16 - Não faz sentido

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          Duda terminou de almoçar e subiu na garupa de Diego. Não trocaram nenhuma palavra até metade do caminho, quando começou a chover.

– Era o que faltava né! – Duda exclama.

– Nossa, minha companhia é tão ruim assim? – Diego ri.

– Não é só isso, eu não gosto muito de andar de moto, na chuva fica pior.

– Nossa, "não é só isso", obrigado!

– Não Diego, não foi o que eu quis dizer... – fica sem graça.

– Relaxa, já estamos chegando.

          Seguiram em silêncio até chegarem no prédio. Subiram de elevador até o sétimo andar e entraram no apartamento completamente molhados. Duda tremia de frio.

– Vai tomar um banho quente pra não ficar doente. – Diego aponta a porta do banheiro.

– Mas e você?

– Você se importando comigo? – sorri debochado.

– Não quero ninguém ficando doente. – sorri de volta.

– Fica tranquila, tem um banheiro no quarto da minha mãe. – dá uma piscada.

          Duda entrou no banho e Diego ficou no quarto separando uma roupa para ela. Quando terminou, foi tomar banho no quarto de Mônica. Duda saiu do banheiro e viu um shorts de futebol cinza e uma camiseta do Metallica preta, porém muito desbotada em cima da cama. Se vestiu e foi para a sala. Logo Diego apareceu e se sentou ao lado dela em silêncio.

– Olha, não é por nada não, mas as suas roupas tendem a ficar melhor em mim. – Duda ri.

          Diego sorriu, mas não respondeu. Duda se encolheu no sofá e não falou mais nada. Ele procurou o pendrive de Mônica e ligou o notebook para enviar os arquivos para ela. Sentou-se novamente no sofá e ligou a TV em um canal aleatório. Lá fora a tempestade aumentava e o barulho da chuva batendo nas janelas era muito alto, mas não maior que o silêncio ali.

          Diego ficava zapeando os canais enquanto Duda olhava para os porta-retratos na estante, não havia reparado neles no dia em que chegou. Um em especial chamou sua atenção. Era uma foto de tia Maria e tio Pedro na Bodas de Ouro, com toda a família reunida. Não aguentou e deixou escapar uma lágrima.

– Ei, ei... Você está bem? – Diego pergunta, enxugando a lágrima.

– Sim, só lembrei de uma coisa... – olha para a foto.

– Foi naquela semana né?

– Sim. Dois dias antes.

– Eu lembro bem. Todos ficamos muito tristes. Eu sinto muito. – a abraça.

– Obrigada. – deita a cabeça em seu ombro.

          Diego deu um beijo em sua cabeça e continuou abraçado com ela, que acabou adormecendo. Uma hora mais tarde ela acordou com o toque do telefone. Era Mônica dizendo para eles dormirem lá porque a tempestade causou um deslizamento de terra que obstruiu a estrada para o sítio.

– É, pelo jeito teremos que nos virar por aqui. – Diego sorri.

– Que ironia, não?

– O quê?

– Nos evitamos a manhã inteira e agora estamos aqui, trancados no mesmo lugar.

– Eu não te evitei, só estou acatando sua decisão.

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