O dia tinha passado mais rápido que eu imaginava. Após acordar de manhã fiz alguns exercícios físicos que a fisioterapeuta havia indicado, pela tarde conversei um pouco com minha vó e quando mal percebi já estava sentada em um banco do vestiário improvisado no bar. A noite não havia começado ainda, mas já sabia que seria cheia.
- Venham todos aqui – Ouvi Tony, o chefe, gritar do outro lado da porta e eu fui ao seu encontro, assim como a garota morena da outra noite que estava dentro do vestiário assim como eu, porém não havíamos trocados nenhuma palavra ainda.
- Fala Tony – Um garoto de pele branca coberta por tatuagem falou, fazendo com que eu levasse minha atenção para o mesmo e desviasse o olhar quando ele me encarou – Quem é a novata? – Perguntou como um ar de superioridade e ignorando o fato de eu estar ali.
- Amiga da Kiara – O loiro do dia anterior respondeu. Essa Kiara era conhecida por todos aqui pelo visto.
- É por isso que estou reunindo vocês quatro aqui – Tony falou revirando os olhos – Está é a Amélia, agora se apresentem para ela – Ele claramente não era bom com apresentações.
- Eric – O Loiro pronunciou com rapidez e sorriu para mim, apenas retribui com um leve sorriso e um olhar calmo.
- Sabrina – A morena disse sem muita expressão e então meu olhar se voltou para o tatuado em minha frente.
- Gustav – Falou e eu assenti - Será que ela fala? – Perguntou mais baixo para Eric, porém eu consegui ouvi.
- Se você parasse de se referir a mim como se não estivesse aqui, talvez eu tivesse a chance de falar. – Respondi séria e observei um olhar desafiador surgir em seu rosto.
- Amélia, você não quer começar a trabalhar aqui tendo a minha pessoa fora do seu lado – Falou e dessa vez eu que o olhei como quem estivesse o desafiando.
- E isso seria uma ameaça? – Perguntei sem demonstrar medo ou temor ao que ele havia dito. E antes de esperar a uma resposta virei as costas indo para frente do bar, apenas para tomar um ar antes de abrir em poucos minutos, seu olhar era frio e eu sabia que se continuasse nisso logo perderia a postura de segura.
Encostada na parede fria ouvi meu celular apitar no bolso, então o peguei sorrindo automaticamente ao receber uma mensagem do Lucca me desejando um bom primeiro dia e outra da minha vó, com o mesmo contexto. Eu fiz questão de mandar uma foto para cada um com uma expressão assustada e em seguida agradecendo.
Quando os primeiros clientes entraram meu pesadelo começou. Ainda não tinha uma pratica boa em atender, mesmo que era apenas anotando seus pedidos e entregando, mas carregar uma bandeja com shots de tequila e usando uma mini saia se mostrou mais difícil do que parecia. Nas primeiras horas da noite fiquei completamente perdida, apenas Eric me ajudou, enquanto os outros dois se divertiam com a situação, mas pouco a pouco fui me tranquilizando e conseguindo fazer o que precisava, porém com dificuldade.
- Entrega isso na mesa cinco – Gustav falou do lugar onde ele ficava no balcão. Apenas Sabrina e eu que atendíamos, enquanto os outros eram meio que os barmens, só os clientes que ficavam dançando na pista pediam direto para eles, mas os que ficavam na mesa faziam os pedidos comigo. Revirei os olhos e fui entregar as bebidas com um sorriso simpático no meu rosto, isso me ajudou muito a ganhar algumas gorjetas. Essa foi uma dica que Eric me deu.
Eram quatro horas da manhã. Minhas pernas estavam moídas e minha cabeça doía pela música alta que tocou em meu ouvido a noite toda. Tínhamos acabado de fechar e arrumávamos algumas coisas para a próxima noite, mas não tudo, já que Tony dívida os dias de quem tinha que vir mais cedo lavar.
- Amélia, você vem hoje mais cedo, seu dia de lavar com Gustav – Falou autoritário.
- Não tenho forças o suficiente para discordar, então está bem. – Falei quase sem voz e praticamente jogada no balcão.
- A patricinha ali pelo visto não tem pique para trabalhar, acho que fez um mau negócio Tony – Sabrina falou tirando uma com minha cara e Gustav acompanhou ela nas risadas, mas eu permaneci calada, não estava acostumada com pessoas me insultando a cada minuto.
- Tudo bem. Tchau Eric. Tchau Tony. – Falei me levantando e pegando minha bolsa. Me retirei o mais rápido que pude dali. Eu me sentia patética por deixar que em pouco tempo a palavra de dois completos desconhecidos me permitisse ficar aborrecida.
Coloquei meus fones dando início a minha música e comecei minha longa caminhada de uma hora até em casa durante a madrugada. Minha vó me mataria se soubesse dessa parte. Mas ou eu esperava no bar até a hora que os ônibus voltassem a circular e seria bombardeada com ofensas por apenas estar ali ou ficaria parada no frio em um ponto de ônibus. Não me sobrou outra opção senão essa.
- Que merda você está fazendo aqui essa hora? – Ouvi alguém dizer de forma agressiva dentro de um veículo e eu me virei assustada para ver quem era.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Comprando estrelas
RomantizmQuando Amélia acorda em um quarto de hospital, sozinha e com apenas uma lembrança clara de um pesadelo que a rodeou durante todo período descordada, ela precisa reunir toda sua coragem para procurar as respostar e preencher as lacunas, mas será que...