A verdade tem sempre que ser dita

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Por mais tarde que estivesse eu não poderia dormir sem saber a verdade dita pela Toni, por isso decidi vir até a casa dela, eu não conseguiria simplesmente esquecer o que vi no arquivo da delegada e seguir em frente, eu a amo tanto que preciso saber a verdade mesmo que seja ruim, a verdade sempre tem que ser dita! A rua estava deserta, não havia um carro se quer passando, talvez seja pelo fato de ser tarde da noite, mas mesmo assim algumas luzes da casa dela ainda estavam acesas, inclusive a do quarto dela. Eu peguei uma pedra pequena e atirei em sua janela, e em questão de segundos vi seu rosto olhando para baixo, quando ela me viu abriu aquele sorriso que radiava a noite, eu não podia me distrair com a beleza dela precisava me conter, aliás o que eu tinha para dizer era sério! Ela desceu pela árvore galho por galho até chegar no chão, acho que a mãe dela estava em casa e não poderia nem sonhar que estávamos aqui fora juntas!
- Que surpresa você por aqui meu amor! O que te trouxe aqui a essas horas? – perguntou ela se aproximando de mim para me dar um beijo.
- Toni eu acho que precisamos conversar...- respondi virando meu rosto.
- Por que?! Aconteceu alguma coisa?
- É na verdade aconteceu... eu acho que você não está sendo totalmente verdadeira comigo! – falei olhando nos olhos dela.
- O que? Como assim?! – perguntou ela confusa, eu pude perceber um pouco de desespero no olhar dela, talvez ela não queria que eu soubesse, na verdade eu realmente não queria ter visto aquele papel, mas agora não há mais nada a se fazer a não ser esclarecer tudo!
- Você não me contou toda a verdade sobre o seu passado, e não importa como eu descobri tudo isso, mas o fato é que eu já sei que você e o Fangs já foram presos!
- Cheryl você está investigando a minha vida?! – perguntou ela com os olhos cheios de lagrimas.
- Toni isso não vem ao caso, eu só quero saber a verdade sobre você! – respondi ainda olhando dentro dos olhos dela e pegando em uma de sua mão.
- Você realmente quer saber a verdade sobre mim?! Tudo bem Cheryl eu te conto a verdade, eu e o Fangs traficávamos drogas para nos manter vivos, para ter o que comer e onde dormir, a nossa mãe nos obrigava a fazer isso e quando a casa caiu ela saiu fora e colocou a culpa toda em nós dois! Esse foi o motivo de sermos presos se é que você acredita...- respondeu ela soltando da minha mão e se virando para entrar.
- Toni espera! Me desculpe, eu não deveria ter feito isso, só achei que você estivesse escondendo algo de mim...
- Eu tenho vergonha do meu passado Cheryl, eu não era como você que sempre teve sua família e tudo que queria! Eu sinto que você esconde algo de mim todos os dias, mas eu confio o suficiente em você para saber que isso não importa e que nosso amor supera qualquer problema, mas agora eu não sei se é bem assim que funciona...- falou ela de cabeça baixa.
- Você tem toda razão, o nosso amor vai além dos limites Toni, então por favor me perdoe! – perguntei chorando, era inevitável as lagrimas saíam sem esforços, eu me sentia muito mal por ter desconfiado dela e agora só queria que tudo isso não passasse de um pesadelo e que ela me perdoasse por eu ter desconfiado de seu passado e pensado que ela poderia ter sido uma traficante, eu nunca imaginaria que a mãe dela os abrigavam a fazer isso, só de imaginar como a infância deles foram difícil eu me sentia mais culpada ainda por todo esse questionamento e ter que faze-la se explicar!
- Está tudo bem Cheryl, você não tem culpa pelo meu passado ter sido tão ruim...- falou ela de cabeça baixa.
- Mas eu me sinto culpada por ter desconfiado de você, por fazer você explicar algo da sua vida que você não gosta de relembrar! Então me perdoe por favor! – respondi colocando minha mão em seu rosto.
- Eu te perdoaria nem se eu não quisesse, eu não consigo ficar brava com você Cheryl, não importa o que acontecer eu sempre te perdoarei! – disse ela me dando um abraço, aquele abraço que era o mais reconfortante possível, eu sentia que estava com o meu mundo inteiro em meus braços e na verdade era! Ela era tudo o que eu sempre quis na minha vida, não sei o que seria de mim se eu a perdesse!
- Por isso eu te amo tanto Toni Topaz! – sussurrei em seu ouvido.
- Será que eu estou atrapalhando algo?! – perguntou uma mulher abrindo a porta da casa dela, ela parecia arrogante então logo deduzi que era a mãe da Toni.
- Não senhora, só estávamos aqui conversando, mas ela já está de saída...- respondeu Toni piscando sutilmente para mim.
- Mas já?! Nem tivemos a honra de nos conhecermos! – falou ela me olhando debochadamente.
- Talvez fique para próxima! – respondi a cumprimentando com um aperto de mão, ela me olhava fixamente e de repente virou meu pulso deixando a minha cicatriz a mostra.
- Eu li sobre você no jornal, história triste em garota! Achei que fosse mentira sobre o suicídio, mas aqui está a prova...- disse ela olhando a cicatriz.
- Isso já é passado, acho que devemos focar mesmo no presente! – respondi puxando minha mão. Só nesses poucos minutos em que eu fiquei perto da mãe da Toni, foi o mais desagradável possível, ela tinha uma energia ruim me dava vontade de sair dali a qualquer momento! 
- Esses adolescentes de hoje em dia não sabem o que fazem! Só vou te dar uma dica, da próxima vez aperta mais fundo a lâmina em seu pulso, isso vai resolver seus problemas! – sussurrou ela no meu ouvido, por questão de segundos eu fiquei parada a olhando em pé sem ter acreditado no que ela disse e eu fiquei imaginando o quanto a Toni e seu irmão já sofreram com ela, eu queria tira-los daquela casa e fazer com que essa mulher sumisse de uma vez por todas, mas eu não poderia fazer isso, então me dei conta de como a mãe dela era durona e não tinha medo de nada, e se de algum jeito ela pudesse me ajudar a encontrar essa tal gangue de assassinos?! Eu não sei se essa era a melhor ideia, por isso não a coloquei em prática, pois decidi que antes de tomar qualquer decisão eu avisaria os serpentes! 
- Isso não é da sua conta...- respondi no mesmo tom de voz dela e me virando para finalmente ir embora, aliás a Toni já havia me perdoado então eu não tinha mais nada para fazer ali, não com a presença daquela mulher insuportável da mãe dela! Eu voltei para casa e minha avó já estava dormindo aliás já estava tarde, mas mesmo assim eu fui até o quarto dela só para me certificar que ela estava bem eu não posso descuidar de nada pois nunca sei quando os ataques daqueles malditos podem voltar! Sutilmente eu abri um vão da porta de seu quarto e já a pude ver deitada em um sono profundo, aquilo me deu a paz que eu estava precisando, só em vê-la bem já era motivo suficiente para eu encarar mais um dia, e quem sabe até amanhã a Betty e Jughead já tenham descoberto quem são essas pessoas e tudo pode começar a dar certo, espero que de hoje em diante tudo comece a conspirar a meu favor, e que finalmente eu possa vingar a morte da minha família!

Amor sem limitesOnde histórias criam vida. Descubra agora