Capítulo 4 - A Princesa Rebelde

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"No início nosso povo era a agua do mar.

Por milênios o sol irradiava magia aos oceanos de Eäwe, como os elfos chamam a Terra, nosso lar e de tantos outros seres. A magia emergia das águas do oceano e criava substancias, seres vivos e subia aos céus, caindo junto à agua da chuva lavando a terra que ainda era estéril.

Do sal veio o primeiro de nós, Manverü, Deus da Pesca e da Caça. Foi ele quem veio a terra e firmou o primeiro assentamento élfico no ano um. Ensinou os primeiros jovens elfos a pescar e a caçar. Seu assentamento virou uma vila, que virou uma cidade que se tornara a primeira capital élfica de Eäwe. Faleceu em 1582 da primeira era élfica, seu título só foi retomado mais de dois séculos depois, por Elvillon.

Da seiva das plantas veio a segunda deusa, Flavÿr, Deusa da Agricultura. Ela começara a plantar e a lavrar de ervas medicinais a alimentos. Descobriu e cultivou a Aynëa, o equivalente mágico do centeio cultivado pelos humanos e anões, que alimentou nosso povo do começo de nossa civilização até hoje. Ela foi uma das deusas mais cultuadas de seu tempo.

Do vento veio a terceira deusa, Toruviel, Deusa da Magia. Após a fundação da primeira grande cidade élfica de Elerya, fundada por Manverü, muitos elfos se dispuseram a estudar a magia que tanto nos fascinava, pois deu a vida a nós e a tantas outras espécies de Eäwe. Toruviel foi a que mais se destacou nas pesquisas da magia. Ela foi quem inventara os feitiços e diversos encantamentos e explicara como estas funcionavam. Recebeu o título do próprio Manverü, que decidiu a adotá-la como filha. Faleceu em 224 da segunda era élfica, quem a conheceu diz que nunca mais houve elfa mais bonita e igualmente sábia que ela.

O quarto deus veio do céu, Galevÿnci, Deus dos Estudos. Inventor da primeira escrita coesa, utilizada oficialmente pelos elfos até hoje. Ele construiu com as próprias mãos o maior observatório de Eäwe, que ao longo dos anos seria ampliado e se tornaria uma das treze maravilhas do mundo. Galevÿnci foi o primeiro elfo a olhar para as estrelas e perceber a beleza e a ciência nelas, descobriu as distancias entre elas e propôs que Eäwe girava em torno de Suë e não o contrario. Inventou diversos instrumentos musicais e a mais famosa de suas invenções: a bicicleta.

Do fogo veio a quinta deusa, Fëtarya, deusa da fundição. Ela dedicou sua vida a pesquisar os minerais da terra, junto a sua irmã gêmea, também deusa Fäterya. Descobriu o cobre e o bronze. O ferro e o aço. Ensinou a todos como fundir os metais e criar as artes tão valorizadas hoje em dia. Também ajudou na produção das primeiras armas de guerra em diversas das guerras que os elfos lutaram. Faleceu em 1002 da primeira era em um acidente enquanto coletava minérios para suas criações.

Das montanhas veio a sexta deusa, Fäterya, deusa da alquimia. Junto a sua irmã, a deusa Fëtarya, pesquisou os materiais que Eäwe dava. Inventara as mais poderosas poções do amor até os venenos mais cruéis de sua época. Era temida, mas bastante solicitada, conhecida por todos os reinos, única elfa conhecida por lutar ao lado de todos os reis simultaneamente e não dobrar o joelho a nenhum deles. Faleceu em 1103 da segunda era. Foi a que deixou mais heranças a seus descendentes, pois muitas de suas poções eram extremamente caras, mas necessárias, além de inventar poções medicinais utilizadas até hoje.

Houve ainda muitos outros deuses elfos importantes: Deus do Maquinário Nathaniel, Deusa da Alfaiataria Alewön, Deusa da Culinária Irenys, incontáveis deusas e deuses da beleza e muitos outros. Onde quer que um elfo se destaque muito além dos outros contemporâneos a ele, se tornavam deuses e recebiam o titulo em uma cerimônia realizado na capital, onde eram imortalizados em estatuetas no saguão do palácio da primeira cidade.

Atualmente o panteão élfico esta estagnado, os especialistas dizem não haver mais o que descobrir, nem o que inventar. Os elfos que sonham se tornarem deuses, e são pouquíssimos já que os que foram considerados deuses nem se quer almejavam esse título, acabaram desistindo nesses últimos séculos. Menos eu. Elvarhonitaquën ainda será uma deusa aos olhos de todo o povo élfico. Treino dia e noite, incansavelmente todos os dias, treino magia, arqueria, acrobacias e diversas artes marciais desde criança. Eu cresci estudando dança, canto, trabalho em esculturas nos mais diversos materiais e pinturas mágicas e não mágicas e ainda leio diversos livros. Eäwe! Até já escrevi uma peça de teatro na ópera de Viscothur no qual quase ninguém foi assistir, mas eu escrevi. O mundo ainda se lembrará com respeito do nome Elvarhonitaquën e de meus belíssimos feitos. Mas deusa do quê, eu ainda não sei.".

O Capa Vermelha - Livro 1: As Crônicas de IvalinOnde histórias criam vida. Descubra agora