Comprando estrelas

Surpresa!

Depois andar pela pequena cidade, eu e Beatriz resolvemos ir comer em algum lugar. Decidimos ir para uma lanchonete, não queríamos comer nada muito elaborado, apenas algo simples. Por volta das onze, ela me levou para casa. Quando cheguei tudo já estava desligado, deduzi que minha vó já havia ido dormir, então fiz o mesmo.

No dia seguinte, acordei com as pernas doendo, talvez pela caminhada de ontem que não era muito comum para mim. Fiz minhas higienes e desci. Minha vó estava na cozinha, então antes de preparar meu café da manhã a cumprimentei com um abraço de lado desejando bom dia, que foi retribuído junto a um sorriso. Sem muito rodeios peguei apenas uma xícara de café, que já estava pronto, e me sentei ao seu lado.

- O que tanto olha? – Perguntei tomando um gole do café. Apreciando o sabor enquanto observava com curiosidade a pilha de folhas a nossa frente.

- Nada demais. Só organizando algumas contas. – Falou simples enquanto guardava os papeis na pasta que havia em sua mão. E eu assenti. – Vou precisar sair mais cedo hoje para trabalhar, volto pela noite. – E me deu um beijo na bochecha antes de sair do cômodo.

Fiquei por mais alguns minutos na mesa tomando meu café e quando ele chegou ao fim lavei a xícara e subi para o meu quarto. Logo fui me deitando na cama e comecei a checar meu celular. Só havia uma mensagem da Beatriz, pedindo que eu salvasse seu número e reclamando sobre não me encontrar em rede social alguma, sobre essa parte apenas mandei algumas risadas, não queria ter que explicar.

Sem nada para fazer comecei a observar meu quarto. Estava uma completa bagunça, muitas das coisas ainda estavam na caixa e as que estavam fora eu as coloquei de qualquer jeito, com exceção das roupas. Não parecia ser um quarto meu, eu sempre gostei muito, até onde me lembro, de colocar pôsteres, pintar os móveis com cores chamativas, encher o quarto com plantas e colar desenhos pelas paredes, mas tudo aqui parecia tão sério e perdido. Talvez isso só fosse um reflexo de como estou por dentro.

Ainda incomodada com a bagunça comecei a organizar de maneira provisória as coisas. Só iria organizar tudo corretamente em seu devido lugar, quando quisesse ler os meus diários, ver os poucos álbuns de fotos, e os resto das coisas com atenção. Todo processo parece lento para minha vó, ela mesma reclama sobre eu não ter tentado ler, mas existem coisas que para mim no momento o melhor que eu faço é esperar sentir a necessidade de ver, não adianta essas bombas caírem na minha frente sem eu estar pronta para me defender.

Fui acordada de meus devaneios com o som da campainha tocando. Nos primeiros segundos paralisei com os livros da minha mão, não me recordava de ter chamado alguém. Com receio desci em passos calmos até a entrada, à medida que eu descia conseguia ouvir o leve barulho de chuva aumentar no lado de fora. No momento em que destranquei a porta dei de cara com um rosto que não imaginava ver tão cedo.

- Surpresa!