As Aventuras de HayLia - O Trailer dos Sonhos

Thalia

Quando voltamos da cachoeira eu fui direto para meu quarto. Talvez eu estivesse
fazendo um pouco de drama, mas eu realmente queria um tempo sozinha,
precisava pensar um pouco sobre tudo. Eu sei que vou ajudar o Josh, mas não sei
como poderia fazer isso. Quero dizer, se ele não quiser ser ajudado, eu também não
poderei ajudá-lo.
Eu fiquei encarando o teto durante um bom tempo. Até que decidir tomar um
banho. Quando eu saí, coloquei uma blusa branca simples, um shorts preto
rasgado, meu tênis All Star, meus óculos e peguei meu livro Divergente para ler.

Fui para cozinha, peguei uma barra de chocolate, e resolvi ir no esconderijo da
minha prima, onde Josh e eu jogamos videogame. Lá seria um ótimo lugar para eu
ler e pensar sobre tudo. Quando eu estava indo para lá, eu encontrei Hay, ela
estava indo em direção a casa. Parecia muito feliz e animada.
- Uau, o que te deixou tão animada? – perguntei.
- Jason me convidou para ir com ele no seu baile de formatura. Eu estou tão feliz. - Hay, isso é ótimo! Estou muito feliz por você!
- Mas e você Lia? Eu estou preocupada, como você está? Eu quero saber sobre tudo
o que ocorreu ontem.
- Tudo bem... Vamos nos sentar aqui- disse, apontando para uma sombra em baixo
de uma árvore.
Nós nos sentamos e eu respirei fundo.
- É, deve ser realmente duro perder os pais, ter que passar por tantos problemas.
- Bom ele veio atrás de mim ontem, e me contou que odeia esse lugar, que desde
que seus pais morreram, ele sente que não se encaixa em nada, em nenhum lugar.
Ele me falou, que a única coisa que o faz se sentir melhor é a bebida.
  - O pior de tudo, é que meu pai também encontrava conforto na bebida, e isso só
deixa mais difícil de largar o vício. Eu não sei o que fazer. Eu pensei em ajudá-lo,
mas como eu faria isso, Hay?
- Eu acho que você deve ajudá-lo. Lia você tem tanta energia, alegria, mostre isso a
ele, mostre a parte boa na vida. Eu te conheço, Lia. A melhor coisa que você pode
fazer é ajudá-lo a se encontrar, eu sei que você consegue fazer isso.
De repente, eu me senti melhor. Uma onda de alívio subiu pelo meu corpo, eu já
sabia o que fazer. E por isso eu me senti muito melhor.
- Hay, você sempre sabe o que me dizer! Cara, estou me sentindo muito melhor, é
isso o que eu irei fazer, é exatamente isso. Muito obrigada de verdade!
Eu abracei ela, um abraço bem forte, daqueles que você transmite tudo o que você
está sentindo, com apenas um abraço.
- Bom, vamos mudar de assunto então. Eu não te contei, mas ontem, eu beijei o
Jason.
- J-U-R-A?! Conte tudo!
Ela me descreveu em detalhes como havia sido, e eu fiquei tão animada por ela,
animada de verdade. Ela precisava de alguém bom o suficiente que a fizesse
superar o Joey, e o Jason era a pessoa certa para tudo isso!
Nós conversamos mais um tempo, e depois Hayley saiu para ir tomar banho, e eu
fui para o esconderijo da minha prima. Eu abri o alçapão e entrei, acendi a luz, e
olhei ao redor. Estava exatamente como eu e o Josh havíamos deixado, quando
saímos. Eu me sentei no sofá e comecei a ler.
Estava lendo há tanto tempo que senti minha barriga roncar. Peguei a barra de
chocolate e comi. Não foi o bastante para matar minha fome, mas eu não queria
sair de lá, então voltei a ler.

Ouvi um barulho, e percebi que o alçapão estava sendo aberto. Vejo alguém
descendo e percebo que era o Josh. Ele usava uma bermuda vermelha, uma
camiseta branca da banda Nickelback, e óculos escuros. Seus cabelos estavam
muito bagunçados, e ele parecia cansado, provavelmente estava de ressaca.
- O que você está fazendo aqui?- ele me perguntou, com a voz cansada. - Eu vim pensar, e o que você está fazendo aqui?
- Vim dormir, aqui é mais silencioso e escuro.
- Eu preciso falar com você – disse.
Ele se sentou ao meu lado no sofá. Eu dei um longo suspiro e comecei dizendo: - Bom, Josh, você tem problemas com bebida e eu quero te ajudar.
Ele deu uma longa e seca risada.
- É o que todos dizem, você acha mesmo que pode me ajudar?
- Sim.
- Espera!- gritei.
- O que é? – ele se virou para mim, com uma expressão exausta.
         - Não perca seu tempo, nada pode ajudar. Eu vou procurar outro lugar para
descansar – ele disse isso e começou a se levantar para sair.
   - Meu pai era alcoólatra, e minha mãe nunca desistiu de ajudar ele. Agora Josh, ele
está bem, não bebe faz mais de três anos. Eu sei que nos conhecemos há pouco
tempo, mas eu não vou desistir de você tão fácil. Eu vou te ajudar a melhorar.
Ele olhou para mim, não conseguia ver seus olhos, pois ele ainda usava os óculos
escuros. Mas eu sentia que ele estava me olhando, me analisando. Não sabia
exatamente qual era o sentimento que eu tinha por ele, acho que era amizade,
talvez. Mas eu sabia que não importa quem ele fosse, eu ajudaria ele a melhorar,
definitivamente ajudaria.
- Por que? – perguntou.
- Porque... Eu não vou deixar alguém sofrer do jeito que meu pai sofria, não estou
dizendo que eu vou mudar o mundo. Mas Josh, se eu posso te ajudar, é isso o que
eu farei.
Ele se sentou do meu lado, e começou a chorar. Eu o abracei, exatamente como
havia sido no dia do balanço.

- Eu estou tão perdido, não sei o que fazer da minha vida, não sei mais nada... Eu só
sinto um vazio, é como se uma parte de mim tivesse se perdido, como se o acidente
dos meus pais tivesse levado isso... E agora eu não sei onde encontrar.
- Beber não vai ajudar a se encontrar, só vai te deixar mais perdido. Acredite em
mim, Josh, eu já vi isso.
- Eu vou parar, Lia. Eu prometo que vou tentar parar – disse em meio a soluços.
- Hum... Sei lá, umas duas horas.
- Nossa, eu estou com fome, vamos comer alguma coisa na minha casa? - Uau, você vai cozinhar para mim?
- Se você quiser.
- É claro que eu quero - respondi, com um sorriso no rosto.
Eu o abracei mais forte ainda. Depois ele se deitou em meu colo, e adormeceu.
Enquanto ele dormia, eu continuei lendo meu livro.
- Quanto tempo eu dormi? – perguntou Josh, depois de duas horas, em que
estávamos lá.
- Mas antes, eu queria saber se você aceita ser meu par, em meu baile de formatura?