- Beatriz! Que susto, não se chega de madrugada em alguém desse jeito – falei pondo a mão no peito depois de ver a mesma.
- E não se anda por aqui a pé de madrugada! Mas que caralhos está fazendo aqui? – Perguntou perplexa e antes que eu respondesse me interrompeu – Entra aqui logo, vou te levar para casa.
- Eu estava trabalhando – Soltei sem nenhuma instigação, só cansaço ao me lembrar da noite.
- Onde?
- Você não vai querer nem saber onde – Respondi lembrando de sua reação ao bar na última vez que passamos perto.
- Conta vai. Fico uma semana sem falar com você e você apronta. – Disse balançando a cabeça negativamente e fazendo um barulho com a boca de reprovação.
- No bar esportivo mais descolado desse buraco - Falei com sarcasmo.
- Eu não acredito. – Falou surpresa e nós rimos. Pensei que sua reação fosse ser pior, aliás ela está sendo bem diferente da primeira vez que nos vimos, mais amigável, eu diria, e menos esnobe também.
No resto do percurso nós conversamos sobre poucas coisas, já que de carro era bem rápido chegar na minha casa. Conseguimos falar um pouco sobre a semana e por impulso aceitei sair com ela na segunda-feira para uma festa, de acordo com ela era a mais esperada do ano. E quando digo que as pessoas dessa cidade são estranhas, eu tenho propriedade para dizer isso, quem inventa uma festa em plena segunda? O pior dia de semana. E o dia da minha folga. No momento que entrei em casa, não pensei muito, me joguei na minha cama completamente cansada e adormecendo quase que subitamente. Eu realmente precisava desse descanso. Minha cama se assemelhava ao paraíso.
Acordei no mesmo dia no meio da tarde, me arrependi muito de não ter colocado um alarme para acordar mais cedo e arrumar a casa, tive que fazer tudo às pressas antes das cinco e meia e para ajudar o trânsito me atrasou, fazendo chegar meia hora depois do combinado.
- Você chegou atrasada – Gustav falou evidentemente irritado, assim que eu entrei e o sininho tocou na entrada.
- Eu sei disso – Respondi no mesmo tom depois de amarrar o cabelo e começar a varrer o chão.
- Não sou seu empregado. Da próxima vez você faz isso sozinha. - Apontou ainda irritado para a estante de bebidas que ele limpava.
- Eu sei disso! – Repeti ainda mais áspera. Continuei varrendo em silêncio, me concentrando apenas na música baixa no fundo do local. Depois de varrer, comecei a passar pano nas mesas e limpar as cadeiras, consegui fazer tudo com muita agilidade para não precisar ouvir muitas reclamações pelo meu atraso.
- Finalmente – Ele falou sozinho pegando um cigarro do bolso e acendendo com um isqueiro que estava em cima do balcão. Dessa vez consegui observa-lo melhor, ele parecia ser mais velho que eu, mas ainda com uma idade próxima a minha. Tinha uma tatuagem no rosto e várias outras espalhadas pelo corpo, não tinham nenhum padrão, algumas pareciam ter sido feitas com alguém que sabia o que estava fazendo e outras com o risco similar ao de uma criança. Seus olhos eram castanho-claros, o que chamavam muita minha atenção, não são cores tão faces de se encontrar como azul ou castanho-escuro. E seu corpo era magro, porém ainda assim tinha marcas e definições de alguém que ia para academia.
Quando ele começou a caminhar em direção a porta de saída e que percebeu que eu o encarava me lançou um olhar diferente de qualquer um que tenham lançado nesse, mas não foi algo positivo, estava mais para um estranhamento e dúvida. Eu ainda não reaprendi a ser discreta enquanto analiso as pessoas. Essa última situação acabou me deixando envergonhada e sem jeito.
- Você veio, pensei que não iria querer voltar mais depois de ontem – Eric falou me despertando do transe e se sentando ao meu lado.
- Achei o mesmo – Brinquei e nós rimos.
- O que está achando daqui?
- Tirando o fato de que seus amigos são uns babacas. Até que estou gostando, mas não vou tirar conclusões precipitadas, nem comecei o segundo dia – Falei com um olhar divertido, ouvi mais uma vez uma risada soar por seus lábios.
- Eles são ariscos, mas são legais – Falou em defesa de seus amigos e levantei as palmas da mão para cima, em sinal de dúvida.
- Não sei não. Enfim, vou ali me arrumar, já volto – e me levantei caminhando na direção do vestiário. Sabrina já estava terminando de se arrumar, mas eu não havia visto ela entrando no bar e levei um leve susto com sua presença, ainda bem que essa parte não ficou evidente.
Rapidamente me troquei, soltei meu cabelo e ao contrário de ontem, decidi passar uma maquiagem, mas nada muito chamativo. Em seguida saí do cômodo indo para perto do balcão onde haviam alguns banquinhos que me sentei e comecei a conversar com Eric.
- Talvez, Do I wanna know seja boa, mas na minha opinião é de corno – Falei com sinceridade e ele me encarou perplexo.
- Você gosta de Void da The neigbourhood, não está em posição de me dizer isso. – Atacou e nós rimos.
- Contra fatos não há argumentos. – Levantei a mão em rendição ainda rindo.
E assim que o primeiro grupo de pessoas entrou pela porta o trabalho começou, mas posso afirmar com toda certeza que hoje tudo fluiu com muito mais calma para mim, mesmo que por ser sexta aquele lugar estava fervendo. Era contagiante ver as pessoas se divertindo, conseguia absorver a energia delas para mim. Estava me sentindo finalmente viva.
- Vamos varrer e passar um pano nas coisas, jovens – Tony falou pegando um pano e começando a limpar a sujeira em cima da mesa. Até ele parecia estar hoje de bom humor.
- Eu preciso ir embora, tenho uma coisa para fazer com a Kiara – Sabrina disse para o Tony e ele deu de ombros, apenas avisou que ela iria precisar cobrir esse tempo amanhã ou no domingo, os dias que mais movimenta por aqui pelo o que ele disse. Fiquei curiosa imaginando como seria esse lugar mais cheio do que hoje.
Aos poucos fomos terminando. Eric foi embora. Tony foi embora deixando para mim ou Gustav trancar tudo e quando restou apenas nós dois ficamos limpando o pouco que faltava no mesmo silêncio que mais cedo.
- Vou trancar, já pegou suas coisas? – Ele perguntou para mim e eu peguei minha bolsa caminhando para o lado de fora, enquanto mexia no celular para ver de que forma iria embora hoje – Não vai embora? – Perguntou para mim quando estávamos do lado de fora e eu olhei confusa em sua direção.
Olá, meus leitores! As coisas estão começando a animar na vida da Amélia, então,tenham paciência que a história vai começar a tomar um rumo completamente diferente do que acham, com mais animação, solução de alguns problemas do passado dela, quem sabe até ela se lembre de mais coisa... Agradeço desde agora por estarem lendo meu livro e votando na história, isso me ajuda muito, além dos comentários que vocês tem deixado.
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Comprando estrelas
RomanceQuando Amélia acorda em um quarto de hospital, sozinha e com apenas uma lembrança clara de um pesadelo que a rodeou durante todo período descordada, ela precisa reunir toda sua coragem para procurar as respostar e preencher as lacunas, mas será que...