_ Aaaaahhh que delícia de cerveja, isso sim é uma cerveja de verdade. Você está de parabéns, Laizinha. – Berrou Leandro com as bochechas já rosadas.
_ Só Laíz para você. Não me trate como uma qualquer, anão. – Disse a moçoila se segurando para não esbofetear o anão bêbado na mesa.
_ Desculpe se a desrespeitei, Laíz. Não foi a minha intenção. – Respondeu Leandro, sinceramente. O anão observava a moça que era da altura dele, mais ou menos um metro e sessenta e cinco. Cabelos de mel e olhos de castanha, corpo generoso, nortenha com sotaque bastante distinto e rosto de foca. A moça tinha uma beleza exótica, mas que ainda assim seria considerada bonita. Ela intimidava com sua atitude brava.
Leandro marchava com suas tropas já há alguns dias para o norte, partindo de Danvias com destino à Jutelu. Tanto ele quanto seus irmãos de ferro estavam cansados e famintos, Leandro considerou uma sorte tremenda terem achado uma taberna perto da estrada para descansarem e comerem. A dona do lugar, a mulher que não aparentava nem vinte anos, recebeu-os com desconfiança e aceitou receber apenas os oficiais dentro da pequena choupana.
O anão tinha ordens de ataque à cidade do Rei Touro, e isso seria uma tarefa bastante árdua. Mas nada se comparava ao que estava fazendo ali, o Lobo pessoalmente pediu para que o anão recrutasse a mulher. "Faça parecer uma tremenda coincidência" lembrou alguém dizendo. Parecia ter funcionado, a moça não fazia ideia que tropas sulistas passariam por ali, portanto, agora restava apenas se livrar do pingente de lobo e partir norte.
_ Escute-me. Você e seus amiguinhos acharam que poderiam vir aqui e saquear minha taverna? Achou errado, voltário. – A moça bufava com o rosto vermelho e mãos apertadas.
_ Não viemos saquear nada. Somos Lobos, veja. – Disse o anão ostentando a pulseira com a cabeça do lobo fundida ao metal torcido numa trança em volta do pulso musculoso do anão.
_ Lobos, touros e aranhas. São tudo a mesma coisa. Trabalho muito aqui e vem sempre aqui um bando de hominhos vestindo metal e achando que podem levar o que quiser. Pois saiba anão, muitos tentam, mas ninguém me passa para trás. – A taverneira trajava roupas elegantes e excepcionalmente limpas.
_ Trabalho este que merece ser recompensado. – Leandro largou um punhado de lascas de ouro em cima do balcão. As lascas brilharam nos olhos da mocinha que o encarou de volta.
_ Bom, se vão pagar adiantado, creio não serem pessoas tão más assim.
_ Temos ordens de eliminar bandidos e criaturas perigosas nas regiões que passamos. Como eu disse, somos Lobos, ajudamos pessoas comuns pois somos pessoas comuns. – Leandro acreditou ter finalmente laçado a confiança da moça.
_ Hum, esperem aqui. – Laíz saiu por uma porta aos fundos do balcão. Leandro olhou para seus companheiros capitães, Edivandro e Lucena.
A taverneira voltou com roupas diferentes do qual vestia minutos atrás trazendo consigo um livro e uma capa amarela brilhante esvoaçando às costas.
_ Por favor, escolham o que vão beber. – Disse a capa amarela.
_ Estamos bebendo. – Leandro e seus companheiros ergueram as canecas com os rostos confusos.
_ Não, não. Vou explicar como as coisas funcionam por aqui. Sou uma capa amarela especializada na vida boemia e em tornar a vida mais gostosa. Faço bebidas mágicas, diferente das poções dos capas verdes, não. O que eu faço é único, eu removo lembranças felizes das pessoas e as estoco em cristais de magia, destilo o sentimento de alegria que ela sentiu no momento da lembrança e enfeitiço as bebidas com esses sentimentos. Possuo uma gama enorme de sentimentos que podem ser escolhidas neste cardápio. Ah, sim. Ganhei os prêmios de melhor cervejeira do norte por sete anos consecutivos. Até ganharia o oitavo ano, mas me proibiram de participar, pois seria injusto com os demais candidatos, portanto, minhas bebidas também são as melhores que encontrarão em toda Ivalin. – Laíz exibia um sorriso meigo estampado no rosto.
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O Capa Vermelha - Livro 1: As Crônicas de Ivalin
FantasíaIvalin é um mundo mágico e problemático. Diversas raças coexistem em uma simbiose caótica onde guerras são travadas com magia e ferro. Quando novos rumos são tomados em um dos reinos dos humanos que parece ser prejudicial a todos, uma guerra eclode...