Capítulo 20

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   Alguns dias se passaram desde que Piper se foi, ela sempre é bem vinda na casa de seus pais no México, todos a amam. Mas ela amava alguém que estava em outro lugar do mundo a muitas milhas dali e estava sofrendo também.
Mas não tanto quanto Vause. Alex estava mal, tão mal que nem conseguia trabalhar direito, ligava para Piper umas cinquenta vezes por dia, deixava e-mails, caixa postal. Mas a loira nunca atendia ou respondia.

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         Alguns meses se passaram, Alex estava em estado de decadência. Não comia direito, não se cuidava, não saia de casa. Simplesmente passava todos os dias na cama sem levantar, ela estava sofrendo de um jeito que nunca imaginou.

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       O fim de ano está chegando, Alex está muito doente. Ela está tentando se reerguer, mas não está conseguindo.

Povs Alex:
  Está tudo tão difícil, eu acho que essa vez eu me apaixonei mesmo. Nunca tinha ficado assim por alguém. Não consigo me concentrar em nada, não tenho vontade de viver... Perdi meus interesses em coisas que eu adorava fazer. Se o fundo do poço já é fundo, eu consegui ir mais fundo ainda.

             Me levantei hoje em um desânimo tão grande e fui trabalhar, mas não consegui ficar muito tempo no trabalho. Então fui caminhar um pouco ver se ar fresco me dá algum motivo pra continuar vivendo.

            Estava andando quando dou de cara com uma igreja. Eu nunca nem fui na igreja, minha mãe não costumava ir. Mas um lado meu dizia para entrar lá. Na igreja, por quê? E foi o que eu fiz, entrei e a igreja estava vazia, me sentei em um dos bancos e só fiquei ali, naquele silêncio quando um cara bate num tipo de janela de madeira cheia de buraquinhos.

-Ei. Você, está tudo bem filha? Venha até mim.

            Vou até ele e me sento na cadeira que tinha do lado de fora do confessionário. Não dava para ver o rosto do sacerdote direito.

-Você não está bem certo? — Afirmei –Quer se confessar de algo?
- Eu não. 
- Não precisa ser nenhum especialista pra ver que você está pesada, triste.
-Ta tão na cara assim?
- Está. Seja lá o que estiver te incomodando você está no lugar certo... Desabafar, pedir perdão pode aliviar seu peso.
- Eu fiz uma coisa ruim, uma vez no passado. E isso está interferindo na minha vida. — respirei fundo – Eu bebi muito num certo dia, minha companheira estava em casa. Infelizmente eu não tive controle sobre meus atos. Meu relacionamento era complicado, tóxico, ela era bem violenta comigo. — Eu estava chorando para um estranho – Nós começamos a discutir feio e em algum momento eu dei um tapa em seu rosto. Ela revidou, a gente começou a brigar com tudo que você imaginar e eu a machuquei e a empurrei... Ela bateu a cabeça e me culpa amargamente por isso.
- Quanto tempo isso faz?
- Quase doze anos. E essa mulher está me infernizando com isso... Falando que eu fiz mais do que realmente aconteceu. E eu tô amando alguém, mas essa mulher tirou o amor da minha vida dos meus braços.
- Entendo. Você tinha crises de bipolaridade, surtos de violência?
- Não... Eu era depressiva e só por causa dela fiz tratamento, estou tomando remédios e foi somente essa vez que eu bati em uma mulher... Uma única vez.
- Você pediu perdão por agredir uma filha do senhor?
- Não. — abaixei a cabeça
- Faça isso filha. Peça perdão, você vai se sentir melhor... Quem sabe essa moça não te deixa em paz. Feche os olhos, vai no seu coração e peça perdão com todo o arrependimento que você tem.

Fiquei alguns segundos para me concentrar, eu tô achando isso uma palhaçada. Não tenho fé suficiente para isso... Nunca fui de acreditar em oração e muito menos fui aceita por qualquer parente crente. Mas vamos lá, eu tentei..

- Me perdoa senhor. Eu não tive a intenção de fazer aquilo com a Cíntia. Eu estou arrependida. Eu não aguento mais sofrer por um erro. — imediatamente comecei a chorar novamente

- Isso... E essa pessoa que você está amando, o que houve?
- Ela ficou com medo, que eu batesse nela também, minha ex companheira contou certas mentiras. E ela se assustou e foi embora da cidade faz uns seis meses.
- E você está assim durante esse tempo todo? — o rapaz sai de dentro do confessionário. - Qual seu nome filha?
- Alex.
-Alex, vai pra casa e tenta melhorar.
- Eu não consigo melhorar.
- Então vai atrás da pessoa que esta ai no seu coração e fala a verdade com a mesma sinceridade que você pediu por perdão.

Ele vai para frente e eu fico imóvel pensando no que Ele me disse. Eu saí e chamei um Uber para casa.

           Alex estava tão doente com a ausência de Piper que ela não conseguia dirigir seu próprio carro. Ela não queria admitir mas ela saiu mais leve agora que pediu perdão. Talvez seja só psicológico. 

- Oi aqui é a Piper, deixa seu recado e assim que possível eu irei retornar.
- Sou eu... É de novo, Piper eu preciso de você. Não aguento mais ficar longe, esse seu silêncio está me matando. Você acredita que eu acabei de sair de uma igreja? É... Nem eu. Eu tô com medo... Nunca me senti assim antes. Eu amo você.

            Desliguei o celular e fiquei pensando no caminho até em casa.

            Chegando lá, Alex paga a corrida. Mas o silêncio e o vazio da casa começa a deixar louca. Então decide fazer algo inesperado.

- Oi. É da companhia aérea? Quero uma passagem de ida para o México o mais rápido possível. Primeira classe no nome​ de Alexandra Pearl Vause.

          Passei o CPF do registro e eu teria uma viagem para o México daqui dois dias. Eu preciso conversar com ela, contar a verdade sobre a louca da Cíntia... Quem sabe ela não me perdoa?

The trip (Vauseman) - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora