Bem-vinda de volta!

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Houve um período de tempo naquela madrugada, entre algumas bebidas, que tudo parou de fazer sentido para mim e eu apenas saí. Sem dizer mais nem menos. Abri a porta e desci cambaleando cada um daqueles degraus. Acredito que todos ali achavam que era alguma brincadeira. Mas com uma garrafa na mão, carregada de pensamento confusos peguei o primeiro ônibus daquela noite até a rodoviária, após isso só lembro de algumas horas mais tarde acordar dentro de outro ônibus e pela janela ver o mar. Eu estava em Brighton. A cidade que eu mais temia estar nesses últimos tempos.

Desci do ônibus sentindo um desconforto e uma grande dor de cabeça. Caminhei com calma até o píer me sentando no primeiro lugar que encontrei. Eu estava terrivelmente cansada. Quando me dei conta finalmente do que havia feito procurei em gestos desesperados meu celular, com sorte o encontrei. Após liga-lo as mensagens de todos me procurando começaram a me bombardear, contudo, só consegui pensar em minha vó e sem pensar muito liguei para a mesma. Nossa conversa não foi tranquila, ela estava brava comigo, por ter mentido sobre ir para a casa de Beatriz e ter desaparecido sem avisar, a única coisa que fiz foi me manter calada esperando que ela parasse de brigar comigo.

- Eu preciso de café, por favor. – Falei para a garçonete após sentar na mesa e ela assentiu sorrindo para mim. Naquela manhã acredito ter bebido quatro xícaras de café.

Enquanto bebericava os últimos goles meu celular tocou outra vez naquela manhã. Era Gustav. Por não saber o que falar não atendi da primeira vez, mas ele foi insistente e continuou tentando até me fazer atender.

- Amélia. Garcia. Que merda você fez? – Ele perguntou irritado do outro lado da linha. Pelas vozes do fundo ele estava com o resto do pessoal.

- Nenhuma.

- Em que porra de lugar você está?

- Não é da sua conta e não usa esse tom comigo – Falei tomando mais um gole do meu café.

- Amélia, você deixou todo mundo preocupado por toda madrugada, ninguém sabe onde você está, então fala logo, onde você está! – Ordenou autoritário.

- Estou em Brighton. – Falei sentindo minha consciência pesar ainda mais. Já não bastava minha vó, agora tinha mais eles.

- Não acredito – Disse sem expressar nenhuma emoção na fala – Ela está Brighton – Ele disse, mas pela voz estar distante acho que estava falando com o resto do pessoal – Quando você volta?

- Não sei, só tenho 10 trocados no bolso e vai ser usado para pagar meu café. Gastei tudo na rodoviária ontem – Fui sincera.

- Você é completamente irresponsável – Falou irritado novamente, podia jurar que estava passando a mão no cabelo nesse momento, ele tinha essa mania.

– Não se preocupa, talvez eu pegue algum trocado na casa dos meus pais, se eu conseguir entrar lá, esqueci da chave também. – Disse calma tentando encontrar alguma solução. Ele não disse nada sobre esse meu último comentário, apenas deixou a linha em silêncio por alguns segundos e a voz de Beatriz ecoou em meu ouvido.

Após isso tive que falar com todos, para eles terem certeza que eu estava bem. Levei alguns xingos, com razão, mas assim como fiz com minha vó, apenas ouvi e me mantive calada. Depois de pagar a conta e sair pela porta caminhando na direção da casa onde eu, por incrível que pareça, não estava com medo de ir, acho que era a cafeína falando por mim. Descobri que era verdade a parte do café quando vi aquelas paredes brancas de frente para mim. 

 

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⏰ Última atualização: Oct 20, 2019 ⏰

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