Duda acordou com o barulho irritante do despertador. Estava de folga, mas não queria acordar tarde na casa dos outros. Ouviu a voz de Noah dizendo "ela acordou!" enquanto dava passinhos curtos pelo corredor. Levantou e desceu as escadas ainda esfregando os olhos.
"Parabéns pra você, nesta data querida! Muitas felicidades, muitos anos de vida!"
Noah se esforçava para não cantar em inglês, mas trocava as palavras durante o coro. Ele e Olivia estavam parados no pé da escada segurando um bolo feito por eles na noite anterior. Elisa estava atrás, segurando uma faixa escrito "Happy Birthday".O bolo estava inclinado, a cobertura estava amassada e os desenhos de chantilly completamente tortos, mas, ainda assim, o bolo estava lindo. Em cima, "Parabéns" com a letra de Olivia e "Duda" com a letra de Noah. Vinte velinhas enfeitavam o contorno do bolo.
Os olhos de Duda encheram de lágrimas. Eles se esforçaram tanto para fazê-la se sentir em casa. Conseguiram, pois não havia outro lugar que ela gostaria de estar naquele momento que não fosse ali, com suas duas crianças e Elisa, que estava se tornando uma segunda mãe para ela.
– Vamos, auntie, assopre as velas, corte seu bolo, faça um pedido, me dê um pedaço! – o menino dá pequenos pulinhos ainda com o bolo em mãos.– Dá isso aqui, Noah! Você vai derrubar! – Olivia puxa o bolo das mãos do irmão – Maria, experimente! Eu e o Noah que fizemos! É de chocolate!
– Mas a mamãe ajudou!
Duda tirou dois pedaços de bolo e deu para as crianças, que estavam ansiosos para comer. Pegou mais um e estendeu a Elisa.
– Você fez o pedido, auntie?– Mas é claro!
– O que você pediu? – sussurra.
– Noah! Se ela contar não vai realizar! – Olivia repreende.
– Desculpa!
– Tudo bem, Olivia. Eu pedi para ter vocês pra sempre na minha vida...
Os pequenos sorriram e abraçaram sua cintura. Elisa a abraçou e respondeu que ela já era parte daquela família. "Agora eu quero comer", Noah falou com a voz abafada pelo abraço.O bolo estava surpreendentemente bom, levando em conta que duas crianças que o fizeram. Bom, muito melhor do que o da festa da semana anterior, que Duda mal conseguiu comer. Este tinha gosto de estar em casa, e isso era o que ela mais precisava naquele dia.
Os quatro passaram a manhã juntos, saíram para almoçar em um restaurante de comida brasileira e depois foram até um parque para as crianças brincarem. Duda ganhou um cachecol de presente de sua nova família e o colocou no mesmo instante.
Chegaram em casa antes das três e Duda precisou carregar Noah até o sofá, que dormiu no caminho até em casa. Agradeceu por tudo o que Elisa fez e subiu para o seu quarto. Tirou o casaco, se jogou na cama e pegou seu celular. Abriu o Facebook e disse em alto e bom som que queria apenas ver as novidades dos amigos, como se o fato de falar em voz alta pudesse enganar a si mesma. Na verdade, ela só queria ver se Diego lembrou do seu aniversário, se ele iria parabenizá-la. Acreditava que não, mas queria que sim.
Respondeu a todas as felicitações, algumas genéricas com um simples "Parabéns" de pessoas distantes e uma ou outra com verdadeiras declarações, como a de Jonathan e Carol.
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Imperfeitos
RomanceE se toda a sua vida mudasse de repente? Foi isso o que aconteceu com Duda. Maria Eduarda tinha apenas 14 anos quando perdeu seu pai e sua felicidade naquela quente manhã de janeiro, onde seu grito precisou ser sufocado pelo travesseiro. Cinco anos...