-NÃO, NÃO NÃO!
-Laila! Laila! -Meus olhos se abrem em um sobressalto. Estou ofegante, fito tudo ao meu redor encontrando minha madrastra me fitando de forma preocupada.
-Fiz de novo? -Pergunto me referindo aos gritos noturnos que se tornaram rotineiros.
Ela assente.
-Teve um pesadelo? -Pergunta acariciando meu cabelo de forma doce.
-Eu quero minha mãe, Sarah. -Digo com a voz embargada. -Eu quero tanto ela.
-Oh miha querida. -Diz me puxando para o abraço maternal que meu coração tanto deseja. E por mais que seja contra minha vontade as lágrimas apenas vêm.
-Ela foi embora, Sarah!
-Eu sei, eu sei.
-Sabe qual o pior? -Pergunto afastando-me. -Ela poderia ter escolhido ficar.
-Eu também sei disso, querida. Mas eu estou aqui, não pra substituir sua mãe, mas pra impedir que passe por isso sozinha. Não é porque ela foi embora que é menos amada.
Seus olhos demonstram uma sinceridade gigantesca, algo que raramente encontrava nos de minha mãe. É tão dolorido não tê-la, é tão doloroso saber que ela apenas foi e não há previsão para retorno. Abraço minha madrasta novamente.
-Não queria que ela tivesse ido, não queria ter que escolher esquecê-la.
-Não precisa esquecê-la... Talvez ela volte, ou talvez não, mas ela é sua mãe e nem sempre foi ruim, certo? -Assinto, ainda chorosa. -Meu bem, ela fez a escolha dela, e você precisa encontrar um meio de conviver com isso, pois não está ao seu alcance escolher por ela, mas está no seu total alcance escolher como você irá se relacionar com isso.
-Eu sei, é que dói.
-Eu sei, mas um dia não vai doer tanto, um dia só terá boas memórias. Apenas isso.
Assinto mais calma. Após um tempo, e de garantir que estou bem Sarah me deixa a sós.
Quando voltei para casa depois das férias de verão achei que as coisas estariam como eu havia deixado, normal. Mas não, encontrei uma mãe se deixando levar pelo alcoolismo e partindo. Simplesmente escolhendo ir embora com um homem que nunca havia visto, me deixando com meu pai e minha madrasta que graças à Deus é uma pessoa boa.
Não é ruim morar com meu pai ou com Sarah, nunca diria isso, mas é ruim saber que sua própria mãe partiu, preferiu um estranho a você. Fazia tanto tempo que ela estava bem, sóbria, e de repente quando retorno ela está atolada novamente por problemas que cria eu estarem superados.
Perdi a conta de quantas vezes a dei banho, ou ajudei a curar a ressaca, mas quando voltou a reabilitação ela estava tão bem, parecia ela de verdade e não a mulher bêbada que aparecia em casa todas as noites. Mas então em algum momento durante o um mês que passei fora ela caiu, e não tive tempo de saber se ela tentou ao menos se levantar.
Quando o alarme soou me arrependi de não ter conseguido dormir, por mais que não fosse minha culpa. Levantei-me, caminhei até o banheiro, tomei meu banho matinal e me troquei. Me direcionei até a cozinha encontrando meu pai sentado na mesa, ele sorri. Puxei muito à ele como seus cabelos castanhos, olhos também castanhos e o sorriso.
-Bom dia, meu bem. -Ele diz me fitando sobre os óculos.
-Bom dia, pai.
-Rodrigo, preciso que vá até o centro hoje. -Minha madrasta diz adentrando a cozinha.
Pego uma maça na fruteira e me sento à mesa.
-Querida, fiz omelete e bacon. -Sarah diz fazendo meu estomago embrulhar.
-Muita gordura pela manhã.
-Alguém dessa família precisa ser saúdavel. -Meu pai diz me fazendo sorrir.
Termino de comer a fruta, me despeço deles e deixo nossa casa caminhando em direção a escola. Creio que andaria quilometros para não precisar ir de ônibus, aquilo é realmente desumano. Subi as escadas adentrando ao corredor onde os armários se localizam.
Cheguei a sala parcialmente cheia, sentei-me ao lado de Aline que me fitava com uma expressão entediada.
-Oi. -Cumprimento-a.
-Muito cedo, muito cedo. -Diz deitando sua cabeça na carteira.
-Não dormiu bem?
-Eu nem dormi, a Caly teve algum problema com o namorado, eu não entendi muito bem e depois de umas três horas ouvindo ela eu apaguei, mas já era tarde demais. -Responde.
-Sinto muito por sua prima te ligar a toda briga que tem com o namorado.
-Eu também.
O professor Harley adentra a sala e o silêncio se instala. O período passa de forma rápida, quando o alarme do intervalo soa a maior parte dos alunos se levantam saindo a sala rapidamente. Guardo meu material, e caminho até o professor.
-Olá, professor Harley. -Meu tom de voz soa mais baixo que o normal. Não acredito que estou prestes a estragar qualquer tipo de relação que tenha estabelecido com o melhor professor que já tive.
-Oi, Laila. Posso ajudar?
-Pode, é... Um amigo meu não tem ido tão bem nas suas aulas e...
-Esse amigo seria o Josh Riggeto? -É foi bom enquanto durou, mas sou péssima mentindo e é por isso que não faço, e por ser um horrível costume.
-É.
-Laila, você é uma boa garota, não sei deixe levar por qualquer um... Quer dizer, ele ao menos se esforça e se quiser passar pela minha matéria será estudando e não te pedindo pra vir falar comigo, se fossem amigos conversariam na sala de aula, algo que não acontece. -Seu olhar fixa ao meu. -Você é uma boa garota, não se deixe levar por qualquer coisa. -Dito isso ele pega sua maleta e sai da sala, me deixando sozinha.
Ótimo, agora preciso contar isso ao Riggeto...
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Quase Um clichê perfeito...
RomancePlágio é crime! Obra registrada. Um dia frio, um baile escolar se aproximando, um capitão do time e uma garota com problemas de confiança ... Isto te lembra algo? Ele nunca a havia notado... Até agora, provavelmente precisa de ajuda com os estudos...