Estava no meu quarto jogando todas as roupas que eu via em minha mala, meus
olhos ardiam em lágrimas, e percebi que minha mão tremia. Continuei jogando as
roupas com fúria dentro da mala, não podia acreditar que isso estava acontecendo,
estava tudo dando tão certo... Comecei a chorar de novo, me ajoelhei e deixei as
lágrimas caírem. Relembrar tudo era muito doloroso, mas as cenas não paravam de
se repetir.
Eu tinha ido ao banheiro, e Josh disse que me esperaria do lado de fora. Quando eu
voltei do banheiro, não o encontrei. Comecei a procurá-lo pelo salão, queria dançar
com ele mais um milhão de vezes, aquela noite estava sendo ótima. De repente eu o
vi, na mesa de bebidas, ele segurava um copo de chop e atravessou o salão pelos
cantos, como se não quisesse ser visto. Uma onda de decepção me atingiu, e o segui
sem pensar.
- O que você está fazendo com isto? - perguntei, assim que eu o encontrei. – Você
tinha me prometido que ia parar de beber! E agora você está aí, procurando um
canto para beber escondido. Por que? Por que Josh? Pensei que você estivesse
tentando mudar.
- Lia, não isso não é pra mim, é para o...
- Corta essa, Josh – disse o interrompendo. – Assuma ao menos o que você fez.
Senti lágrimas quentes descerem pelo meu rosto. Uma dor aguda atingiu meu
peito. Ele tinha quebrado uma promessa importante, agora eu me sentia traída.
- Como você pode pensar isso de mim, Lia?! – disse furioso. – Eu prometi para você
que ia parar e parei.
De repente o salão ficou pequeno demais, estava me sentindo sufocada, as lágrimas
desciam cada vez em mais abundância, e tinha um enorme nó em minha garganta.
Eu tentei respirar, mas era impossível. Eu olhei para ele e disse:
- Não é isso o que eu estou vendo. E saí de lá, o mais rápido que pude.
Meus pensamentos se voltoram ao presente, e voltei a colocar minhas coisas na
mala. Peguei meu livro Divergente, que o Josh havia me dado. Eu não queria levá-
lo, seria mais uma lembrança de Josh, mas a história estava muito boa para eu
apenas abandoná-lo.
Quando terminei de arrumar minhas coisas, eu me troquei e deitei em minha cama
e tentei dormir. Mas o sono não vinha e eu fiquei me revirando na cama, sem
vontade de fazer nada. Depois do que pareceu ser um longo tempo, eu acabei
adormecendo.
- Lia! Lia acorde! – chamou uma voz.
Eu abri os olhos com dificuldade, e eles arderam com a luminosidade. Quando se
focalizaram percebi que era Hay.
- Vamos embora daqui, por favor – ela disse em tom suplicante.
- Sim vamos.
Coloquei uma roupa qualquer e desci com as malas. Quando cheguei nas escadas,
me lembrei da noite anterior, Josh me esperando descer, afastei a lembrança.
Deixei as malas e chamei por Lucy. Ela apareceu rapidamente, com uma expressão
preocupada.
- Lucy nós já estamos indo embora – disse sem rodeios.
- Mas já? Vocês não avisaram nada. Já vão embora assim?
- Ah Lucy, nós brigamos com os meninos, e não estamos muito a vontade para ficar
aqui. Já estamos aqui faz duas semanas, estou começando a sentir saudades de
casa.
- Entendo e sinto muito pelas brigas, vou sentir falta das duas, foram muito bem
comportadas e me trataram muito bem, gostaria que voltassem.
- Vamos voltar sim para visitá-la – vi que Hay estava descendo as escadas. – Bom
Lucy, precimos ir.
Dei-lhe um abraço apertado e agradeci por tudo que ela nos fez. E apesar de não
querer saber de Josh, eu pedi a ela que se ele viesse perguntar de mim, para ela me
avisar, afinal talvez ele ainda precisasse de ajuda. Hayley também se despediu de
Lucy, e depois saímos.
Nós entramos no carro e eu fui dirigindo. No começo fomos embora em silêncio,
mas depois eu comecei a dizer:- Não acredito que o Josh fez aquilo, ele tinha prometido que ia tentar parar e
estava tudo indo tão bem...- dei um longo suspiro, eu precisava desabafar com
alguém.
- Lia, e se talvez ele estivesse tendo uma recaída ou algo deixou ele triste. Quero
dizer, você nem deu tempo para ele se explicar, logo foi acusando ele. Agora o que
o Jason fez comigo, caramba, me deixou arrasada, ele entendeu tudo errado e foi
muito ríspido comigo.
- Poxa Hayley, você não estava lá, eu vi o olhar dele e era de culpado. E o Jason foi
um idiota com você, simples assim, você não devia ficar triste por ele.
- Mas eu estou Lia, eu estou. E você deveria ter deixado o Josh se explicar, porque o
Jason não deixou eu me explicar e isso foi horrível, aposto que o Josh tinha uma
ótima explicação.
- Mas ao contrário de você eu vi a cara do Josh, e ele não tinha uma ótima
explicação. Então pare de defendê-lo, você não estava lá.
- Lia chega de drama, você até fala como se fosse grande coisa ele estar com um
copo de bebida, o que o Jason fez comigo foi bem pior, ele estava sendo ríspido
comigo antes por nada, eu estou arrasada.
- Eu não estava fazendo drama, Hayley. Só queria desbafar com a minha amiga, mas
como você é egoísta e só gosta de falar dos seus problemas, de como o mundo gira
ao seu redor, ou se preocupar com o cabelo e maquiagem. Eu não deveria esperar
que você entendesse o meu lado.
