Thalia

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Hayley tinha acabado de sair com o seu suposto príncipe, eu estava tão feliz por ela, que quase esqueci toda a minha irritação de hoje a tarde. Eu tirei o roupão que estava usando, e me vesti. Coloquei uma camiseta preta simples, um shorts de malha cinza, bem confortável, e chinelos Havainas pretos, e meus óculos de grau Ray-Ban, que eu só usava de vez em quando.
Como não iria sair de casa, nem nada do tipo, preferi me sentir confortável, do que bonita. Mas realmente, não era nisso que eu estava focada agora. Eu provavelmente passaria o resto da noite lendo, se meu livro não tivesse sido praticamente destruído, então resolvi jantar e depois ver alguns filmes na sala de cinema.
- Oi Lucy, o jantar já está pronto?- perguntei, entrando na cozinha, e sentando na bancada.
- Sim, eu fiz uma comida bem simples, amanhã teria como você e a Hayley irem ao mercado? Não tem muitas opções de comida aqui.
- Claro, amanhã eu vou com ela sim. Mas então, o que tem para comer?
- Eu fiz batata frita, arroz, e frango. Tem suco de laranja e refrigerante na geladeira- eu estranhei o tom de despedida que ela usou.
- Você não vai me acompanhar no jantar?

- Eu adoraria, mas estou muito cansada e sem fome. Amanhã pode deixar que eu lavo a louça. Agora, uma boa noite querida.
- Boa noite, Lucy. E muito obrigada pela comida e por tudo.
Ela saiu apressadamente da cozinha, parecia realmente exausta. Eu estava pegando um prato, quando ouvi uma batida na porta dos fundos, que era ao lado da cozinha. Coloquei o prato na bancada, e fui até a porta ver quem era. Josh, estava parado do outro lado da porta, com uma sacola nas mãos. Ele vestia bermuda simple preta, uma camiseta vermelha da GAP, e chinelos pretos. Seus cabelos estavam desarrumados de um jeito bonito, e os olhos azuis dele, expressavam calma, ele parecia relaxado. Isso me irritou, ver ele parado do outro lado da porta, mas ao mesmo tempo fez meu estômago se revirar de ansiedade, eu não deveria me sentir assim. Ele é só um idiota, que estragou meu livro.
- O que você quer?- disse rispidamente, querendo mostrar raiva e não o nervosismo que eu sentia.
- Você ainda ta brava?- ele perguntou calmamente.
- Sim, até você me dar o livro, eu vou continuar com raiva.
Ele me olhou, e entregou a sacola que estava em suas mãos. Lá dentro estava o livro Divergente, bem embalado em um plático, isso só comprovava que era novo. Uma onda de felicidade e gratidão me atingiu, eu não deveria estar grata, ele não fez mais do que deveria depois de ter estragado meu livro, mas mesmo assim eu estava grata. Ele poderia ser igual a um desses playboys e nem ligar para o que eu falei, mas não, ele se importou. Isso fez meu estômago se agitar outra vez, mas eu ignorei isso.
- Muito obrigada- agradeci.
- Não tem problema, eu estava te devendo mesmo.
- Hã... Eu estava indo jantar- comecei dizendo com nervosismo.- Você quer jantar aqui, comigo?
- Ahh é claro, meu primo saiu com a sua amiga, meu tio está ocupado com as coisas no escritório, e eu provavelmente ficaria sozinho.
- Eu também. Então é... Entre. - Obrigada.
Ele entrou. Eu ofereci um prato a ele. Eu estava pegando a comida para mim. Olhei para ele de relance e perguntei:
- Você gosta de frango, batata frita e arroz? A é e suco de laranja ou refrigerante?

- Relaxa, eu gosto de tudo- ele deu um sorriso irônico.- E sabe, eu estou jantando aqui com você, e ainda não sei seu nome.
- Nossa, é verdade. Meu nome é Thalia. Mas costumam me chamar de Lia. - Hum... agora sim.
Eu peguei a jarra de suco de laranja, e Josh me ajudou com os copos. E nos dirigimos para sala de jantar. Começamos a refeição em silêncio. Como eu odeio silêncio, comecei a perguntar para ele:
- Você sempre morou por aqui? Na fazenda ao lado, eu quero dizer.
- Na verdade não. Eu morei em Manhattan até meus 11 anos, até a morte dos meus pais, então eu vim morar aqui com meu primo e meu tio. Sinto falta de Manhattan, mas é assim que as coisas são, essa é minha casa, ou deveria ser. Talvez voltar pra lá, traria muitas lembranças, que eu não sei se suportaria.
- Imagino- disse o encarando, não achei que palavras de conforto o iriam ajudar, ele provavelmente esta cansado de ouvi-lás.
- E você onde mora?- ele perguntou.
- Por mais irônico que pareça, é em Manhattan- ele deu um sorriso.
- Talvez, se isso fosse de um outro jeito, tudo isso, nós teríamos nos encontrado lá.
- Quem sabe- respondi no tom mais misterioso que consegui, não queria deixar transparecer nada.
Eu terminei de comer, e percebi que Josh também. Eu me levantei peguei meu prato e o dele, e fomos para a cozinha.
- É, o que você quer fazer agora?- perguntei. - Não sei, o que você quer fazer?
- Você gosta de cozinhar?
- Hã... Nunca cozinhei de verdade.
- Hum... Ta, que tal fazermos brigadeiro? Você pode ser meu ajudante.
- Olha, eu já fui em várias casas de garotas, e nenhuma delas quis cozinhar comigo. - Não sei como interpretar isso. Mas vamos logo, fiquei com vontade de brigadeiro.
Ele sorriu para mim. Então começamos a preparar. Eu coloquei todos ingredientes na panela, e enquanto estava mexendo, Josh pegou uma colher que estava com leite condensado, e passou a colher no meu braço, que ficou todo melado. Eu o encarei

