Capítulo 5 - A Experiência do Aprendiz

129 26 214
                                    

Das cortinas cinzentas e finas do pequeno quarto, a luz do sol transpassava e clareavam o rosto do jovem Olver que, apertando os olhos, amaldiçoava a luz que o acordara. O rapaz senta-se na beira da cama e esticasse preguiçosamente também bocejando. Olver levanta-se e decide abrir por completo as cortinas do quarto.

Ao abrir a janela, ele sente o vento frio entrar em seu pijama e escapar por suas mangas. A vida entrava no quarto dos quatro irmãos em forma dos sons da natureza viva lá fora. O dia estava magnífico, não havia nuvens no céu e os passarinhos cantavam alegres suas músicas comemorativas da chegada da primavera.

Olver pega as roupas limpas para o dia, também pega suas botas, essas não tão limpas. Agarra sua varinha e sai do quarto ainda sonâmbulo. Olver ouve a voz estridente da irmã mais jovem no andar de baixo, aquilo o ajudara a acordar um pouco, atravessa o corredor em direção ao banheiro da casa. Bate na porta com os nós dos dedos e devido a ausência de resposta interna ele entra.

Olver agita a varinha e os itens do banheiro começam a preparar o banho do jovem que sente a fragrância de madeira de carvalho usado sempre por seu pai, jasmim e plumeria da mãe, pêssegos e bergamotas de sua irmã mais velha, groselha e lilás do irmão caçula e morango e marshmallow que é o favorito de sua irmã mais nova. Hoje Olver usaria aromas menores de flores de laranjeira e rosas silvestres.

De banho tomado ele se veste e sai para ver o que a família esta aprontando. Ao sair do banheiro, Olver escuta uma batida vinda da biblioteca da casa que ficava ao lado do quarto dos pais, ele se aproxima da biblioteca e começa a ouvir duas vozes agitadas lá de dentro. O jovem se aproxima e abre a porta apenas o suficiente para espiar lá dentro e se depara com o irmão mais novo, Fred, jogando xadrez em um dos cantos da sala. O irmão levava jeito para ser um arcanista, e, com apenas cinco anos, já tinha duas personalidades desenvolvidas e uma ainda nascendo.

Arcanistas eram hábeis em quase tudo o que se precisava de mais cabeças para pensar, eles eram mestres em desenvolver outras mentes em um único corpo e todos pensavam individualmente e simultaneamente, o tempo todo. As lendas diziam que os melhores generais da história eram arcanistas, pois ao planejar um combate, eles pensavam em todas as possibilidades possíveis graças à esquematização de várias pessoas pensando em uma única cabeça, dando palpites e elaborando ao mesmo tempo todos os aspectos da batalha e, em meros minutos, previam as baixas aliadas e inimigas antes mesmo do combate acontecer.

Os arcanistas em geral tinham de cinco a doze mentalidades. O Mais poderoso conhecido era Galevÿnci, arcanista elfo e considerado um deus entre eles, uma raridade, pois elfos em geral não têm tendência para o arcanismo. Sua fama se estendeu de elfos a anões, ou seja, era conhecido no mundo todo. Suas personalidades eram individualmente gênios. Uma delas fora o maior pintor de sua época e um dos melhores ainda hoje. Outras personalidades revezavam em diversas áreas do conhecimento como medicina, alfaiataria e escultura. Era também inventor, urbanista e linguista. Reza a lenda que duas de suas personalidades nunca se deram muito bem e brigavam constantemente, enquanto as outras personalidades tentavam apartar as lutas, nunca com sucesso definitivo. Galevÿnci teve quatro esposas e dois maridos. Um para cada personalidade, sendo uma considerada assexuada.

Era muito fácil um arcanista amador tornar-se louco se inadequadamente ensinado ou mesmo pela falta de ensino, por isso eram aceitos nas escolas de magia e bruxaria muito cedo, mas meu irmão Fred, felizmente nasceu de um casal que tem como paixão e hobby a magia. Meu pai treinou os filhos nas artes da luta e rastreio com magia e minha mãe treinava-os as magias ilusórias e do dia a dia. Quando descobriram o arcanismo crescendo na segunda mente de Fred, não deram descanso mental a ele, eles treinavam dia e noite batalhas mentais e desafiavam as duas personalidades em embates de raciocínios, como jogar xadrez, por exemplo.

O Capa Vermelha - Livro 1: As Crônicas de IvalinOnde histórias criam vida. Descubra agora