Imperfeitos

3 - Já estão fazendo falta

 Amanheceu e só Maria e Pedro estavam acordados. Logo Laura acordou e saiu atrasada para sua última reunião. Mônica acordou um pouco mais tarde e ajudou sua mãe com os preparativos para o almoço. A casa parecia vazia, tamanho o silêncio. Quando o relógio estava prestes a bater meio dia, Duda e Jonathan acordaram com o sol entrando pelo vão da janela de madeira. Duda ainda revirava pela cama quando Jonathan a chamou. 

– Bom dia, dançarina. Veio deitar bem tarde. – sorri.

– O que você está insinuando? – sorri envergonhada.

– Nada, só estou achando bacana a sua aproximação com o Diego. Ele é um menino bom.

– Ele é meu primo, nada mais natural, não?

– A Gabi também é sua prima e eu não te vejo conversar com ela além do essencial... – sorri e joga o travesseiro nela enquanto levanta.

– Nossa, não viaja! – fica sem graça enquanto tenta conter o sorriso e joga o travesseiro de volta.

– Du, eu sou seu irmão, seu melhor amigo, acho que te conheço bem. – sorri e sai do quarto.

Duda se levantou e foi para a cozinha. O cheiro de comida invadia a casa. Todos já estavam sentados à mesa. Tia Maria fez arroz, tutu de feijão, torresmo e polenta frita. Para tomar, tinha suco de goiaba colhida ali mesmo. Jonathan olhava ao redor, já sentindo falta.

– Ah tia, como eu vou sentir saudades daqui... Acordar todos os dias com o cheiro do café fresquinho, cheiro de terra, dormir ouvindo os grilos...

– Ah, meu filho, a namorada do Diego disse a mesma coisa quando veio dormir aqui!

– Ah Diego, não sabia que você tinha namorada...

– Não, Duda... Não é bem namorada... A gente saiu algumas vezes só. – fica sem graça.

– Mas ela veio aqui esses dias mesmo. Já terminou, Diego?! – Mônica diz em tom de bronca.

– Não, mãe. Não é isso... Quer saber, deixa pra lá.

Terminaram o almoço em silêncio e Duda foi deitar na rede em frente a piscina. Diego foi até ela para conversar.

– Ei, me desculpa por não ter falado da Nicole antes.

– Nicole é...?

– Minha "namorada". – faz aspas no ar.

– Tá se desculpando por quê?

– Não sei, talvez sejam coisas da minha cabeça.

– Fica tranquilo, a gente mal se conhece, é completamente normal não sair falando da vida assim, para qualquer um. – sorri.

– É exatamente isso. Não queria perder o contato com vocês de novo. Poxa, ficamos sei lá, uns oito anos sem nos ver e é como se a gente nunca tivesse se visto antes, a Gabriela lá na balada nem chegou perto da gente, e olha que ela é minha irmã! – ri.

– Não vamos, não. Olha quantos meios que a gente tem hoje pra se comunicar... A menos que você queira dar uma de Gabriela e ignorar a gente!

Diego abriu um sorriso e antes que pudesse responder, Duda se levantou e foi para o quarto arrumar suas malas junto de Jonathan. Ele não queria voltar para casa, estava se sentindo parte dali. Duda contava as horas para ir embora. Por mais que adorasse seus tios, aquele lugar lhe trazia muitas lembranças dolorosas.