Mentiras, nunca mais

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"Ele deve estar achando que eu sou algum tipo de idiota. Uma merda de boneca de prateleira. Deve estar rindo... deve estar gozando agora com aquela vagabunda no seu colo... que nojo... que nojo..."

Marinette dirigia perigosamente pelas ruas de Paris em direção ao seu apartamento. Com os olhos azuis vidrados na direção, ela poderia atropelar alguém, seja qualquer um que entrasse na sua frente.

No fundo, não se importava. Não se importava com porra nenhuma. Tudo o que queria era explodir aquela cidade, com todo mundo dentro, mas principalmente Luka e a sua vadia de estimação.

O pior de tudo era se sentia a mais completa imbecil. A boboca apaixonada. Aquela mesma que sempre foi a melhor namorada, a melhor noiva, a esposa perfeita.

Pro inferno, pra puta que pariu!

Queria morrer. Queria levar todo mundo junto. Queria acabar com Luka.

Como um amor de tanto tempo, tinha se tornado aquele sentimento amargo de uma hora para outra? Isso era tão confuso...

Amá-lo? Ah sim, ela ainda amava. Amava mesmo. Mas justamente por isso é que estava se sentindo no fundo do poço. Seu coração havia se quebrado em vários pedaços, ia ser foda reparar aquela bagunça. Só que no momento, o foco não era esse.

Deveria redirecionar toda a sua frustração em quem merecia. Deveria se utilizar daquele sentimento horrível para planejar sua vingança. Seria terrível, mas tinha que aguentar. Ainda mais quando chegou ao condomínio, onde encontrou diversas pessoas pelo caminho falseando sorrisos simpáticos para que ninguém percebesse.

Poderia ser arriscado se algum daqueles vizinhos por um acaso comentassem com Luka que sua esposa tinha chegado aos trapos em casa. Ele poderia suspeitar. E não, ele não deveria saber, ele não deveria nem se quer pensar que ela já sabia de tudo. Que ele não passava de um cachorro sem vergonha.

Agora sim. Aos pés da porta, tinha chegado a um ponto que jamais passou pela sua cabeça que poderia viver naquele casamento.

Não querer entrar em casa. Não querer se quer, por os pés ali de novo.

Um lugar que até ontem, era o seu refúgio. O seu porto seguro ao lado do amor da sua vida. Tantas lembranças espalhadas em todos os lugares... nas paredes... nos porta retratos... na cozinha, no banheiro.... no quarto deles.

Caminhou até a cama de casal, jogando sua bolsa no chão e com o olhar frio sobre os lençóis. Pegou o travesseiro que pertencia a Luka e o recostou sobre o nariz, sentindo o cheiro de perfume que havia sobre o pano.

Uma lágrima fina escorreu pelo canto dos olhos, seguida por outra, e pelas demais que veio em seguida. Assim, em um acesso de fúria, andou até uma gaveta próxima e de lá retirou uma tesoura. No meio do chão do quarto, ajoelhou-se e enfiou a tesoura sobre o travesseiro abrindo e rasgando o pano, espalhando as penas para todos os lados.

Enquanto fazia isso, deixava toda a sua raiva explodir do corpo em forma de gritos, choro, e lágrimas. Tudo tinha acabado. Era o fim. O casamento deles tinha acabado. Não haveria chances de reverter aquela situação. E por mais que houvessem, por mais que Luka implorasse seu perdão, jamais o perdoaria. Jamais.

Ele iria ter que pagar, ele iria amargar toda aquela dor... a mesma dor no qual a tinha submetido.

- Porque.... porque Lukaaa... porque você fez isso comigo??? - Levantou-se indo em direção a um porta retrato onde havia uma foto dos dois juntos - Você... meu amor.... com esse olhar tão... tão gentil... o nosso casamento era perfeito... e você destruiu tudo!! Eu te odeio! Te odeioooo!

Abraçou o retrato sobre o peito. Parecia que o mundo estava desabando debaixo dos pés, era muito triste. Queria ficar ali chorando, mas tinha que se recompor. Aquela desgraça poderia chegar a qualquer momento e ele não poderia vê-la naquele estado.

Foi então que limpou as lagrimas suspirando fundo, tentando se acalmar. Com isso, correu para a cozinha para pegar um aspirador, limpar o quarto e pegar outro travesseiro. Deixando tudo nos conformes.

Depois de ajeitar a bagunça, tirou as roupas, indo em direção ao banheiro e lá tomou um banho quente. No chuveiro, sentou-se ao chão, deixando a água cair sobre o topo da sua cabeça.

Mais calma, ela deixava seus pensamentos fluírem.

Estava concentrada, calculando. Planejando.

As lágrimas ainda caíam, mas ela não se importava.

Sua raiva era maior.

Quais seriam os primeiros passos que deveria tomar? O que deveria fazer primeiro?

- Saber o nome dela... - Sussurrou para si.

Claro. Tinha que saber quem era aquela mulher, o que fazia, e como ele a conheceu. Levantou-se. Ainda nua, caminhou deixando as gotas de água escorrerem pelo seu corpo e mirou-se ao espelho.

- Agora chega desse sofrimento Marinette. Você não é mulher para ser passada pra trás. Você vai descobrir quem é essa piranha! Vai descobrir tudo sobre ela... e vai acabar com os dois.

De repente, ouviu a porta da sala se abrindo.

- Meu amor... cheguei!

Fechou os olhos. Respirou fundo. Tomou folego. Estava pronta.

Iria mergulhar na falsidade.

- Oii meu amoor, só um momento, eu estou terminando de tomar banho!

- Ta boom!

Novamente olhou-se ao espelho.

"Vamos lá Marinette, cadê o sorriso lindo para o seu amado marido?"

Sorriu.

Estava adorável. Como sempre.

Saindo do banheiro, o viu caminhar em direção ao quarto.

- Oii meu amor, tudo bem?

Ela respondeu com um sorriso nos lábios - Tudo sim querido, como foi o trabalho?

- Cansativo. Fiquei até agora terminando uns projetos... ta puxado! - Ele ria.

Patético. Cínico. Mentiroso.

- Eu entendo meu amorzinho, mas vai lá tomar um banho... quer comer?

- Quero sim Mari, obrigado.

Ele lhe deu um selinho rápido e entrou no banheiro. Logo o semblante de Marinette fechou e ela se recostou na parede ao lado do banheiro cruzando os braços.

Enquanto a água caia lá dentro, pensava. Com uma das mãos limpou a boca.

"Gosto de prostituta"

Olhou ao redor. Merda, tinha que achar algo. O que poderia lhe contar sobre o que estava querendo saber?

O que...? O que..? O que....?

Foi quando viu o celular dele sobre a mesinha da sala. Caminhou até o aparelho e com um dedo tocou a tela.

Estava bloqueado, lógico. Mas sim, era exatamente ali onde deveria começar.

E como faria isso? Ora, é simples. Luka deveria estar completamente apagado na cama para poder mexer naquela merda de celular a vontade.

Estava decidido. Faria isso amanhã, depois da janta e depois dele ter dado uma trepada com a sua puta.

- É bom que se divirtam bastante.. aproveitem o máximo que puderem... porque vocês... não perdem por esperar. 

Loveless RevengeOnde histórias criam vida. Descubra agora