- Não acredito que você disse isso, Thalia. Você só sabe falar do Josh, ou do seu pai
que era alcóolatra, e fica se fazendo de coitada. Para de ficar tão presa ao passado,
porque é só sobre isso que você fala. E se você queria desabafar com uma amiga,
procure outra.
Eu estava com tanta raiva que não respondi. Continuei dirigindo, e não me
concentrei mais em Hayley.
Quando eu estacionei no portão de casa, Hayley desceu do carro sem nem olhar na
minha cara, pegou suas coisas e foi para sua casa. E eu fiz o mesmo. Quando entrei
em casa, minha mãe apareceu vindo da cozinha e me ajudou a levar as malas para
cima.
- Como foi a viagem filha?
- Foi ótimo no começo, conheci um garoto, que se tornou meu melhor amigo. Mas
depois foi uma droga, tudo deu errado e eu briguei com ele e com a Hayley.Eu contei com detalhes o que aconteceu, e ela me ouviu. Depois me deu alguns
conselhos que eu provavelmente vou me lembrar e seguir quando me sentir mais
calma. Mas a única coisa que eu queria fazer era sair de casa, mesmo que eu tivesse
acabado de chegar, e ir para um lugar barulhento o suficiente para eu não ouvir os
meus pensamentos.
- Mãe eu vou sair.
- Como assim, para onde?
- Eu vou ir tomar café, no Starbucks aqui perto. Eu só preciso dar uma volta, mãe. Prometo que não vou demorar.
- Tudo bem, mas cuidado.
- Tudo bem.
Eu sai de casa e entrei em meu carro, fui dirigindo até o Starbucks e em cinco
minutos eu já estava lá. Peguei Frapuccino base café de baunilha e me sentei em
uma mesa distante das outras. Deixei meus pensamentos vagando, e olhei ao redor,
em duas mesas de distância da minha havia um garoto, talvez fosse um pouco mais
velho me encarando. Eu não costumo fazer isso, mas o encarei de volta, olhei
fixamente em seus olhos verdes escuros. Ele deu um sorriso de leve e se
aproximou.
- Posso me sentar aqui?- e apontou para a cadeira na minha frente.
- Claro.
- Qual é seu nome?- pergutei.
- Scott e o seu?
- Thalia.
- O que uma bela jovem faz aqui sozinha?
- Vim tomar um café, pode ir direto ao ponto, por favor – disse rispidamente.
- Opa, calma aí. Eu sou vim conversar, na paz.
- Me desculpa, mas é que eu não estou muito afim de conversar.
- Eu sei como é isso, se você quiser podemos apenas dar uma volta.
- E quem me garante que você não é um sequestrador?
Olhando mais de perto, percebi que ele era bonito, tinha um tipo de beleza não
convencional. Tinha o cabelos loiro- escuro, lábios finos, usava óculos e era magro.
Ele se sentou na cadeira e me encarou.
- Tudo bem, vamos ficar aqui então.
- Acho melhor, por que veio falar comigo Scott?
- Porque eu achei você muito bonita.
- Hum... entendi.
- Você disse que não estava afim de conversar, então é...
Em vez dele dizer algo, ele apenas aproximou a cadeira da minha, segurou meu
rosto e me beijou. O beijo me pegou de surpresa, então eu recuei um pouco, mas
ele me puxou para perto dele, então eu apenas correspondi o beijo. Sua boca tinha
gosto de chocolate, e era tão bom, que eu o beijei durante muito tempo. E quando
nos separamos eu olhei para ele e disse:
- Isso é bem melhor que conversar.
- Você beija muito bem – disse Scott. - Eu diria o mesmo de você.
Ele riu e me puxou para outro beijo. E eu estava tão concentrado no beijo e como
ele estava sendo bom, que me esqueci de todo o resto.
Nós ficamos nos beijando e trocando algumas poucas palavras, durante um bom
tempo. Depois eu me levantei e ele me seguiu. Fui até a porta e o encarei.
- Eu acho que é isso, eu tenho que voltar para casa.
- Você pode me passar seu número? Talvez possamos não conversar mais vezes.
- É, seria interessante.
Eu passei meu número para ele, e me despedi com outro beijo.
Depois fui para casa. Quando cheguei minha mãe estava fazendo o jantar, eu fui
para meu quarto assistir Prison Break, minha série favorita. E acabei dormindo
enquanto assistia.
Quando acordei já era de manhã cedo. Desci e tomei o café, depois passeio resto da
manhã vendo televisão. Quando era a hora do almoço, minha mãe veio me chamar
no quarto. Eu desci as escadas e a encontrei ao lado de meu pai, os pais da Hayley,
e a própria Hayley.
- Temos uma surpresa para vocês duas – disse minha mãe.
- O que é? – indaguei.
A mãe de Hayley, mostrou duas passagens, e nos entregou. Eu abri, e vi que estava
escrito Paris, e pela data o embarque seria em uma semana. Eu olhei para eles e
depois olhei para Hayley, e por um momento esqueci tudo, que havíamos brigado,
tudo. E a abracei.
- Nós vamos para Paris!- gritamos juntas.
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As Aventuras de HayLia - O Trailer dos Sonhos
Teen FictionElas cresceram juntas, sempre foram vizinhas e desde de crianças eram inseparáveis, além de compartilhar um lugar onde podiam sonhar e ser elas mesmas, o Trailer. Este primeiro volume irá descrever suas experiências vividas no ensino médio. Como ela...