com raiva, e mergulhei a mão no Nescau em pó e joguei na cara dele. Ele começou a tossir, e eu fiquei rindo dele. Fiquei tão distraída rindo, que nem percebi quando ele passou manteiga no meu rosto. Então ele começou a rir, e eu fiquei com tanta raiva, que peguei o copo de água que eu estava bebendo e joguei na cara dele. Ele parou de rir, e levantou as mãos, num gesto de redição.
- Tudo bem, eu parei já.
- Lógico, depois de me sujar toda, você para. Muito legal, hein?
- Vai se limpar que eu termino o brigadeiro- disse, ignorando o que eu havia dito.
- Tá- respondi secamente, queria demonstrar raiva, mas eu não sentia raiva. Isso era estranho.
Eu saí de lá e fui para o banheiro. Lavei meu rosto e meu braço, depois de passar muito sabonete, parecia finalmente estar totalmente limpo. Eu voltei para a cozinha e Josh ainda estava mexendo na panela.
- Vai se limpar agora, eu já vou colocar em uma tigela. - Tudo bem.
Arrumei o brigadeiro em uma tigela, peguei duas colheres e dois copos com refrigerante. Quando ele voltou, perguntei:
- O que você acha de assistirmos a um filme? Minha tia tem tipo uma sala de cinema aqui.
- Ótima ideia, mas por favor diga que não será uma comédia romântica chata! - Ah mas era nisso que eu estava pensando- respondi ironicamente.
- Então eu acho que dispenso a oferta- disse em um tom sério.
- Hey, só estou brincando, que tal um filme de terror?
- Ótima ideia, quais tem ai?- ele animou-se completamente.
- Vamos ver.
Fomos até a sala de cinema, que era bem parecida com uma normal, só que era menor, e as cadeiras eram mais luxuosas. Tinham assento para o pé, e descanso para copo e prato, ou seja, poderíamos ter jantado enquanto víamos um bom filme, mas eu nem havia pensado nisso. Eu coloquei os copos no assento, e o Josh colocou a tijela e as colheres ao lado dos copos. E fomos para a parte de trás, onde tinha um DVD, e os filmes para escolhermos.

- Bom, nossas melhores opções são: A Entidade, Invocação do Mal, e Atividade Paranormal 3, qual você prefere?- ele me pergunta.
- Não considero Atividade Paranormal 3 uma boa opção, é chato e não dá medo. - Bom, então o que você acha de Invocação do Mal?
- Perfeito.
Colocamos o filme e fomos nos sentar. Ficamos uma boa parte do filme comentando sobre os personagens, e as cinco filhas que o cara tinha, era muita garota meu Deus! Começou uma parte de suspense, eu fiquei paralisada, agarrei o assento da cadeira e não me movi, eu sabia que iria levar um susto, e isso me deixava mais apavorada. Eu olhei de relance para o Josh, e ele estava completamente calmo. Como ele conseguia ficar calmo?
- AAAAAAH!!- gritei, quando do nada, uma garota, tipo a do exorcista, aparece em cima do armário no filme. Josh pulou de susto ao meu lado, isso me fez rir, porque antes ele parecia tão calmo.
- Por que diabos você gritou? Eu levei um susto!- ele me encarou sério, e logo depois começou a rir.
Ficamos rindo durante uns bons minutos, eu nem sabia direito o motivo, eu só sabia que cada vez que eu olhava para ele rindo, eu ria mais. O filme terminou rápido, e eu mais ri do que fiz qualquer outra coisa. Nós pegamos os copos e a tigela e levamos para a cozinha.
- Esse filme foi ótimo- eu comentei, enquanto colocava as coisas na pia. - Sim, o melhor foi o brigadeiro, e as boas risadas que demos.
- É, acabamos com o brigadeiro, e minha barriga ainda está doendo de tanto dar risada- disse, com a barriga realmente doendo.
- Precisamos repetir isso, quanto tempo você vai ficar por aqui?
- Mais ou menos umas duas semanas, mas eu ainda não tenho certeza.
- Bom, podemos fazer várias coisas. Amanhã eu apareço aqui, quero te levar para conhecer melhor o sítio, aposto que você nem teve tempo de ver tudo.
- Não, eu realmente não tive. Mas eu aceito ir com você. Que horas mais ou menos? - De manhã, umas nove horas, tudo bem?
- Está ótimo, vou ficar esperando por você.
Eu o levei até a porta, ele me encarou.

- Boa noite Thalia, obrigada pelo jantar!
- Boa noite Josh, e pode vir jantar sempre que quiser.
Ele foi embora e eu comecei a ir para meu quarto, quando fui a subir as escadas, ouvi a porta da sala se abrir e fechar. Virei para trás e encontrei uma Hayley completamente sorridente. Fazia um bom tempo que eu não a via com esse sorriso, acho que nem mesmo com o Joey. Já tinha uma boa ideia de que o encontro tinha sido ótimo.
- Senhorita Hayley, pode me contar tudo o que ocorreu nesse encontro!
Nós duas fomos até o quarto dela, ela foi para o banheiro, e se trocou. Depois ela olhou para mim toda sorridente e com os olhos brilhando, e começou então a me contar sobre sua maravilhosa noite.

As Aventuras de HayLia - O Trailer dos Sonhos Onde histórias criam vida. Descubra agora