Capítulo 10

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-Tá, eu aceito sua proposta ridicula. -Respondo ao garoto a minha frente que tem um sorriso gigantesco, Josh se desapoia do armário e me abraça levantando-me do chão. 

-Eu literalmente te amo!

-Quer me fazer desistir moleque? -Até parece que eu desistiria. 

Riggeto me solta no mesmo instante. 

-Só tava expressando minha felicidade. Então eu te espero na minha casa, hoje, às duas. 

-Pra que? -Questiono enquanto o vejo colocar a mochila nas costas. 

-Pra nossa primeira aula de geometria e de paquera. 

-Ah, tá. -Respondo não tão animada quanto ele, quer dizer, paquera quem diz isso hoje em dia? 

Josh me dá uma piscadela, se vira e começa a caminhar corredor a dentro. 

-Assuntos logo cedo com o Riggeto, isso não tá me cheirando bem. -A voz de Aline me faz virar. 

-E não tá mesmo, mas é melhor do que não sentir cheiro nenhum. 

Durante o resto da manhã tentei me concentrar na aula, mas nem ao mesmo o Harley estava me fazendo prestar atenção, só consigo pensar que daqui algumas horas estarei na casa dos Riggeto's para aprender a paquerar. Não que eu não precise de ajuda, mas ainda assim isso é estranho. 

-Laila? -A voz do professor soa fazendo-me fitá-lo. -A aula acabou, tá tudo bem? 

Pirragueio enquanto começo a organizar meu material. 

-Tá sim, só me distrai. 

Pego minha bolsa, me despeço dele e deixo a sala de aula. Caminho em direção à saída. 

Passo por uma garota que tem um panfleto estendido, pego-o sorrindo em agradecimento. Fito o papel anunciando a chegada do baile de fim de ano. Ótimo, mais uma forma de socializar com pessoas que mal te notam. 

Fiz o caminho de volta para casa com tranquilidade quando cheguei percebi que estava sozinha novamente, tomei uma ducha e almocei. Após apenas fiquei gastando meu tempo vendo vídeos de filhotes fofinhos e quando o relógio apontou ser uma e quarenta juntei toda minha coragem e um pouco da minha dignidade que começou a se perder quando aceitei essa proposta idiota. 

A casa do Josh não é tão longe da minha, nada que nos force a ter um convivio diário além da escola, mas ainda assim é apenas uma caminhada de uns dez minutos se você caminhar numa velocidade razoavel de 5 Km por hora. Entretanto quando meus passos cessaram frente a porta da casa dos Riggeto's  senti um certo medo e receio me dominar. 

Quer dizer, não parece leve, parece estranho e forçado. Eu deveria conseguir me relacionar de uma forma saudável com o Brian, não? Deveríamos um dia qualquer cruzar nossos olhares pelo corredor e um sorriso surgiria, mas aprender a conquistá-lo? Isso parece loucura, e idiotice também. Dane-se o Brian, eu vou embora. 

Viro-me, porém o som da porta abrindo interrompe meus passos. 

-Onde tá indo? -A voz de Josh faz com que eu me vire. 

-Hm, embora. 

-Por que? Não tinhamos combinado às duas? 

-Isso é idiotice, Josh. Você pode passar em geometria sem mim, e eu não quero ter que me humilhar pra conseguir a atenção de um garoto. 

-Se humilhar? -Questiona se aproximando de mim. 

-Não me sinto confortável, não quando tenho que aprender fazer isso. 

-Tá, não pira. Vamos apenas entrar na minha casa, e isso não precisa e nem vai ser estranho, são só duas pessoas que se conhecem desde sempre se ajudando. Isso não é estranho, é?

Pondero suas palavras fitando-o. 

-Não, não é. 

Com um sorriso ele me guia para dentro de sua casa, fazia um bom tempo que vinha aqui e a casa mudou muito os moveis são muito moderno e tudo é extremamente organizado. A senhora Riggeto tem mania de limpeza, essa parte não parece ter mudado. 

-Vamos pro meu quarto. -Fala começando a subir as escadas, sigo-o. 

Adentro ao seu tipico quarto de adolescente masculino cheio de trofeus e posters de carros e a organização impecavel dos Riggeto's. 

-Senta aí. -Aponta para a cadeira junto á escrivaninha. 

Faço-o abrindo o seu computador e abrindo alguns de seus livros de geometria. 

-Em que parte tem dificuldade? -Pergunto virando a cadeira e olhando-o. 

-Tudo é uma boa resposta? -Responde me fazendo rir. 

-Tá, então vamos começar pelo começo. -Falo me organizando mentalmente por onde iremos começar. 

Josh se sentou mais perto da escrivaninha, comecei explicando as regras básicas da geometria, o que não deu certo. Ele não compreendeu bem a matéria então tive de começar a dar exemplos mais simples, do nosso dia a dia. 

-Tá, chega disso.  Acho que comecei a entender, e você explica bem melhor do que o Harley. 

-Ele é um excelente professor. 

-Pra você que entende ele sim, pra mim não. Mas chega de geometria, vamos a sua primeira lição. -Fala fechando o notebook. -Já usou alguma cantada com algum cara? -Sua pergunta me faz rir. 

-Eu tenho cara de quem vive passando cantada? -Foi a vez dele rir. 

-Não, não tem. Você ainda é bem marrenta né? 

-Eu nunca fui isso aí, não! -Respondo sorrindo. 

-Tá. Seu sorriso é bonito e quando o faz consequentemente é impossível não olhar pra sua boca use isso ao seu favor. 

-Assim? -Forço um sorriso. 

-Não, o natural, esse faz você parecer uma maniaca. 

-Mas e se a situação não tiver graça?

-Pense em algo engraçado e pronto. 

Coloco uma das mechar atrás da orelha pensando em quantos momentos engraçados presenciei. 

-Isso, o lance do cabelo é outra coisa importante. -Diz me fazendo desviar o olhar para si novamente. 

-Lance do cabelo? 

-É, colocar ele atrás da orelha, ou deixar ele bagunçado de proposito, essas coisas. -Assinto. -Laila, você já fez isso antes, certo? 

-Aula de paquera? Ah, sim todos os dias inclusive. 

-Não. -Responde rindo. -Paquerar de verdade, já fez, não? 

-Ahn, uma vez tive u lance com um cara, mas eu não estava consciente de que minhas ações o atingiam. 

-Mas toda menina já fez isso. 

-Josh eu não tinha tempo pra isso e agora que tenho eu não sei o que fazer. -Respondo sentindo-me tímida de repente. 

-Tá, vamos dar uma volta. 

-Oi? 

-Vamos, a aula hoje é ao ar livre. 

Quase Um clichê perfeito...Onde histórias criam vida. Descubra agora