14 - Esconde-Esconde

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 Amanheceu, Diego acordou com o cheiro de broa vindo da cozinha. Se levantou para seguir o cheiro, mas antes, olhou pela porta entreaberta do quarto de Jonathan e Duda. Ele dormia esparramado na cama de casal. Ela dormia de frente para a parede na cama de solteiro. Seu lençol estava no chão.

Sentou-se para tomar café na companhia de sua avó, que já pensava em preparar o almoço. Gabriela dizia que não dava para fazer dieta na casa dos avós, tinha comida na mesa o dia inteiro e sempre era comida boa, não dava para rejeitar. Chegou visita? "Toma um cafezinho". Vamos conversar? "Bora na cozinha, bater papo enquanto beliscamos alguns biscoitinhos". Está sem nada pra fazer? "Que tal comer?". A paixão de sua avó era cozinhar, e essa arte ela dominava. Dizia que cozinhar era uma demonstração de amor.

Duda acordou e abriu o WhatsApp. Sua última mensagem foi a de Diego. Sorriu ao lembrar da noite anterior. "Que céu incrível", pensou. Olhou as fotos que tiraram. Colocou uma no Facebook. Uma selfie antes de entrarem no bar, todos sorridentes, o chafariz da praça de fundo. Deixou o celular de lado e foi acordar o irmão.

O domingo foi preguiçoso, anoiteceu e Jonathan e Diego jogavam sinuca enquanto Duda e Gabriela dividiam a rede, uma deitada de cada lado. Eles conversavam animados sobre o barzinho, queriam voltar durante a semana. Combinaram que a cada dois dias sairiam para algum lugar. Não que tivessem muitos lugares para ir, mas para se divertirem fora dali. O sítio era bem legal, mas todos os dias acabava ficando maçante, tanto que foram dormir cedo porque estavam cansados de não fazer nada.

***

A segunda-feira amanheceu chuvosa, acabando com os planos de irem para a piscina. Maria fez bolinho de chuva enquanto eles escolhiam algo para jogar. Duda e Gabi queriam Banco Imobiliário, enquanto Diego e Jonathan insistiam que Truco seria mais legal.

– Já sei! – Jonathan exclamou – quando a gente era criança, a gente só esperava começar a chover para brincar de pega-pega ou esconde-esconde lá fora, na lama. Por que quando a gente cresce não pode mais? Fica aí a minha sugestão.

Os três se entreolharam e sorriram, concordando. Foram até a área da piscina e decidiram brincar de pega-pega. Estava com o Jonathan, já que ele sugeriu a brincadeira. Escorregavam na lama conforme corriam descalços pelo quintal. As meninas já tinham lama até no cabelo. Jonathan pegou Duda, agora estava com ela.

Ela saiu correndo tentando alcançar os outros, mas escorregava o tempo todo nas poças. Quando finalmente alcançou, puxou Diego pela camisa, o fazendo cair e caindo junto. Eles trocaram um olhar envergonhado acompanhado de um sorriso sem graça. Jonathan e Gabriela perceberam o clima diferente, se entreolharam mas fingiram que nada aconteceu.

Diego se levantou e ajudou Duda a levantar. Decidiram trocar o pega-pega por uma brincadeira com menos tombos, a lama estava muito lisa. Começaram a brincar de esconde-esconde. Como Diego foi pego, a brincadeira começou com ele.

Enquanto contava encostado na parede, Gabriela se escondeu debaixo da mesa de sinuca, Jonathan atrás da porta da cozinha e Duda se escondeu em um quarto de bagunças ao lado da mesa de sinuca.

Diego saiu procurando e a primeira a ser encontrada foi Gabriela. Seu esconderijo era muito óbvio, se escondia lá desde criança. "Um, dois, três, Gabriela". Diego saiu em busca dos dois que faltavam. Olhou ao lado da churrasqueira, debaixo do banco e da mesa de jantar da área externa, atrás de uns caixotes de feira, debaixo das boias da piscina que estavam amontoadas, até que entrou no quarto de bagunças.

Era um quarto pequeno, cheio de caixas velhas empilhadas, ferramentas nas paredes de madeira, alguns utensílios de limpeza sob uma bancada pequena e vassouras, enxadas e rastelos pendurados em ganchos atrás da porta. A iluminação se dava apenas pela claridade do dia através dos vãos da porta de madeira.

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