do ramo tecnológico na cidade.

Enfim, o tipo de mulher que desprezo com prazer.

— Vejo que finalmente está sossegando. - comenta, desviando seu olhar para Shawn, que permanece tranquilo ao meu lado.

— Isso não é da sua conta, certo? - ele dispara - Aliás, por que a vida pessoal da Camila te interessa tanto? Só por que ela é bem resolvida? - indagou.

Vi quando Elizabeth engasgou e não soube o que responder, então, ela abriu um sorriso sem graça e saiu da nossa mesa, completamente sem graça.

Touché.

— Obrigada. - digo, ainda apertando a mão dele.

— Sem problema. Imagino que esteja acostumada com tanto julgamento de mulheres machistas. O que é muito triste. - comenta.

— No mundo dos negócios existem muitas Elizabeths. São mulheres que não cresceram sozinhas, que vieram de famílias que a fizeram se casar por dinheiro e acabaram se acostumando ser "controladas" pelos maridos. Então, na visão delas, mulheres como eu, que chegaram ao topo pelo próprio mérito e que não precisam de marido pra vencer na vida, são mulheres vulgares. - explico, e vejo-o ficando com uma expressão preocupada.

— Sociedade hipócrita do caralho. - resmunga.