Quando Amélia acorda em um quarto de hospital, sozinha e com apenas uma lembrança clara de um pesadelo que a rodeou durante todo período descordada, ela precisa reunir toda sua coragem para procurar as respostar e preencher as lacunas, mas será que...
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Boa leitura *
- Eu não vou mais aguentar nenhum minuto com todo mundo me escondendo as coisas, do que eu preciso tanto saber? Por que eu estou aqui? O que aconteceu comigo?! – Perguntei fazendo com que por poucos segundos o silêncio se instalasse na sala.
- Nós vamos dar uma volta – Rose disse fazendo sinal para Amanda sentar na cadeira de rodas.
- Obrigada – Minha vó respondeu e nós duas observamos elas saírem da sala.
- Vai me contar? – Perguntei tentando esconder a irritação na voz, mas ainda houveram alguns resquícios na fala.
- Bem, vamos desde o começo, quero ser o mais direta possível – Falou se levantando e puxou o ar antes de começar a falar – No dia 15 de novembro de 2017 houve um acidente de carro na BR-116, onde você e seus pais estiveram envolvidos, ninguém conseguiu descobrir o que realmente causou o acidente, se foi uma falha mecânica ou do seu pai que estava dirigindo, mas a única coisa clara nisso tudo é que causou muitos danos no carro, capotou e afrente foi completamente destruída – explicou e fez uma pausa me encarando, tentando talvez decifrar o que se passava pela minha cabeça – E... Amélia.
- O que? – Perguntei com a voz embargada.
- Você foi a única que conseguiu sobreviver, eles faleceram no local, antes mesmo da ambulância chegar.
- Isso não pode ser verdade – Respondi começando a deixar umas lágrimas caírem pelo meu rosto.
- Amélia, nunca que eu faria isso por brincadeira – falou séria tentando segurar suas lágrimas - Eu não queria que isso fosse verdade, mas é. Eles não estão mais aqui com a gente.
As palavras dela me acertaram como um tsunami. Os flashs do que eu acreditava ser um pesadelo por todos aqueles dias e que na verdade eram o meu acidente passavam pela minha cabeça me fazendo chorar mais, com aquelas lembranças tudo parecia estar tão próximo de mim, os gritos, a angustia, a confusão... e isso fazia meu peito doer tanto, que por um momento não achei que iria aguentar mais respirar. Eu tinha perdido todo meu controle, nunca acreditei estar em uma situação como essa, mesmo ninguém tendo conversado comigo direito sobre eles desde que acordei, mas mesmo assim, nunca cogitei essa possibilidade, aliás, quem cogitaria?
Naquela mesma noite só parei de chorar quase uma hora depois, com toda a ajuda da minha vó, que tentava se manter firme para me dar apoio naquele momento. Quando Rose e Amanda voltaram para o quarto viram meu estado, mas ainda bem que não fizeram nenhum tipo de pergunta, só se arrumaram e logo começaram a dormir, um tempo depois minha vó também conseguiu pegar no sono, sobrando apenas eu acordada. Mesmo cansada, não consegui dormir nem por um minuto, toda hora que fechava os olhos o acidente vinham em minha mente, então acabei passando a noite toda acordada em meio a devaneios desesperados e suplicas para que não fosse verdade, mas quando os raios de sol começaram a passar pela janela, percebi que não era nenhum pesadelo.
Era essa minha realidade. Não tinham mais nenhum dos dois na minha vida e não tivemos nem tempo para uma última despedida.
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