Capítulo 7 - O Atalho Incerto

92 20 152
                                    

Ao empurrar a porta da saída da taberna, Bernalk sentiu o frio do fim da tarde bater em seu rosto, fora empurrado porta afora pela elfa que se apressava a sair de O Dragão Cintilante, provavelmente ansiosa para começar a caçar sua tão sonhada fama entre os de sua raça. Elva arrastava o jovem capa vermelha pela mão ao sair.

_ Ora, muito bem. Comece a farejar, ó senhor rastreador. Pois já é quase noite, não se mostre como amador. Temos cavaleiros negros congeladores de anões para caçar e derrotar. Seja rápido sim, pois tenho uma reputação a alcançar.

Olver se desvencilhou da mão da elfa que o apertara, massageou o pulso, ajeitou o colarinho de sua camisa bem passada e começou a caminhar, seguindo o rastro molhado que o anão deixara. Bern e Elva o seguiam, observando o jovem caçador com olhares curiosos.

O trio seguiu morro acima e encontrou uma carroça destruída e completamente encharcada, Elva observava a cena do crime com seus olhos azuis oceânicos à procura de vestígios que os levassem aos culpados montados.

_ Elva, você viu que o rapaz encontrou a carroça do anão com certa facilidade? E olha que ele nem usou magia para tal. – Disse Bernalk, que se sentara num toco de árvore cortada na beira da estrada, observando a dupla de detetives que se disporá a trabalhar.

_ Me parece que fizemos bem em trazê-lo conosco então, quem sabe não nos será útil para mais alguma coisa?

_ Pessoal, venham aqui, vocês precisam ver isto. – A voz de Olver tremia levemente com o achado.

Elva chegou depressa ao local aos saltos e ficou igualmente curiosa com os instrumentos encontrados pelo capa vermelha. Eram diversos tubos metálicos extremamente retos, ocos e bem polidos, estavam espalhados pelo chão e pareciam ter sido manuseados recentemente, porém nenhum dos três nunca havia visto coisa igual.

_ Bernalk, você é o mago. O que são essas coisas? – Elva começara a ficar com a voz estridente.

_ Confesso que nunca vi tais dispositivos em toda minha vida. Não há vestígios de magia nesses tubos metálicos e nem de runas mágicas, portando não pode ter sido confeccionado com o intuito de misturar poções. A única magia que consigo sentir que fora conjurada recentemente foi um feitiço para ajudar a recuperar o folego, mas ela foi conjurada lá trás e, acredito que pelo anão que buscava chegar o mais rápido possível na taverna. – Bernalk assumia uma expressão séria em seu rosto jovial.

_ Tubos metálicos estranhos que não sabemos o que poderiam ser. Água descongelada que não foi congelada com magia e sim naturalmente no fim do inverno quando todas as outras neves degelam. E o único traço de magia é de um feitiço de folego do anão que evitava virar um picolé. É, estamos bem.

_ Conheço um cara que saberia dizer o que são estas coisas – Disse o mago, pensativo.

_ Um cara? O que somos? Bucaneiros? Desembucha logo quem é esse seu misterioso contato. – Elva agora remexia as coisas da carroça do anão, mas não encontrou nada além de sacos de aveia para cavalos.

_ Infelizmente esse meu... Contato... Está em Gumorzhul, nas profundezas do pântano e além das montanhas dos anões. Ele costuma trabalhar com diversos artífices do Rei Aranha, mas ele é notoriamente talentoso em trabalhar artefatos mágicos.

_ Ótimo, sempre quis vaguear pelo pântano, quem sabe encontremos um presente para nossos pais? Talvez um pote de lodo escorregadio, ou quem sabe uma concha fedorenta? Podemos ainda adotar um lindo e dócil ebugogo.

_ Ela é sempre assim? – Olver perguntou ao mago que se limitou a franzir o cenho e balançar a cabeça positivamente.

_ Temos também a opção menos racional e levar esses tubos para minha irmã Anita, em Alamestre, ela é engenheira e inventora, saberá o que são estas coisas. Porém podemos nos deparar com as tropas de algum exército. – Olver se lembrara da irmã mais velha, eram muito amigos há anos atrás.

O Capa Vermelha - Livro 1: As Crônicas de IvalinOnde histórias criam vida. Descubra agora